MINHA VIDA É UM PALCO

MINHA VIDA É UM PALCO
Somos como atores neste palco que é o mundo, as cenas são os dias e noites, e o roteiro quem escreve é a VIDA!A vida depois dos 60. É começar novo, novos horizontes, um mundo diferente e muito mais LEVE! A gente está sempre começando, sempre aprendendo...E aos 60 anos, a gente nasce de novo! A minha Infância da Maturidade! COMO SERÁ NOS 70?Na minha ADOLESCÊNCIA da Maturidade...CHEGUEI! Cheguei chegando imaginando a vida toda...70 ANOS! BÓRA LÁ QUE A VIDA TÁ PASSANDO!!!E até uma PANDEMIA!Nunca pensei ...De repente, ficar presa em casa, sozinha. Se sair, o CORONA VÍRUS pega. Horrível todo mundo sem se tocar.

sexta-feira, 30 de março de 2012

HOJE É SEXTA-FEIRA - SAWABONA,SHIKOBA

SEXTA-FEIRA!O dia tão esperado! Dizem que Deus fez o mundo na sexta-feira, os outros dias foram só pra mostrar a diferença.Então, nada melhor do que revirar conceitos, rever um e-mail de um fantástico, importante, querido amigo e no anexo, abrir de novo uma mensagem tudo a ver com um fim de semana que promete: SAWABONA! SHIKOBA!
Meu amigo dividiu comigo um tema que me persegue, e juntos, na distância que desaparece neste contato virtual, nos jogamos na análise que o psicanalista Flavio Gikovate nos presenteia: as transformações das relações afetivas que revolucionam conceitos de amor, de convivência de um com o outro. Quem procurou e achou ( e perdeu?) a "metade da laranja", a " alma gêmea"? Quer dizer: sou uma fração! Dependo do outro, quero que essa "metade" goste do que eu gosto...Não ouço mais minhas músicas, gauchescas ou sertanejas ou pagode ou tango, porque a "pessoa" não gosta...Novela? Nem pensar, o controle da TV é dele.Sair com amigos, não pode!Visitar família, pra quê! E assim, a minha parte da laranja vai desaparecendo, já sou menos que um terço, um quarto, um sexto ou cesto de desilusão. E o amor se vai. Então, jogo a toalha. Não dá mais. A alma gêmea não era gêmea de verdade, nem os gêmeos univitelinos são iguais...E as pessoas resolvem viver sozinhas. Ou aceitar a nova ordem, que é mais ou menos assim:
                      Abandonar definitivamente a ideia de que uma pessoa é o remédio para a nossa felicidade. O outro não é o príncipe nem salvador: é apenas o companheiro de viagem. A parceria vai trocar o amor de necessidade pelo amor de desejo de estar.Nada de inventar o outro, transformar a pessoa amado no modelo dos contos de fada - que nem têm mais os mesmos fins, não adianta beijar o sapo esperando o desencanto;  encanto, mesmo, é beijar o sapo sabendo que é e será sempre sapo.O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável, tem o prazer da companhia, o respeito pelo ser humano e amado. Então, sexta-feira, ficar sozinho um pouco. Estabelecer um diálogo interno, descobrir a força pessoal, e saber que se estou bem na harmonia e na paz, tudo ao meu redor vai se encher de luz, de alegria, de festa, afinal, hoje é sexta-feira. 

Curiosos com SAWABONA, SHIKOBA?
É um cumprimento do Sul da África. Quer dizer:
- SAWABONA! ( Eu te respeito, eu te valorizo, você é importante pra mim)
E a resposta:
- SHIKOBA! (Então, eu existo para você)


quarta-feira, 28 de março de 2012

SE e QUANDO


"A música de antes é que era boa! Hoje é só essas bobagens, não dizem nada com nada."
Canso de ouvir isso, mas devo dizer que adoro as musiquinhas que invadem nossas cabeças e só com cirurgia pra tirá-las de lá. Nossa, nossa, assim você me mata...Quem não ficou horas com isso? Eu fiquei, e cantei, e fiz os gestos, e me diverti o quanto pude. Passou.E agora tem uma vinheta que ainda não decorei: Ai, ai, ai, tô com saudade resolvi voltar...coisas da TV.Foi assim com a boquinha da garrafa, ilariêilariêooo, é o tchantchantchan,bailamacarena  (tudo em minúsculas)...  Aprendi a aproveitar tudo que dá prazer, mesmo por instantes, numa crônica de Leila Ferreira, que dizia" A FELICIDADE é a soma das pequenas felicidades. Essa felicidade com letras maiúsculas não existe. Devemos aprender a usar essa felicidade em doses homeopáticas, viver ótimos momentos, não esperar até que um fato grandioso nos faça felizes." Me ensinaram a esperar o príncipe encantado, mas os súditos eram muito mais interessantes, sabiam jogar basquete.
Esperar para ser feliz é um esporte que abandonei há tempos. Quase riscando da minha vida o QUANDO: Quando eu ganhar na megasena, quando eu me aposentar, quando meus filhos crescerem, quando eu emagrecer, quando eu parar de fumar, quando, quando, quando...
E ficar pensando no SE...Outra palavrinha sem vergonha que enche a gente de remorso, SE. Se eu não tivesse bebido tanto, se eu chegasse antes, se não comprasse no cartão, se tivesse dito tudo o que penso, se não tivesse falado aquilo...se, se, se...
Enquanto o QUANDO e o SE estiverem me dominando, deixo de viver agora.
Um pôr de sol aqui, chegar em casa e saber que é muito bom chegar em casa, ficar em casa mesmo podendo sair, a festa do cachorro, um beijo de verdade aqui( não aqueles de raspão), uma xícara de café recém coado, um livro que a gente não consegue fechar, até que o trânsito não estava tão ruim,  um trabalho e a hora do intervalo, um colega que nos faz rir...um sorriso...
É agora. Doses homeopáticas, todo o dia, todo o ano, toda a vida. Melhor ser minimamente feliz do que viver em compasso de espera ou de recordação.
Para ilustrar, nada melhor que a lição trazida da Ilha do Mel,pelos Momosos,  pura sabedoria popular.
"O POSSÍVEL FAZEMOS NA HORA. MILAGRE, DEMORA UM POUCO MAIS."

Então, AGORA  vou deixar o SE e o QUANDO na gaveta, com chave, colocar o meu melhor sorriso e sair por ali, por
aqui, por aí...
Quem sabe, até cantando:

Ai ai ai, bateu saudade resolvi ligar
Me deu vontade de te ouvir falar
Já nem me lembro quanto tempo tem
Ai ai ai tanta coisa que aconteceu
Mas eu vou bem isso é desejo seu
O tempo voa e vai passando o trem
Ai ai ai o nosso medo não vai pro jornal
A gente é um, e cada um, não tem outro igual
Então porque tamanha solidão
Se o nosso amor não passa na TV
Saí correndo e vim dizer meio sem jeito
Que amo você!

( de Mauro Barbosa - Amanhã, 319 anos de Curitiba )

quinta-feira, 22 de março de 2012

A VOLTA DA MIRINHA

Para quem não lembra, a Mirinha foi uma das primeiras inspirações para meu Blog, talvez junto com  POLIMERASE - uma experiência.Tem umas quantas postagens, Mirinha fez história, lá por março de 2011.
 Então, Mirinha andava farta de fazer nada, aposentada, inventando doenças e enchendo o saco dos filhos - e eles, dela.Deu muito o que falar, até que se rebelou, ( já estava morando em Curitiba), viajou para o SUL e por lá se largou, encontrou um brigadiano e foi com ele aos EUA, isso foi inícios de novembro. Agora, está de volta. Pra quem ligou, ao chegar? Pra minzinha:

- Cansei de levantar toda manhã e ver a mesma cara, o bafo de onça, o pigarro, coisas que os homens fazem todo santo dia. E as cuecas, e o cheiro de cigarro, e os copos meio cheios, meio vazios, não sabe lavar um copo! Agradeci a companhia, foi bom enquanto durou. Fiquei. Quase quatro meses, visitamos todos os conhecidos em Houston, Chicago e Boston. Conheci New York! É bem como me contaste: parece que estamos dentro de um filme.Tudo muito organizado, também, 1º mundo. E tem bandeira em tudo que é canto! São uns fanáticos, esses americanos. 

Preparei-me para duas horas de telefone. Tenho ódio de ficar pendurada( mesmo sem fio) num telefone! Tem gente que não se flagra, quer confidências? Vai até a casa da pessoa, tá? Mas se não tiver paciência, perco a amiga.

- Na chegada, meus filhos me esperavam cheios de amor, coisa linda, nem parece os chatos que quase me levaram ao suicídio! Uma câmara Cannon de presente: " Mãe, que pena que não você não levou pra sua viagem aos States( eles todos falam VOCÊ, todos em Curitiba, nem se lembram do TU gaúcho). Mas você tem que saber usar, mãe, essa câmara é cheia de recursos, filma, quase fala, não faça como o computador que  você só usa pro Facebook..." Ou seja, me dão um presente e me chamam de burra.  Mas eu vou aprender TUDO!

Perguntei se ela iria voltar aos estudos,coisa que professora detesta depois de aposentada.

- Isso mesmo, aposentada!  Agora quero fazer o que sempre te disse, lembras?

Lembrei, e como! A Mirinha, viúva, sempre dizia:

" - Quando eu me aposentar, vou comprar um gurizinho bem bonito, assim como esses  garotos de programa, uns 20 ou 25 anos, grande, alto, de encher os olhos. Quando eu chegar com ele no barzinho, ou no clube, ou no bingo, até na igreja, as mulheres vão fofocar, loucas de inveja :  "Que ridícula, a Mirinha,  com um  gurizinho que pode ser neto, deve dar uma grana pra ele ficar com ela"  e os homens  vão ficar  imaginando o QUÊ o gurizinho faz com a coroa aposentada!" - Isso, Mirinha repetia pra toda turma ouvir, sempre!

"Beleza" -  falei, até com medo do que viria. E veio!

- Já coloquei o anúncio no Face: " Preciso de um jovem moreno alto bonito e sensual que me ensine a usar câmara fotográfica Cannon e a navegar na Internet e em outras cositas mais, passear comigo no shopping e me levar pro Festival de Teatro de Curitiba" - e coçar minhas costas, claro! ( preço a combinar, não digo que sou professora aposentada).  Morram de inveja, amigas! Fiquem imaginando, meus amigos...

Essa é a Mirinha. Nem chegou e já está agitando meus dias...

terça-feira, 20 de março de 2012

A DAMA DE FERRO

Quem viu o filme?
Eu vi. No Shopping Curitiba, há mais de um mês. Meryl Streep, magnífica, uma produção na juventude e no envelhecimento da Thatcher, uma interpretação mais que merecedora do Oscar de Melhor Atriz. Os maquiladores merecem, também um grande prêmio. Obra de mestres. A maior surpresa foi o roteiro. Inusitado.O filme:  A trajetória da 1ª Ministra Britânica, a 1ª mulher a ocupar o maior cargo de UK, mais importante ainda que o da Rainha Elizabeth II no United Kingdon -  uma superprodução, sem dúvida. Margareth Thatcher, a Dama de Ferro, em que ela, já velha, lembra dos fatos que a levaram até o importante cargo no UK,  a mulher que sacudiu a Inglaterra. Por que a surpresa? Pois a Dama de Ferro aparece como uma pessoa quase normal, até parece humana nos acontecimentos mais marcantes da própria vida; no filme, é uma velha doente, com índices de Alzeymer ou demência senil, que lembra de sua vida na época de glória, em que mandava e desmandava como bem queria no mundo fechado dos britânicos. E que não agradou nem um pouco aos pobres, aos sindicalizados, que mergulhou  o UK na recessão e desemprego. E que usou o poder para declarar GUERRA à Argentina, não tanto pelas Malvinas, mas para recuperar a popularidade perdida e ser reeleita como Ministra, o que realmente aconteceu. Se eu fosse argentina, ficaria com muita raiva com o que o filme mostrou, como se os argentinos fossem uns bobos, pobres, fiasquentos, fracos, lutando numa guerra desigual em todos os aspectos. Uma versão de "O Império contra ataca". Que feio pra nós, latinos. Esmagaram os argentinos. Mas foi um "baita" filme. Talvez até tenha mostrado algumas verdades da Thatcher. Não falo do fim do filme, pois quem não viu, que veja. É muito interessante quando enfoca a deterioração física da pessoa. O corpo envelhece, a cabeça, nem sempre. Eu até chorei com a velhinha que não admitia a velhice, comportava-se como ainda ministra, e como tudo que é velho ou velha, policiada pela secretária e pela filha como uma criança,  fazendo as " artes" que as velhas fazem, essas coisas de esconder remédios, não lembrar do que fez ou disse. E tendo visões e falando com o marido morto. E não aceitando o fato de não ser mais a "Importante". Isso foi o filme. Maravilhoso.

 Mas a Margareth que acompanhei na HISTÓRIA DE VERDADE nada teve de doce. Até que o filme mostra algumas passagens da violência que o povo sofreu nas garras de ferro da dama. Ela acabou com o salário mínimo, perseguiu os sindicatos ( eu era da diretoria do SINPRO/RS, peninha dos ingleses, sniff), criou um imposto para os pobres pagarem, diminuiu os impostos dos ricos...criou a maior recessão que os ingleses enfrentaram, era uma violenta guerra civil. E a polícia baixava o cacete! O povo - pobre - sofreu muito. Não sei se eles têm saudades dela, penso que não. Mas ela fez o que acreditava, muita gente poderosa no mundo todo respeitava demais "A" Thatcher. Por isso, uma mulher e tanto, temos que reconhecer a capacidade, a inteligência, a determinação da ministra. Depois de 11 anos no poder,teve que renunciar, nem o próprio partido concordava com as medidas de seu governo. Estranho a ausência da Rainha Elizabeth II no filme, bem como na vida real. Mas deu muitos títulos de nobreza à sua 1ª Ministra.  Dizem que, hoje, a Thatcher foi proibida até de falar em público - velha, doente, não fala coisa com coisa.  
 A Dama de Ferro agora é uma velhinha que toma sol e brinca no parque com o cãozinho. Deve viver de lembranças. Quem sabe, pode até pensar que ainda é a Dama de Ferro. E é essa a lição que tirei do filme: não é fácil ser mandado e dependente dos outros quando foi a senhora do destino de uma potência como a Inglaterra.  Não é fácil ficar velho.                                                                                                                                                               ( SERÁ?)


segunda-feira, 19 de março de 2012

ORGULHO DE SER BRASILEIRO?

Sem muita opção num final de domingo, à noite, o fantástico do mundo na telinha da minha sala, um festival de propostas indecentes: de 15 a 20% e o dinheiro público - o nosso - vai para empresas que já ganham ao vender produtos. De ambulâncias a quentinhas. "12.000 por dia, as quentinhas, você põe 1,00 - são 360.000,00 pra você, por mês, sem trabalho nenhum, nós fazemos tudo, as quentinhas entregues nos hospitais ou escolas ou penitenciárias ou secretarias, a licitação pública, 3 empresas participantes, tudo dentro da lei; isso é a lei do mercado, o dinheiro( do governo: do povo) entra na nossa conta e passamos sua comissão em real, dólar, euro - entregamos a grana em caixas de uísque, de vinho, no shopping, no parque´". (O repórter da TV com as câmeras escondidas, tudo filmado e passado para nós, os bobos pagantes). E o responsável por gerir nosso dinheiro ali, fazendo acordo, concursado ou não, cargo de confiança ou representante do governo, chefe-presidente-secretário-ministro da saúde, da educação, sei lá! Se fossem ambulâncias, o dinheiro da "comissão" passava de milhões." O dinheiro roubado da saúde mata pessoas, disse um médico. Dinheiro roubado da merenda escolar, de material escolar. Dinheiro roubado do nosso bolso, do nosso trabalho. Por empresários já muito ricos que multiplicam a riqueza na corrupção de cidadãos. Cidadãos corrompidos, muitos eleitos por nós.
Segunda de manhã. Minha vizinha, de volta de suas viagens de professora aposentada (cujo marido era muito rico - detalhe), como sempre, trocamos figurinhas. E ela: " Me deu vergonha quando voltei do Chile. Vergonha de ser brasileira. Eu e mais os 60 da excursão. Pensei em visitar um país destruído por tantas crises econômicas, políticas, catástrofes ambientais, um país latinoamericano que fala espanhol, enfrentou guerras internas, miséria, ditaduras, estava meio apreensiva até com minha segurança, eu e meus colegas de excursão. Surpresa: Encontramos um povo culto, educado, 
cidades limpas, estruturadas, construções conservadas, instituições fortalecidas, serviços de excelência, segurança total, sem dúvida, 1º mundo. Fruto de trabalho sério, de administração pública de responsabilidade social. Isso mesmo, bem ali, 1º mundo. Um país latinoamericano de 1º mundo. Estou com uma raiva de nossos políticos, das pessoas que administram este nosso Brasil, temos tudo mais que eles, que os chilenos, até a natureza é boa pra nós, o que nossos governos fazem com nossos impostos?"
Me deu uma vontade de chorar.Ela, minha vizinha, me olhou curiosa. Falei, como para me desculpar pelas lágrimas que teimavam em saltar: "Preciso fazer meu Imposto de Renda." Então, chorei. Sentei no murinho do condomínio e chorei.
  

terça-feira, 13 de março de 2012

DE QUE FAMÍLIA TU ÉS?

Domingo é um dia em que a TV não é boa, mas fiquei muito interessada por um programa não sei de quem nem em qual canal, o apresentador, um professor de teatro e um sociólogo. Nem os nomes guardei, pois me vi escrevendo a lápis no bloquinho - daqueles bem antigos, pra não esquecer.A conversa devia ser sobre "o que se pode e o que não se pode falar", coisas como politicamente correto, discriminação, preconceito, censura, mas o que surgiu de novo na discussão foram conceitos novos e antigos sobre Honra, Dignidade, Fé. Assim, com letra maiúscula.  Uma frase que foi dita e me recordou o meu pai, que sempre dizia: "Prefiro morrer de pé a viver de joelhos" - para exemplificar que Dignidade é ser correto, é manter a cabeça levantada, garantida por uma vida cheia de bons princípios, não aceitar "tudo por dinheiro". E que parece fora de moda, tem muita gente que perde a moral, mas não perde dinheiro, e a Honra também passa a ser apenas uma palavra. O jogador safado, traficante, marginal, é ovacionado porque faz gols. Não interessa o exemplo que ele passa aos nossos filhos e netos. O que importa é o dinheiro, a fama.E chegamos onde comecei: O sobrenome, hoje, tem valor? Aquela pergunta que se fazia antes: De que família tu és? - parece ridícula. Mas não é. Ter orgulho do pai, da mãe, do avô e avó, tio. Porque eles são exemplos de Honra e Dignidade.
                        Quando eu era pequena ( muito tempo atrás), meu pai açougueiro - eu era pobre e não sabia - minha mãe do lar, mas o trabalho era muito valorizado, não tinha dinheiro sobrando mas a gente tinha tudo que podia. Como eu enchia a boca pra dizer: Sou filha do fulano DE TAL e da fulana DE TAL Esse DE TAL, o sobrenome, enchendo a boca. Com todo o respeito por serem pessoas reconhecidas pelo trabalho, pela honestidade.
                         Certa vez, falando em profissões com meus alunos, cada um dizia qual a profissão do pai e da mãe. Carroceiro, artesão, advogado, professor, comerciante. E com a ingenuidade da infância, o menino falou: meu pai é ladrão de bicicleta. Nenhum comentário tive coragem de fazer, segui a atividade. Quando esse menino cresceu, não sei como ele falou sobre o pai, se era filho do fulano de tal, eu o perdi de vista, ou ele foi embora, não sei.  E o filho de quem desvia milhões do povo, publicamente, todo mundo sabe, como vê o pai? Será que tem orgulho de ser filho do ladrão? Ou o ladrão tem tanto dinheiro que compra até a opinião do filho e do povo? A sociedade de espetáculo quer ver a celebridade, o minuto de fama. A memória coletiva anestesiada. Tudo passa a ser relativo. Partidos se vendem por cargos. Ideologia deixa de ser requisito. Despersonalização. 
                            SER OU NÃO SER: EIS A QUESTÃO. Shakespeare nunca foi tão atual.

                   Dignidade. Honra. Fé. Acreditar no que não posso provar. É abstrato, mas existe.
                Concretamente? O EXEMPLO. O exemplo é concreto e tem Nome e Sobrenome.

segunda-feira, 12 de março de 2012

CHARQUEADAS - Um olhar diferente para a "Casa" das 7 mulheres.

Pelotas - RS -Fevereiro 35º. Sem muita opção, numa segunda-feira, fui levada          a passear na Cherokee da flia. Bellagamba&Oliveira. Depois de um almoço com carne gaúcha daquelas tri especial, na  churrascaria Santo Antônio, no Laranjal - a praia da Lagoa dos Patos, linda, reformando - um passeio agradável e uma sugestão: Charqueadas. Eu só sabia que eram galpões onde salgavam carne, o famoso "charque", uma das causas da Guerra dos Farrapos, aqueles 10 anos das mais sangrentas batalhas de gaúchos contra imperiais, onde quase nos transformamos em outro país ( será que falaríamos espanhol? ou um portunhol como aprendi na Uruguaiana Grande?) - estou delirando...
Surpresa! Meus olhos registraram uma paisagem de quadro a óleo impressionista! Rio, árvores, pedras, e uma casa branca estilo colonial do século XVIII. A casa foi residência do dono das charqueadas.  Depois de bater um sino que se encontrava à porta, fomos recebidos por uma moça que nos perguntou: 
- Querem fazer a visita? Temos a guia que vai acompanhá-las.
- Eva, ela sabe tudo - falou meu cunhado, Ricardo,que já havia feito o roteiro com a
esposa Gina e a filha Danielle.
Lá fomos nós, eu e minha sobrinha Bruna.


São treze reais por pessoa, e vale muito a pena! Um ponto turístico tão pouco falado e com tamanho valor histórico! Ali, em Pelotas, 10 minutos do centro, no meio de exuberante vegetação, um passeio no tempo. ( essa entrada é, na verdade, os fundos da casa). E um pier com salão de festas estão sendo construídos às margens do rio. E ainda tem viagem de barco, só agendar.


A Eva é uma professora aposentada, como eu. Na apresentação de cada sala, cada detalhe, eu via  a senhora, o senhor, escravos, tropeiros...indescritível. Tudo o que aprendi na Literatura está lá, na realidade de uma época marcada pela opulência sustentada pela escravidão. Também estão as senzalas, quase ouvi a zabumba dos negros no pátio deles, castigados com o sal como as carnes que foram a garantia de divisas para meu Rio Grande do Sul. 

Aí está a Eva, no meio do pátio interno da casa ( cobertura não existia). As mulheres só podiam sair para esse pátio interno, nenhuma podia ir para fora da casa. No romance que originou a série, a escritora  Letícia Wierzchowski mostra o isolamento e confinamento das mulheres, cultura da época. Passavam dia após dia ( as senhoras e filhas e noras) aprendendo a bordar, costurar, ler e escrever, essas coisas de mulheres, as escravas fazendo o serviço domésticos. Os quartos e salas onde as mulheres ficavam só tinham portas para esse pátio,onde tomavam ( pouco) sol.
( Uma curiosidade, a Manoela não teve coragem de fugir com o Garibaldi- que ficou com Anita- e quando foi morar em Pelotas, ficou conhecida como " A noiva de Garibaldi")




As mulheres podiam desfrutar da natureza...pelas janelas...Quanto menor fossem os vidros e mais vidros nas janelas, mais dinheiro o dono tinha...
                               

Essa casa só se conservou graças à paixão de uma das netas do senhor da "Charqueadas". Ela, a neta,  já não era mais proprietária, morava em Porto Alegre. O noivo e marido  resgatou a casa e deu de presente à amada, que voltou a Pelotas e morou na casa até morrer. A casa, hoje,tem um serviço de festas de casamento, formatura e jantares. Um neto da neta ocupa uma ala da casa.
Essa casa foi reformada e adaptada para a gravação da série " A Casa das 7 Mulheres", mudando a cor das janelas, que eram azuis e da própria casa, que era amarela. Tentaram deixar o interior quase igual, mesmo trocando o piso. Foi então que as "Charqueadas" de Pelotas ficaram famosas no Brasil. Ponto pra Globo, melhor pra nós, gaúchos.

A chegada nessa casa era pelo rio, uma vista maravilhosa! E fácil de proteger.
                                     Esta é a frente da casa, com a entrada pelo rio. Vegetação espessa nas laterais, visão total de dentro da casa dos visitantes - ou dos maiores inimigos, os da " banda oriental" (explica-se a rivalidade até hoje com os que "hablán espanhol!")
Do outro lado do rio, ficavam os galpões e cercas com  a atividade de salgar a carne, com escravos e feitores.

As senzalas ficavam à esquerda da entrada da casa, ainda tem um pedaço do que foi o tronco dos castigos, um bebedouro ao redor do qual os escravos dançavam e faziam suas festas, uma grutinha com um santo católico a quem os escravos eram obrigados a orar - mas que substituíam pelos seus orixás, como vimos nas conchas escondidas e espalhadas.


Visão frontal das senzalas, à esquerda, bem na frente do coqueiro, o tronco para açoitar os escravos. Eram bem separados de tudo, inclusive dos tropeiros, proibidos de falar com aqueles, escravos deveriam sempre saber que se fugissem, não teriam para onde ir.
O refeitório dos escravos era separado dos tropeiros por um passa pratos, também fechado para não haver nenhum contato entre eles.
Refeição:  a carne aproveitada para os senhores, tudo o que sobrava de um boi, mondongo, tripas, coalheiras, eram servidos aos escravos,  transformavam-se  - pasmem- no nosso chiquérrimo e caríssimo MOCOTÓ! Me fez lembrar quando meu pai teve matadouro, década de 60, a carne e o couro aproveitados, o resto tudo ia fora, os carroceiros ficavam esperando os "miúdos" que vendiam nas vilas...E hoje, quanto custa um prato de mocotó? Comida de escravos... Mas é bem bom!


Sala de refeições, lustre e teto preservados.
A Eva sempre contando a história, com detalhes. Eu e Bruna interrompendo, perguntando, o que fez bem mais agradável - pra nós! O quadro com fundo amarelo é um legítimo Debret.










Cansados?
Eu também. Foi hora e meia de uma conversa muito agradável, uma pausa no tempo, eu nem esperava. Em Pelotas. Nós, de Uruguaiana.       
                   Obrigada, Ricardo, Gina, Bruna, Dany.Foi um baita presente! 

Uns registros:

Saint - Hilaire, sábio naturalista francês, hospedado na casa em 1820.

                                                                                               Lustre da sala de refeições.
                                                                                                                                                                       No caramanchão, visitantes esperavam para serem recebidos pelo senhor da casa - nunca por mulheres!

O muro de pedras foi construído pelo pessoal da Globo para as filmagens da " Casa das 7 Mulheres"

               E não se pode fotografar nas intimidades...quartos, salas internas, escritórios, piano, quarto de banho, pinicos de porcelana com tampa( que a Ana Maria Braga pensou que fosse sopeira - ksksks, cultura inútil, podia passar sem esta, mas é engraçado), a cozinha com os fogões imensos,  um armário onde se afastavam toalhas e lençóis e tinha uma escada, era uma saída secreta para o sótão, uma segunda casa lá em cima, em caso de invasão. Boas recordaçõe. Como foi bom!

































































































































































quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia da Discriminação Econômica da Mulher


               Trocar de canal de TV é muito comum, tem gente que passa a noite inteira assim. Com o controle na mão, dono do mundo, troca, troca, troca... Quem estiver por perto que se dane. Estava eu sozinha, controle só meu, nada interessante...umas mulheres lindas, tomando champagnhe embaixo da árvore, pic-nic, com toalha no chão e um charmoso garçom servindo-as com cristais em pratas. Ficção?  Não. As mulheres ricas. Programa sobre elas, as ricas, que têm dinheiro para comprar tudo, inclusive aparecer na TV, acho. A vida diária daquelas mulheres ricas. Na TV. Um programa e tanto. Gostei. Sonho de Cinderela? Queria eu ter tanto dinheiro para fazer só o que me desse na telha? Futilidades mil...Fina estampa...

              Pensei se um programa contando o encontro das catadoras de lixo na hora do lanche, como vejo às vezes frente ao condomínio, teria sucesso na TV. Duas com  carrocinhas no meio fio da calçada, uma delas chama a outra e abre uma garrafa de coca com café frio, cavoca no lixo e tira algumas bolachas, dividem o lanche, depois partem para nova busca nas caixas coletoras em frente aos prédios. Nenhum garçom para servi-las, apenas motoristas apressados buzinando para saírem da rua.
              Hoje, 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Dia em que muitas foram queimadas dentro de uma fábrica, pois protestavam por condições melhores, salários como os dos homens,isso em 8 de março de 1857. Mais de um século e meio depois, a luta continua, companheiros! Fantasiada.
              A mulher de hoje que tem acesso à informação e qualificação consegue igual condição de trabalho à do homem. Casa-carro-academia-empregada-roupa-cosmético. O que o dinheiro pode comprar, com muita ralação. Trabalhar 60 horas semanais.  Essa mulher nem sabe o que é Dia da Mulher. Não tem tempo. Se tem marido rico, é coincidência. Ela é dona do seu próprio nariz.
              Se não tem nem educação, nem emprego, se precisa catar lixo para levar o pão para os filhos, também não tem tempo de saber que hoje é o dia da mulher. O marido pobre não é coincidência. É consequência.

A foto da menina no lixo foi premiada pela Unicef. Que foto expressiva! O fotógrafo alemão deve ganhar muito com as exposições. E a menina no lixo. Vamos ver a foto, correndo o mundo, e a menina no lixo. A mulher que ela já é depende do lixo. Está sendo queimada aos pouquinhos, a menina-mulher. Mas a foto faz sucesso, emociona, a foto. A menina no lixo. A menina estuda? Tem pai e mãe? Tem comida e casa?
Se eu não falasse que é uma menina, poderiam pensar que é um menino. Qual a diferença? Menino ou menina, a situação é a mesma. Pobreza. Miséria. Só tem direito de aparecer numa foto, importante é a foto.
                            


Como a catadora brasileira que passou no vestibular, estudando com livros retirados do lixo. Exceção. Notícia que vende. Ela apareceu nas TVs, na Internet, nos jornais, festa pra ela, caso raro...


Também como a Estamira, que deu 23 prêmios a um documentário e foi lembrada agora, pois morreu sem assistência alguma num hospital do SUS. Lembrada depois que morreu, na miséria, o que valeu mesmo e deu grana, com certeza, foi o filme do Marcos Prado.
Então... A briga é outra. Hoje - só hoje? - o problema é econômico. Quem não tem dinheiro, que se lixe. Lixo.  Discriminação econômica. Tanto faz se é mulher ou homem.
Catador ou catadora? Doutor ou Doutora?
Pra quem abrir a porta? E se for o Senador?

Sentiram a diferença?


Pra não dizer que não falei de flores...A Presidente da Petrobrás ( talvez mais importante que a Dilma ) "diz-que" também catou latinhas... 





quarta-feira, 7 de março de 2012

PEGAR NO TRANCO OU NO ARRANQUE? - Um tributo ao Norberto


É difícil dar a partida depois de voltar de férias. Aposentada tira férias? Tira, sim. Sair por aí sem IPod, IPad,Notebook,sem caneta e papel,apenas com minha Cannon...e com um amigo "mucho loco" para sacudir a censura da sociedade...
Imaginem sair de Curitiba num roteiro rumo ao sul e que começa pela Ilha do Mel. E o meu amigo faz o que tem vontade - nem aí pros outros, inclusive eu. Posso até postar fotos, ele não se importa, até gosta! Então...o guri (é assim que vemos nossos contemporâneos sexagenários) vai para Porto, ( Porto Alegre, para os gaúchos), de onde partirá numa viagem até o Chile para o I Encontro Internacional de Naturismo; 50 pessoas em três MotoHomes, assim como vieram ao mundo...Vai passar por Uruguaiana, Passo de Los Libres, Cordoba,atravessar os Andes e CHILE!  Avisei:Te cuida com os correntinos!
E o que tem que ver a Ilha do Mel? Foi a primeira parada. Saímos para o Sul, até a Serra Gaúcha. Uma viagem com a liberdade de cada um fazer seu programa. Com roupa.
Começamos pela ILHA DO MEL. E é bem como diz o nome: MEL. Doce, aconchegante, um paraíso. E o inusitado:em plena barca que nos leva do Pontal do Paraná até a Ilha,um monte de gente, e o Norberto - ele mesmo!- começou a cantar, inspirado pela paisagem. Fiquei roxa de vergonha, todo mundo olhando, eu tentando fazer de conta que nem o conhecia...e ele nem aí, cantou o Sole Mio todo. Surpresa pra mim, a envergonhada?!,como um tapa: o guri foi APLAUDIDO por todos os da barca! Ponto pra ele.
 Meu roxo virou amarelo quando a criatura resolveu fazer ioga.E fez.Ao fundo, a Ilha, chegando... 
                                                   Taí.Não é invenção minha. 
A criatura também queria cantar no avião que nos levou do Afonso Pena ao Salgado Filho."Vou chamar a comissária e dizer que estás me perturbando".Nessa, eu ganhei. ( Ou será que perdi?) 

Imaginem em Caxias, na Festa da Uva, no desfile, desceu da arquibancada, desfilou com uvas e gringos, cantou com os corais...
                              Olha ele com a Rainha e as Princesas 2012.Faz-me lembrar o filme "Forrest Gump", do Tom Hanks.

Mas o amigo bioquímico de Rio Grande e meu colega no Silva Gama - escola do Estado no Cassino _ se largou total no Maria Fumaça, o trem que faz o passeio Bento-Garibaldi-Carlos Barbosa. Bandinhas de Italianos tocando em todas as estações e dentro dos vagões, danças, teatro, vinho, suco... Achei que ia ser um passeio comum, mas foi uma tarde de muita bagunça. O guri nunca cansou, um show e tanto...
Interessante essa visão da vida.


Ou seja: tudo o que lhe dá vontade, ele faz. Pega sempre no arranque.
Aprendi mais essa lição nesta minha vida que não é maledeta:
                             
            Ser Feliz é tão fácil... 



Tchau, bambino! Depois do Chile, Portugal te espera.
( Este é o meu "TRIBUTO AO NORBERTO". )