MINHA VIDA É UM PALCO

MINHA VIDA É UM PALCO
Somos como atores neste palco que é o mundo, as cenas são os dias e noites, e o roteiro quem escreve é a VIDA!A vida depois dos 60. É começar novo, novos horizontes, um mundo diferente e muito mais LEVE! A gente está sempre começando, sempre aprendendo...E aos 60 anos, a gente nasce de novo! A minha Infância da Maturidade! COMO SERÁ NOS 70?Na minha ADOLESCÊNCIA da Maturidade...CHEGUEI! Cheguei chegando imaginando a vida toda...70 ANOS! BÓRA LÁ QUE A VIDA TÁ PASSANDO!!!E até uma PANDEMIA!Nunca pensei ...De repente, ficar presa em casa, sozinha. Se sair, o CORONA VÍRUS pega. Horrível todo mundo sem se tocar.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

DELATOR É TRAIDOR



Quando a pessoa vê as coisas erradas e concorda, é CÚMPLICE! 

Depois de algum tempo, fica assim:
- Se eu contar, vão me enquadrar.
E fica quieto.
 Quando descobrem a safadeza, ele vai lá, com a maior cara de pau, e diz:
- Fizeram...ELES fizeram...

Tipo assim: Ou eu NÃO CONCORDO com a safadeza e durmo BEM, ou...
CALADA!!! - Como diria Chico Anísio...

Agora está uma vergonha, as pessoas se vendem.
E fica uma coisa esquisita... 
"Se eu contar, vou me livrar"...
Isso, se alguém descobrir as sacanagens que eu fiz...

Quem TRAI uma vez, TRAI sempre...Sem-vergonha eternamente.

Por isso, nunca aceitei desculpa de namorado:
- "Foi sem querer..." Isso não existe!

Essa coisa de delação premiada é coisa de traição premiada. 
Nossos jovens estão aprendendo: Quem trai, ganha todas.

Então, vamos roubar tudo! Depois, a gente entrega os cúmplices e...tudo bem.

MAS QUE TAL ESSA! 


Traidor TRAI SEMPRE!
Safado, cachorro, semvergonha, tem que MORRER!



sexta-feira, 12 de junho de 2015

DIA DOS NAMORADOS






Quase oito da noite, Mirinha me liga. Chorosa, tristinha, muito raro ver minha amiga assim. 
- Bella, vamos sair, nós duas?
- Amiga, hoje não dá, tenho que ficar com os netos, os filhos vão sair, programa de namorados.
Foi uma choradeira. Mirinha começou a ladainha, eu já pronta pra receber os netinhos...
- Bella, estes lábios estão murchando, ninguém quer. Estes peitinhos tão cuidadinhos...ninguém quer...Estas coxinhas de miss...ninguém quer...Esta bundinha fruta...ninguém quer...
Lembrei da Baixinha, que falava assim quando estava na falta, lá em Uruguaiana. Mas antes que Mirinha falasse nas outras partes, já fui cortando o assunto:
- Chega, Mirinha. Parece uma tarada sexual...Deixa a gurizada curtir o dia. Vai beber, vai, afoga tuas mágoas e me deixa, ainda vou pedir comida comida chinesa, netinhos AMAM!!!
Desligou. Furiosa, só pode...
Nem dois minutos, lá veio ela de novo:
- Quer saber? Vou pro Bar do Tatu, festejar. Economizei uma baita grana, não precisei comprar presente. Amanhã dou um jeito.
Mirinha é assim, já falei isso antes. Ela sempre encontra um motivo pra sair bem na foto. E eu aqui, de chambre, pantufas e com um filme do Thor. Cheia de netinhos. Este amor é incondicional, viste, Mirinha?

quarta-feira, 10 de junho de 2015

SEXYSSAGENÁRIA

( Eu aqui, preocupada com meu discurso na UAM, responsabilidade gigantesca...Mirinha chegou a mil...Parei com tudo e resolvi esclarecer uma coisa) 


Todos estranhamos a Mirinha nunca mais falar em voltar para Manila. 
Eu cometi um baita erro; perguntei direto pra minha amiguinha:
- Mirinha, Filipinas nunca mais? E o Ramón? Todo mundo quer saber!
Ela mandou-me ligar o gravador do celular. Iria repetir tudo que falou para a Rosane, a psicóloga.Fez mais; reproduziu a própria gravação, a sessão de segunda, a Rosane é mais doida que Mirinha, manda gravar tudo e depois analisa, ou fica tonta, acho que bebe...Fiquei toda ouvidos, como dizia Machado de Assis.
Começou assim, com uma citação de Arnaldinho(como ela chama o Jabor):

"Eu quero ser uma paisagem que quer ser decifrada pelas mãos e bocas dos exploradores."

- Para um pouco, Mirinha - eu estava perdida - isso é tua análise com a psicóloga? Mais parece crônica erótica...
- É, Bella. Não me interrompe, preciso me ouvir para saber se tudo que falei tem sentido, se esqueci algum detalhe.
Mirinha tornou a ligar o gravador.A voz dela era límpida, muito clara, Rosane em silêncio, como tudo que é psicóloga, a gente paga pra falar. 
Taí, direto da Mirinha:
- Não quero amor, quero desejo. Não só afeto, quero pegada, mãos percorrendo entradas e saídas. Selinho é beijinho de criança, quero saber de língua circulando meu novo implante ou, quem sabe, um piercing na língua e um no umbigo. O corpo responde, confirmei a primeira vez que o Ramón - mi argentino -  se encostou em mim e um volume estufou suas calças. Achei aquilo o máximo. Acordei o bicho. Por isso fiquei tanto tempo nas Filipinas, com ele e a família dele. Até o Ramón entrar na rotina de casado. Queria casamento e eu, movimento. Ramón é muito família, filhos, netos, sobrinhos, problemas, a mesma história que já vivi. Um saco. Vazio e murcho. Trabalho, escola, comida, sono. Cama, louça, café, dorme. Eu, louca por um barzinho.Quase morri de saudade do Bar do Tatu, do pagode e espetinho, da hidro e dos bailes no Água Verde e no D.Pedro. Ramón queria casar. Meu negócio, agora, é ficar. Lavar cuecas, nunca mais. Bafo de manhã?Horário?  Um dia, Ramón se encostou em mim, calças folgadas de algodão amarradas com cordão, bem das Filipinas,  e foi aquela coisa mole. Deu pra mim. Fui. Partiu Brasil. 
Não pensa que eu vou sair por aí, largada. Mas é dando que se recebe.Diz na Bíblia. 
O Jorjão está recebendo um amigo português, do Porto, seis ponto oito, diz-que se separou da mulher porque ela esfriou. Joaquim. Amanhã chega. Só quero ver. Bem na foto. Nunca se sabe. Vamos ver o material. 

Desligado o  gravador, Mirinha pensativa, arrematou:
- Faltei contar pra Rosane da choradeira de despedida. Pobre do Ramón, mil promessas, mas a gente não muda homem. Ele é assim, tadinho. Homem não muda jamais, então, muda de homem.   
                                               .  .  .
Pra quem me pergunta pelo Ramón, está em Manila. Por que Mirinha se veio das Filipinas? Respondido. Ela só quer ficar. E sempre no agito.
             Ela bem que se define: "Sou uma sexagenária SEXY!" 
                                    Tenho ciúme da Mirinha.






FATIAS DO TEMPO 4 - RELIGIÃO É PAIXÃO



A minha Fatia de Tempo de hoje tem muitas mordidas. Falar de religião não é fácil, mas contar histórias tem a licença da Literatura, onde tudo é liberado. 
Pois Religião é emoção, é sentimento, crença, fé; não se explica, é e ponto. Se fosse ciência tinha vida concreta. Não é, não tem. E tem gente que briga e mata em nome da religião. Hoje, século XXI, Terceiro Milênio - nunca pensei chegar aqui - 2015 no Ocidente, Calendário Cristão (religião?), ouvi uma notícia na BandNews: 
"Crentes de tal igreja ficaram toda noite cantando ofensas em frente a um Candomblé, a Mãe Fulana ficou tão nervosa que teve um infarto e morreu. Os centros de todo o Brasil se movimentam e fazem culto em protesto. Isso nunca aconteceu neste país em que as religiões convivem harmoniosamente."
Engano seu, meu caro repórter.Harmonia, utopia!
Religião é militância da alma. Mais forte que partido político. 

- Eu devia  ter uns sete anos de idade. A irmã Elizabete passava em minha casa e eu saía toda feliz com ela e mais outras crianças que se somavam no trajeto rumo à Grutinha de Nossa Senhora de Lourdes, onde rezávamos o terço. Sempre, ao passar pelo terreiro da Dona Candoca,  a irmã Elizabete nos dizia:
"Joguem pedras nesse lugar do demônio, os "caboclos". E corram, lá dentro é o inferno" - era muito divertido tudo aquilo, pegar as pedras do chão, com o consentimento de um adulto, e correr, ouvindo as ameaças da Dona Candoca. Minha primeira guerra religiosa. 
A primeira mordida na Fatia de Tempo 4. Com direito a recheio de doce, pois minha tia e madrinha era espírita, às noites de segunda, quarta e sexta eu ia com ela ao Centro Espírita Fé, Amor e Caridade, onde eu assistia às reuniões e aos passes, e ajudava na mesa dos trabalhos com flores e água, aventais muito brancos, pessoas que saiam sorrindo. Minha guerra religiosa era pura diversão: católicos, caboclos, espíritas. 

Segunda mordida: Já adolescente, católica praticante de missa domingo - onde na Catedral se encontravam os guris mais lindos da cidade e desfilava-se a moda da época - minhas amigas estudavam na Escola Nossa Senhora do Horto. Eu estudava no Colégio União, escola protestante, Metodista. E sempre ouvia das minhas colegas católicas, o que as freiras diziam: "Nos porões do Colégio União está cheio de diabos. Por isso quem estuda no  União entra burro e sai ladrão". Não me lembro da resposta dos filhos dos diabos, na nossa idade era tudo festa, mas sempre tinha alguém que se ofendia e muitas vezes deu briga de tapas sem beijos. O único diabo que eu vi foi o chefe da disciplina, que nos deixava de castigo. Católicos e Protestantes. 




Pelos quinze, a gente era comunista. O bonito da idade era não ter religião. Estudávamos que o homem vem do macaco. Deus era invenção.Jesus era marketing.  Paz e amor.Anos Dourados. Apenas mordidas de prazer.  


Guerra Santa. Parecia tão longe. Minha amiga judia, a Sofia, contava os horrores da guerra. Os pais proibiam a amizade com quem não fosse da religião. Comecei a entender. O meu Jesus não era o dela. Começou a ficar sério. Religião separa. 

Terroristas. September Eleven. O mundo assustado. Religião mata.Difícil de engolir essa fatia. 


Parecia tão longe, eles lá nos EUA, no Oriente Médio, na Europa, na Índia, na Sérvia, nós no Brasil, aqui é tudo tão bom, carnaval e futebol... 




Fui a uma reunião de carismáticos,lá na praia, eu já nos meus 50 e muitos tons de existência, e ouvi, juro que ouvi:"Vamos até o mar e apedrejar aquela estátua da Iemanjá, aquilo é uma ofensa à nossa igreja, coisa de Satanás".
Gente culta(?), estudada, colegas de escola, apedrejar Iemanjá?Minha Santinha? Fiquei mole, quase desmaiei, um senhor dizia: "Ela está tomada pelo Espírito!". 
Nada. Eu estava engasgada com aquela fatia azeda, dura, a irracionalidade tomando conta das pessoas, que tempo aquele...

Explodem trens, cafés, degolam frente a camêras de TV e na internet postam todo tipo de intolerância religiosa. Pessoas tomadas de sentimentos vingativos, tudo em nome de um deus que lhes convém. 
Corrupção, violência, inflação, isso pode ser resolvido por uma política séria. Mas quando se mexe com crença e fé... É uma  guerra movida pela paixão, não há argumentos convincentes. Religião  é emoção. Mais: Religião é Paixão. 
Voltamos a ser irracionais. Ou continuamos...
                 Se não fosse bom, ninguém tinha.

Querem comer uma fatia do tempo, hoje? Eu não quero mais.