MINHA VIDA É UM PALCO

MINHA VIDA É UM PALCO
Somos como atores neste palco que é o mundo, as cenas são os dias e noites, e o roteiro quem escreve é a VIDA!A vida depois dos 60. É começar novo, novos horizontes, um mundo diferente e muito mais LEVE! A gente está sempre começando, sempre aprendendo...E aos 60 anos, a gente nasce de novo! A minha Infância da Maturidade! COMO SERÁ NOS 70?Na minha ADOLESCÊNCIA da Maturidade...CHEGUEI! Cheguei chegando imaginando a vida toda...70 ANOS! BÓRA LÁ QUE A VIDA TÁ PASSANDO!!!E até uma PANDEMIA!Nunca pensei ...De repente, ficar presa em casa, sozinha. Se sair, o CORONA VÍRUS pega. Horrível todo mundo sem se tocar.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

FATIAS DO TEMPO 4 - RELIGIÃO É PAIXÃO



A minha Fatia de Tempo de hoje tem muitas mordidas. Falar de religião não é fácil, mas contar histórias tem a licença da Literatura, onde tudo é liberado. 
Pois Religião é emoção, é sentimento, crença, fé; não se explica, é e ponto. Se fosse ciência tinha vida concreta. Não é, não tem. E tem gente que briga e mata em nome da religião. Hoje, século XXI, Terceiro Milênio - nunca pensei chegar aqui - 2015 no Ocidente, Calendário Cristão (religião?), ouvi uma notícia na BandNews: 
"Crentes de tal igreja ficaram toda noite cantando ofensas em frente a um Candomblé, a Mãe Fulana ficou tão nervosa que teve um infarto e morreu. Os centros de todo o Brasil se movimentam e fazem culto em protesto. Isso nunca aconteceu neste país em que as religiões convivem harmoniosamente."
Engano seu, meu caro repórter.Harmonia, utopia!
Religião é militância da alma. Mais forte que partido político. 

- Eu devia  ter uns sete anos de idade. A irmã Elizabete passava em minha casa e eu saía toda feliz com ela e mais outras crianças que se somavam no trajeto rumo à Grutinha de Nossa Senhora de Lourdes, onde rezávamos o terço. Sempre, ao passar pelo terreiro da Dona Candoca,  a irmã Elizabete nos dizia:
"Joguem pedras nesse lugar do demônio, os "caboclos". E corram, lá dentro é o inferno" - era muito divertido tudo aquilo, pegar as pedras do chão, com o consentimento de um adulto, e correr, ouvindo as ameaças da Dona Candoca. Minha primeira guerra religiosa. 
A primeira mordida na Fatia de Tempo 4. Com direito a recheio de doce, pois minha tia e madrinha era espírita, às noites de segunda, quarta e sexta eu ia com ela ao Centro Espírita Fé, Amor e Caridade, onde eu assistia às reuniões e aos passes, e ajudava na mesa dos trabalhos com flores e água, aventais muito brancos, pessoas que saiam sorrindo. Minha guerra religiosa era pura diversão: católicos, caboclos, espíritas. 

Segunda mordida: Já adolescente, católica praticante de missa domingo - onde na Catedral se encontravam os guris mais lindos da cidade e desfilava-se a moda da época - minhas amigas estudavam na Escola Nossa Senhora do Horto. Eu estudava no Colégio União, escola protestante, Metodista. E sempre ouvia das minhas colegas católicas, o que as freiras diziam: "Nos porões do Colégio União está cheio de diabos. Por isso quem estuda no  União entra burro e sai ladrão". Não me lembro da resposta dos filhos dos diabos, na nossa idade era tudo festa, mas sempre tinha alguém que se ofendia e muitas vezes deu briga de tapas sem beijos. O único diabo que eu vi foi o chefe da disciplina, que nos deixava de castigo. Católicos e Protestantes. 




Pelos quinze, a gente era comunista. O bonito da idade era não ter religião. Estudávamos que o homem vem do macaco. Deus era invenção.Jesus era marketing.  Paz e amor.Anos Dourados. Apenas mordidas de prazer.  


Guerra Santa. Parecia tão longe. Minha amiga judia, a Sofia, contava os horrores da guerra. Os pais proibiam a amizade com quem não fosse da religião. Comecei a entender. O meu Jesus não era o dela. Começou a ficar sério. Religião separa. 

Terroristas. September Eleven. O mundo assustado. Religião mata.Difícil de engolir essa fatia. 


Parecia tão longe, eles lá nos EUA, no Oriente Médio, na Europa, na Índia, na Sérvia, nós no Brasil, aqui é tudo tão bom, carnaval e futebol... 




Fui a uma reunião de carismáticos,lá na praia, eu já nos meus 50 e muitos tons de existência, e ouvi, juro que ouvi:"Vamos até o mar e apedrejar aquela estátua da Iemanjá, aquilo é uma ofensa à nossa igreja, coisa de Satanás".
Gente culta(?), estudada, colegas de escola, apedrejar Iemanjá?Minha Santinha? Fiquei mole, quase desmaiei, um senhor dizia: "Ela está tomada pelo Espírito!". 
Nada. Eu estava engasgada com aquela fatia azeda, dura, a irracionalidade tomando conta das pessoas, que tempo aquele...

Explodem trens, cafés, degolam frente a camêras de TV e na internet postam todo tipo de intolerância religiosa. Pessoas tomadas de sentimentos vingativos, tudo em nome de um deus que lhes convém. 
Corrupção, violência, inflação, isso pode ser resolvido por uma política séria. Mas quando se mexe com crença e fé... É uma  guerra movida pela paixão, não há argumentos convincentes. Religião  é emoção. Mais: Religião é Paixão. 
Voltamos a ser irracionais. Ou continuamos...
                 Se não fosse bom, ninguém tinha.

Querem comer uma fatia do tempo, hoje? Eu não quero mais.

  



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