O QUE É " UM HERÓI"?

Uma pergunta antiga. Então, vai diferente: Quem conhece um herói de verdade? Eu conheci. O Adão. Quase um século se vivesse ainda.Deixou uma história difícil de resumir, vou tentar. Criado por ricos parentes como parente pobre, teve que se virar pra marcar seus gols. Ajudante de açougueiro, pegou a profissão. Lutava boxe, integrava a turma das regatas no Rio Uruguai, homem lindo de morrer e fortão tinha muitas fãs. Apaixonou-se por Zoé de La Vega, parente do Zorro, e a família convidou-o a casar com ela - a Zoé, a mais linda da cidade - teve que atravessar o Uruguai de barco para casar em Passo de Los Libres - cidade argentina - pois sete noivas estavam em frente ao cartório, esperando para tirar a pele dele. Começou nova fase, açougueiro assalariado, fazia uns bicos de pedreiro-virador-de-massa, na época da 2ª Guerra, ele construiu a Ponte Internacional Brasil x Argentina, em Uruguaiana. Em quatro anos, 3 filhos. Precisava de mais trabalho. Montou uma oficina de conserto de rádios que em seguida virou loja de rádios, lâmpadas, bicicletas. Tinha espaço, no terreno que comprou na esquina da 15 com Julio de Castilhos, diagonal com a Vila Militar. Distribuía carne na Vila,para coronéis e generais, atendimento de 1ª, toda cidade comprava carne do Bellagamba.  Também aproveitou o terreno para montar uma outra oficina, dessa vez, de  chapeamento e pintura de carros. À noite, instalava microfones nos comícios, o horário político da época, muito mais interessante que o de hoje na TV. E a filharada trabalhando junto - até hoje não entendo como o Adão fazia tudo isso,ERA TUDO NA MESMA ÉPOCA! o dia dele tinha mais horas...Aí vai a foto de um trabalho: "LA MARIMBA" -à noie, uma apresentação, microfone e aparelhos de som- à bateria! - do Adão ( a Zoé e filha mais velha acompanhavam...Data? Arrisquem: analisem as roupas...o Adão está de terno branco, camisa e lenço pretos. A filha mais velha e a Zoé à mesa.

Criou "A Voz da Fronteira", no início, uma Modelo A, camionetinha, depois uma Kombi - vai a foto aí, e nas ruas eram os melhores locutores da cidade a fazer propaganda das Pernambucanas, Jaraguá, e tudo que havia na cidade.

                                          ( Minha irmã Sonia, a preferida)
Aniversário ou de qualquer data era motivo de festa, e tinha roda de samba com os Fuzileiros cariocas, serestas com o grupo Serenata- violinos e tudo - gauchadas com gaita e churrasco . E vinham mais filhos. E mais namoradas, escondido da Zoé. O Açougueiro comprou a firma em que trabalhava. 24 postos de carne na cidade. Muitos empregados, muitos caminhões para distribuir carne, o homem tinha uma visão de comércio e sabia comprar um boi, só no olho dizia quantos quilos pesava o bichinho. Tirava o talão de cheques e pagava ali mesmo, antes de levar a tropa para abate. Final de ano eram 500 cordeiros só pro Natal. E nas festas da MUC os empregados tinham churrasco, bebidas, doces, presentes pra toda a família e ganhavam cestas de alimentos. 

Os netos já faziam bagunça...

A MUC - Marchanteria Uruguaianense de Carnes Ltda - ele,a Sonia, o José Pedro, o Candido ( filhos e sócios) - mais 5 oficiais - Gladis, Zora, Vera, Olavo, Gina e Adão e 2 da outra. Década de 70 o Adão inaugurou o Supermercado Bellagamba - o Corujão da Cidade - abria às 6 da manhã e fechava meia-noite - já era proprietário rural e muitos imóveis na city.
Os 9 filhos da Zoé e do Adão andam por aí, lindos, famílias lindas, mas nem perto do HERÓI que conheci.Um único defeito: mulherengo. Afinal, ninguém é perfeito. 57 mulheres, escondido da Zoé, ela,sempre apaixonada! 
Tem muita história ainda, depois eu conto... Hoje é o dia de um HERÓI de verdade.
 Que homem trabalhador!Exemplo de garra! Fascinante! Alegre!Temperamental e instável - como todos os heróis.
                                                         Hoje, só conhecemos super-heróis de mentirinha. O meu HERÓI é de verdade.E o amor é eterno.
                                               MEU PAI, MEU HERÓI!

                       Até parece o coronel, festinha na casa do Adão e da Zoé, ele de BEM AMADO...
                             26 DE JULHO - FERIADO EM URUGUAIANA, coincidência...
                   

A MELHOR IDADE

A Mirinha apareceu. Me ligou pra contar da Amy. Ela gosta de música, a Mirinha. Só que está na casa do filho e ele & flia. curtem programas/músicas/comidas/TV/passeios diferentes. A Mirinha me deixa com os cabelos em pé. Agora quer entrar para a turma da Nissey ( Nissey é uma rede de farmácias de Curitiba que tem um programa para os velhos). Diz que é o Grupo da Melhor Idade. Segundo Mirinha, a melhor idade pra sentir dor, pra se cansar, pra tomar remédios, pra não comer nem fazer sexo. E eu presa no telefone, o pessoal já vai chegar para o almoço de domingo e ela falando que não pode comer porco, incha os lábios, nem pimenta, ai as hemorróidas...De presente, ganha bombons, chá ou meias de lã, chinelos ou casaquinhos de linha - presente de velho! Chega na missa e já arranjam um lugar pra ela, nem escolhe - as vovós sentam alí, bem pertinho da hóstia. No mercado, o rapaz puxa o carrinho pra ela, será que acha que ela nem tem mais força pra isso? Se vem alguém, muda de direção pra não atropelar a velha. No caixa, ouviu bem o homem dizer " por que ela não vai pra fila dos idosos?" Na loja, trazem cada roupa mais ridícula, parece de filme da década de 50, lãzinha, sapatinho Usaflex, nenhum jeans com borboletas brilhantes, ou básicas de tigresa. Langerie: pegou um soutiem com florzinhas e rendas, como sempre gostou, delicado, lindo - a vendedora: "Qual o tamanho de sua neta? Chegaram outras novidades."E o filho tem a  mania de não querer pagar estacionamento. Deixa o carro lá longe. Nessa hora, se esquece que a "véia" caminha mais devagar...Mas em casa vive dizendo pra ela não se cansar...
Quem cansou fui eu: "Mirinha, meu pessoal chegou. Tchau. Depois te ligo." Ainda ouvi um " Viste? nem tu queres me ouvir".
É brabo ouvir as lamúrias da Mirinha. Como se ninguém soubesse como é.

Conclusão: Que m... ficar velha!
 Ainda bem que a Amy morreu com 27.
PS.: A Marilyn também morreu com 36 anos. Não ficou velha.
Mas Liz Taylor foi aos 80...ainda tens esperança, Mirinha. E vais à excursão da Nissey? Quem sabe...

AMY

Não há lugar na terra para anjos. Será? Penso que anjos precisam de outros alimentos que não o pão nosso de cada dia. Anjos são diferentes: alimentam-se de inspiração. Não conseguem discernir entre corpo e alma. Sabem apenas que precisam botar pra fora uma coisa que ferve no sangue, no cérebro, nos dedos... E que tem que sair de um jeito, som, cor, gesto, palavra...O comum mortal não entende. Por que Emy Whinehouse morreu? Porque faltou o alimento principal: a ligação com este Planeta Terra. A artista, compositora, cantora - e com certeza a voz mais completa deste século - não encontrou o elo. Desde sempre. Nasceu para brilhar, a estrela. Coisa explicada: artistas são anjos que vem deixar a vida mais importante, emotiva, colorida, triste, feliz, brega, chic, sacudida, entediada, a vida às vezes chata. Chega um momento em que falta a ligação, falta o alimento. É a busca de algo, quem sabe  álcool, droga, sexo, rock'n rool. Mas não encontra. Falta AMOR.  O mundo desprovido do Amor. E a inspiração precisa do Amor. Tantos se foram assim... Amy se foi. Jovem.Ainda bem que se foi jovem. Cristalizou-se. Escolheu o fim. Para sempre jovem. Não importa quanta droga, tem tanto drogado por aí se passando por bonzinho...Ela foi autêntica. A voz calou. Jovem. Um desperdício? Não. Uma escolha de Amy. Não precisa de nenhuma explicação.
Amy morreu. Não. Amy não morreu. Voltou à condição de anjo.

DIA DO AMIGO

É considerado uma coisa comercial, isso de dia disso, dia daquilo. Dias atrás me topei com o DIA DO HOMEM. Gostei. Se tem DIA DA MULHER... DIA DA CRIANÇA...DIA DA VÓ ( não tem DIA DO VÔ- falha). DIA DA SOGRA ( não tem DIA DO SOGRO). Tem dia pra tudo, ainda acho que o DIA DA SECRETÁRIA deve ser o que dá muito lucro às joalherias...mas também tem falha, não vi o DIA DO SECRETÁRIO - grande esquecimento, pois as mulheres já são tão chefes que deve ter muitos por aí esperando tão preciosa data: relógios?celulares?leptops?apartamentos?carros? depende tudo de quanto ganha a poderosa chefe( não existe CHEFA, embora a Dilma se denomine PRESIDENTA - que também não existe).
Mas o DIA DO AMIGO ( se está no masculino, subentende-se também no feminino, O ou A) me parece muito apropriado e que ainda não se comercializou - AINDA. Então: um abraço, um telefonema, uma mensagem de celular, um e-mail, um comentário no facebook ou uma postagem no orkut - tudo vale. Coisa de sinceridade, de fidelidade, de amor, mesmo. De remexer lá no fundo da memória do coração, tirar do arquivo, da agenda, dos contatos, ou apenas pensar em... em quanta gente existe por aí que merece esse dia, e por "falta de tempo" - aquele tempo que gastamos na academia, ou no jardim, ou no trânsito - mas não gastamos para levantar o fone...
Alguém me ligou hoje, meio-dia, pleno almoço,"alguém atende, please",  eu fritando bife,todos apressados,  filhas e neto arrodiando. Parou tudo, e ficamos todos tão felizes...Uma amiga de longe, no RS - Cassinão - que viu na TV que era dia de amigo,o bife torrou, o arroz queimou, mas ninguém deu bola. Amigo não tem hora: ligou, falamos todos e como foi bom e como ficamos felizes.

                                            Nosso almoço teve gosto de saudade.
            E apenas "pessoas infelizes não sentem saudades". Como somos felizes.  

GOTAS DE ÁCIDO

Fui surpreendida com uma mensagem na minha caixa de entrada. Tenho lido muito poucas, ando enrolada numa nova vida que ainda não entendo, mas o título era atrativo: "A realidade de Rio Grande", a cidade onde morei por alguns anos - na verdade, morei foi no Cassino. Pois bem, sem muita vontade, comecei a ler. O blogueiro começava dizendo que participaria de troca de imagens, de  fotos, com outros de outras cidades, para ver o que há de bonito. Mas o que fez foi denunciar as áreas mais sujas, mais abandonadas da cidade que aprendi a amar e respeitar por toda uma História. É de chorar: como ele mesmo postou, pior que a Etiópia, imagens que pareciam do interior da Somália, lixo, gente vivendo e comendo lixo, saneamento básico nenhum, fios de alta tensão passando por dentro de bairros, animais esquálidos, fiquei boba! Sei que isso existe, há anos minha filha trabalhou no censo do IBGE e me contava de crianças sem dedos, orelhas, pedaços comidos pelos ratos, em bairros muito pobres, gente que nunca tinho ido à Praça Tamandaré nem conhecia o mar, meu imenso e maravilhoso mar do Cassino. Tá. E daí? Daí que o autor foi trucidado por muita gente, crucificado, chamado de recalcado, parecia que estava fazendo uma coisa horrível. Não conheço nem o Eduardo nem o Marcio, mas tem muita gente que não gosta deles. Que importa o autor quando a obra é muito, mas muito importante para a humanidade? Mas apareceu muito mais gente pra dar apoio e, como eu, defender o direito da liberdade de expressão, estamos na DEMOCRACIA, meus amigos! Só quem passou por censura total na DITA-DURA, é capaz de dar valor a existência desta ferramenta: O BLOG! Livre da politicagem que comanda a mídia poderosa. Direito de falar, de reclamar, de discordar...Parabéns ao Gotas de Ácido!Às vezes,um choque faz a gente acordar. Acorda, Rio Grande!Acima, coloquei apenas duas fotos que colei dele: A cidade mais progressista do RS precisa de mais cuidado. Parabéns pelo BLOG.
O texto é de Eduardo Bozzeti e as fotos são de Marcio Babaun

THE FIRST

THE FIRST. Foi assim desde antes que os dois guris nasceram. Ela foi e será sempre A PRIMEIRA. Para toda minha pequena amada grande família, e também para a grande e espalhada família, não foi só um sopro de felicidade, foi um tornado, um ciclone. A minha THE FIRST tem uma marca histórica.
Começa no September Eleven. Isso mesmo, no onze de setembro de 2001, a data que será sempre recordada como o maior susto dos Estados Unidos e a perplexidade de como todos somos vulneráveis, que a qualquer hora um avião pode entrar pela nossa janela. E que tem isso a ver? Seguinte: meu filhão e minha norinha estavam morando lá, nos States, em New Haven, pertinho de New York,fazendo pósdoc na Yale. E segundo as estátísticas e as histórias, o onze de setembro de 2001 mexeu com todo mundo, foi uma explosão de aviões e de sentimentos, e depois de nove meses foi uma explosão de bebês. Os psicólogos etc explicaram que a sensação de finitude aproximou - e como - os casais. Ficaram em casa, o terrorismo, um monstro, lá fora... A família teve um novo significado, as pessoas ficaram mais tempo em casa. E dá-lhe agarramento...
Eu aqui, num "Brazil" que só os próprios brasileiros querem explodir, em pleno novembro de 2001, já desconfiava que uma bomba de felicidade estava a explodir. E isso aconteceu no Natal de 2001, no Cassino, a sogra da minha nora e cunhadas e a sogra do meu filho recebemos a notícia: TEM NENÊ NA PARADA! As sogras - que antes de serem sogras, são mães - ganharam passagens para visitar nora e genro -que são filho e filha, antes-  quando nascesse o menino ou menina nos States. Em 6 de julho de 2002, nasceu, Connecticut, New Haven. E fui. E chorei ao ver aquela pessoa. MINHA NETA! 

LUISA - THE FIRST. Uma festa na família, principalmente na minha pequena amada grande. Éramos 5, depois ficamos em quatro, agora já éramos 6.Depois vieram mais.
E que guria que mudou nossa vida!O mundo ficou imenso e colorido, o Natal, a Páscoa, novos significados.  Por isso eu digo que THE FIRST foi e é a renovação, a esperança, a alegria, 6 de julho de 2002, a explosão da inspiração para esta nova fase de minha vida.  

                       6 de julho de 2011 - SALUTE! Sabe bem do que a vovó gosta!!!
(Este é o brinde que ela fez para esta grandmother coruja e orgulhosa!)  HAPPY BIRTHDAY, THE FIRST!

FUCA OU FUSCA?

Fuca, pra mim, desde pequena. O primeiro carro de meu marido foi um FUCA 67 bege, que foi comprado de uma senhora muito chic e rica e que nem andava no fuca, pois tinha um Dodge D'art(era assim?) com chaufeur("chaufer" é motorista, pra quem não fala francês ou não é antigo). Então, o fuca era bem novinho, nós morávamos no Edifício Dr Maia,na Tiradentes, com um posto Ipiranga na esquina com Gal. Câmara, explico assim porque o novo velho fuca ficava no posto e o senhor meu marido passava a noite levantando toda hora, quem sabe alguém ia roubar a preciosidade...Eu fiquei traumatizada com o fuca. E colocada em espera a cada barulho lá na rua...Menos mal que num acidente com meu cunhado ( cunhado nem é parente!) o fuca se destroçou e tivemos que comprar outro carro, dessa vez uma Variant ( que progresso!). Passados alguns anos, quem tinha fuca ou era professora ou solteirona ou as duas coisas, alguns PT que podiam comprar carro ( não é discriminação, é que na época não tinha nenhum no governo), e depois o fuca virou lembrança ou peça de colecionador. Até chegar o Itamar. Todo mundo diz que vice não é nada - a real diz que é: O Sarney era vice; virou Presidente. O Itamar era vice;também virou presidente. Até o Michel está de olho na Dilma - será?. Mas o que isso tem a ver?
É que  o Itamar fez uma coisa fantástica, o renascimento do FUSCA. Agora ficou FUSCA.
E eu me lembro do Fusca, do TOPETE e do vice que virou Presidente. Morreu sábado, a mídia fala todo dia, todo mundo faz homenagem, vão ao velório para pegar carona nos noticiários, um montão de gente que falava mal dele, mesmo sem motivo. Impeachment: Pintamos a cara para a saída do Charmoso Presidente das  Alagoas porque ele comprou um carro com a grana do Brasil. Bom pra ficar o Itamar - que era o vice.  Minha vó Marica dizia: "Depois que morre, todo mundo fica bom". Nem a sem-calcinha é citada, aquela que deu um beijo nele em plena Sapucaí. Não fica bem. E até nem tem escândalo de corrupção com o Itamar. Um homem de bem.  

Mas o FUSCA tem que lembrar. O Itamar  me marcou com o Real e com o Fusca. Até hoje sou traumatizada. E ainda é FUCA pra mim. Só pra ilustrar, alguém me mandou uma coisa assustadora: a presença do FUCA na vida do Brasileiro: 

Foi, sem dúvida, preferência nacional. Essa foto deve ser de antes de 1970.Tinha razão, o Topete, quando depois de 90 ressuscitou o carrinho com motor atrás. E, com certeza, a História vai honrar Itamar, mais que os políticos de plantão.

  

MOÇO BONITO

Empada Brasil. Pra quem já comeu, sabe como é boa, a de carne seca, nem se fala! Ainda mais quando um moço bonito, bonito senta ao meu lado e também pede uma. Com direito à colherinha e no pirezinho de madeira com uma conchinha no meio. Eu olhei bem pra mocinha-que-estava-atendendo, ela me devolveu o olhar, nós duas meio abobadas com todo aquele monumento... Nem consegui comer a minha. Fiquei em pose de estátua, até o  Moço Bonito terminar a empada dele, pagar e ir embora. Só então pude falar pra mocinha-que-estava-atendendo: "Será que estou ficando tarada? Tive um acesso de abobadice, que coisa mais linda, que coisa mais rara..."
- Não senhora - falou a mocinha-que-estava-atendendo- não é toda hora que se vê um homem como esse. E ele sabe, lá vem ele, desfilando pra enfeitar essa fria noite...
O Moço Bonito passou, depois contamos dezessete homens feios até aparecer um outro, menos belo, pois tinha uma bola no nariz...
É... Homens bonitos estão escasseando...
Recomeçamos a contagem. Valeu a brincadeira, final de noite, movimento fraco, nem sei quantas empadas comi, enquanto o Moço Bonito lia um jornal, bem na minha frente. Mas valeu a pena. UM bonito.

E como tem gente feia no mundo! E como tem gente que não tem o que fazer, e ainda escreve sobre... Amanhã tem mais empada.

OPSSS! Chegou mais um moço. Agora são dois.

FEIJÃO COM COUVE

Ontem foi um dia diferente com rotina diferente - dã, se foi diferente, nem teria rotina, óbvio!
A Mirinha de novo me liga para perguntar que comida se faz para receber pessoas de Curitiba, uma delas vindo de Brasília, trabalha no Delta da Parnaíba. Primeira pergunta: É do governo? Dependendo, se for da ala corrupta, nem abre a porta, essa coisa de corrupção é contagiosa, te cuida, Mirinha. Mas não era corrupta. Era uma amiga dos tempos da faculdade das filhas, e a outra moça de família também. Coisa antiga, essa " moça de família", minha sogra dizia essas coisas, meu pai também, somos todos os mesmos e vivemos como nossos pais, e, principalmente, dizemos as mesmas coisas, como se as outras moças não fossem de família. Fizemos vários cardápios(...) Dias frios, junho terminou, estamos na metade do ano, Sete de Setembro, Dia das Crianças pra quem tem criança na família, Califórnia pra quem vive em Uruguaiana, Dia de Finados pra quem já morreu, Natal e se foi o ano. Isso dizia o Antonio Souza, em janeiro,  um radialista da Charrua ( também já morreu).
Voltando ao almoço: Tem coisa mais brasileira que atende norte-sul-leste-oeste, principalmente no inverno? Aquele feijão com bacon, paio, porco, linguiça, costela, feijão bem preto, sem discriminação. E couve, orgânica, já cortadinha, refogada com calabresa. Arroz branco. Um picadinho de carne com creme de leite e batata palha bem fininha - pode que a pessoa não goste de feijão, existe gente excêntrica. Sobremesa chocolate e pé-de-moleque e café preto. Coca-cola, suco ligth e água ( água está na moda).
E foi um sucesso. Ainda branquearam o feijão com farinha de mandioca.
A Mirinha ficou tri-feliz. Só que nem deu tempo de comerem pé-de-moleque. As visitas tiveram que ir a um velório ou enterro de uma amiga de uma amiga.
Um dia sem rotina pra Mirinha. Mas que fiquei com água na boca, pensando. Não no velório, nem no pé-de-molque - não gosto de coisa dura ( nesta fase da vida, é difícil - tem as próteses - nem pensem o que estão pensando...) mas lembrando de feijão com couve. Acho que amanhã aqui no meu apê vai ter. Não convido a Mirinha, ela me deixou de fora, eu queria conhecer a amiga que veio de Brasília...FEIJÃO PRETO! Com bastante alho, pimenta, e gomos de laranja...E vou aproveitar uns camarões, uns filezinhos de peixe, ainda do Cassinão, apenas para tira-gosto, que a cerveja também precisa de acompanhamento. MIRINHA: MORRA DE INVEJA!!!

TROCAR DE ROUPA NA SALA

" A janela do quarto estava parcialmente aberta, do apê da frente alguém poderia estar olhando. Peguei as roupas espalhadas no chão e levei a trouxa para a sala. Ali, tudo estava fechado. Eu podia acender a luz, ligar a TV, tirar o blusão imenso de cima da camisola, a porta bem quietinha numa penumbra quebrada pela luz da tela da TV, um príncipe da Dinamarca queria casar com uma plebéia, tão bonitinho...O amor é lindo, eram amassos, beijos, fiquei até arrepiada...  Vesti as calças, botar tudo isso, ainda bem que não tem ninguém em casa, meias e botas, o sutiã, a blusa, o casaco grosso, inverno, muita roupa para agasalhar, lá fora está meio chuvento. Como é fácil tirar a roupa, na noite anterior foi um vaptvupt. Agora, preciso me apressar, daqui a pouco, ele entra, como um furacão, se joga em cima de mim como um urso, ou um gorila, e diz: te amo, vovó."
A Mirinha me contou tudo isso por telefone. Foi na noite anterior ficar com o neto,na casa da filha, chuva e frio, na manhã seguinte cuidou do guri, à tarde ele foi pra escolinha, e ela ficou lá. Ficamos as duas lembrando da situação: vestir-se rapidamente depois de um encontro amoroso furtivo com um namorado, escondendo-se de pais ou outras pessoas, era muito perigoso, mas era bom! - e agora...vestir-se depois de passar uma noite cuidando do neto...
" Estamos em outra era, ou outra galáxia?"
Não, Mirinha, estamos em situação de nova utilidade, assim como o BomBril...Prazeres diferentes...
Vou te dizer algo que copiei da minha AgendArte:
 "Fecundada pela palavra avó,fiquei irremediavelmente grávida de meus netos." 
                         Ainda bem que temos alguma serventia... (Que antigo, isso)

(Lembras? Foi numa daquelas tiradas de roupas...Viu no que deu?E faz tempo!)