MINHA VIDA É UM PALCO

MINHA VIDA É UM PALCO
Somos como atores neste palco que é o mundo, as cenas são os dias e noites, e o roteiro quem escreve é a VIDA!A vida depois dos 60. É começar novo, novos horizontes, um mundo diferente e muito mais LEVE! A gente está sempre começando, sempre aprendendo...E aos 60 anos, a gente nasce de novo! A minha Infância da Maturidade! COMO SERÁ NOS 70?Na minha ADOLESCÊNCIA da Maturidade...CHEGUEI! Cheguei chegando imaginando a vida toda...70 ANOS! BÓRA LÁ QUE A VIDA TÁ PASSANDO!!!E até uma PANDEMIA!Nunca pensei ...De repente, ficar presa em casa, sozinha. Se sair, o CORONA VÍRUS pega. Horrível todo mundo sem se tocar.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

UMA FATIA DO TEMPO 3 - CABEÇA VAZIA É CASA DO DEMÔNIO




1.- Dialética
“A discussão é uma forma polida do instinto batalhador, que jaz no homem, como uma herança bestial; os querubins não controvertem nada, e, aliás, são a perfeição espiritual e eternal”.Jacobina,”O Espelho – Esboço de uma nova teoria da alma humana”  ; in Contos -  Machado de Assis.
Custei para entender as palavras do imortal.
Como viver sem discutir? Não somos querubins, somos humanos, portanto, não temos a perfeição espiritual nem eterna.
“Nossa eternidade é finita”, isso fui eu que escrevi, desculpe, Machado, por misturar minhas humildes definições na análise das palavras de teu personagem.  Devo, porém,  concordar com a ideia de que a discussão é uma herança bestial, e como se torna difícil resistir a uma boa e acalorada discussão. Como evitar?
A alma se revela quando vem do mundo exterior, um dardo fatal que mexe com as convicções de muitos anos de existência. Essa é a maior questão: a alma. Se eu tivesse uma só alma, tudo ia ser simplificado. Razão e coração, material e espiritual, tudo junto. E não é assim.

2.- Retórica
Fiquei pensando muito neste Machado que redescubro a cada leitura. Diz ele, no mesmo conto, que temos duas almas, uma que olha de dentro para fora e outra que olha de fora para dentro. A alma exterior é a do mundo, que transmite a vida, que me faz responder ao que me prende do lado de fora; a segunda, a alma interior, é a que me diz quem eu sou.Sou aquilo que eu quero ou aquilo que querem que eu seja?Clichê, isso.Mas verdadeiro. Essa exigência exterior me obriga a ter que fazer o que nem sempre quero. Um trabalho,um gesto,uma palavra; uma roupa que detesto,um horário insano, expressões significativas como engolir sapo, descascar abacaxi,vestir a camiseta.É a profissão, a moda, as regras da sociedade, mostrar o que tem. Mesmo que a alma interior chore, reclame, e de vez em quando, me obrigue a argumentar.Réplica e tréplica.  
Ter para ser, isso não é nada. O TER está ligado à alma exterior. O SER é a alma interior. Ser ou não ser…É o que dói.
Revelar-se? Never, nunca, jamais…Ninguém entende o interior.
Já o exterior está aí, aplaudido por todos,se tiver riqueza, status, fama. Se, não, dane-se!
Vestir a pele do cordeiro sendo lobo. Mostrar-se lobo, sendo cordeiro. Exigência externa.
Preciso ser rica,magra, jovem. Só. 
Aplausos,  Bella…
Cala a boca!
Rica e magra e jovem. Só. Tudo que o exterior exige.
“E quando sabemos todas as respostas, vem o diabo e troca todas as perguntas”.
Não sei mais nada. Eu só sei que nada sei.
Preciso parar de ler Machado de Assis... e Martha Medeiros… Pela nongentésima vez.
Preciso da Mirinha.
Toda loucura não será castigada. 
                     …………………………………………………………………………………………………
“…não há uma só alma; há duas almas. Cada criatura humana traz duas almas consigo, uma que olha de dentro para fora, outra que olha de for a para dentro. A alma exterior pode ser um espírito, um fluido, um homem, muitos homens, um objeto, uma operação. Há casos, por exemplo, em que um simples botão de camisa é a alma exterior de uma pessoa; e assim, também a polka, o voltarete, um livro,, uma máquina, um par de botas, uma cavatina, um tambor, etc. Está claro que o ofício dessa segunda alma é transmitir a vida, como a primeira; as duas completam o homem, que é, metafisicamente falando, uma laranja.Quem perde uma das metades perde naturalmente a metade da existência, e casos há, não raros, em que a perda da alma exterior, implica a da existência inteira”. Idem Machado de Assis.

( Será bem asssim? Perder tudo da alma externa implica a existência inteira? Nem rica, nem magra, nem jovem. E joelhos estragados.TÔ FERRADA! )

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

UMA FATIA DO TEMPO 2 - NO CASSINO












Um Tempo no Cassino/RS ( ali, em Rio Grande,Rio Grande do Sul, mais perto do Uruguai que do Brasil, Atlântico Sul, quase a maior praia do mundo).

             "Por essa, eu não esperava". 
            A gente vive dizendo isso.
            Eu falava aos meus alunos, década de 90,no Cassino:
            - Nada é definitivo, vocês acham que tudo pode acontecer? Pois é, pode.
            E eu continuava:
                 - De repente, um avião entra pela janela e, babaus, explode tudo. 
       Uma baleia cai em cima de nosso barco. 
       Um cometa se choca com a terra e todos vamos desaparecer. 
       Um tsunami vai varrer desde as dunas até o Wanda Rocha e a Banda Marcial Silva Gama será campeã. 
       A  Copa do Mundo será no Brasil e vamos perder para os Argentinos. E eu nunca vou me aposentar, pois eu AMO trabalhar na escola.
              Eles me ollhavam meio aterrorizados. A não ser a Banda campeã, tudo era absurdamente inimaginável.
         -Qui'sperança,profe, viajando de novo…Essa profe tem cada uma…
         Era brincadeira;coisas da Literatura.
         Nem eu acreditava. 
         Era apenas para sacudir a imaginação, tornar mais simpática, quem sabe, uma aula muito chata.
                 O Tempo passou de repente, nas patas do meu coração…
                   Por essas…
                 Nem eu esperava. E foi bem assim:
      Um avião entrou pela janela, muitas janelas, nas Torres Gêmeas nos States e babaus, uma tragédia, acabou com muita gente. 
      Uma baleia caiu em cima de um veleiro na Oceania e deu um susto nos Pescadores, um baita susto! 
      Um cometa por pouco não nos explodiu, mandou um meteorito que abriu um buraco acho que na Rússia ou em Santiago do Boqueirão. 
     O tsunami no Brasil foi apenas uma marolinha e a Banda Silva Gama não foi campeã. 
     A Copa foi no Brasil, que  perdeu foi pra Alemanha (Graças a Deus que não foi para a Argentina).  
      E eu me aposentei (sorte pra eles) e nunca mais entrei numa sala de aula, passo longe da escola!Ou melhor: longe dos horários, eu adorava alunos e colegas e pais e movimento, porém quando se aprende a viver sem relógio, a vida é só Liberdade!
     Ou seja: Não dá pra imaginar que se torna realidade.

      Cuidado!A lei da atração é muito forte!
     
          Por isso, vamos imaginar e ter muita ESPERANÇA. Mas que sejam esperanças de COISAS BOAS. 
          Se o Universo conspira sempre a nosso favor, vou pensar positivo,vai que aconteça.

          (Tipo assim: Pessoas felizes como no FACE. Educação como prioridade. Respeito pelo próximo, mesmo que seja no FACE. Segurança, saúde, educação como nas promessas dos políticos. As surpresas são, sempre, inesperadas.)

        Pois tudo que a gente fala PODE ACONTECER!


     BELLABEREG – Byron Bay – Aus – 15/01/2015 

sábado, 10 de janeiro de 2015

UMA FATIA DO TEMPO - 1


E por falar em Esperança…
UMA FATIA DO TEMPO – 1
PRIVILÉGIO
Não sei se foi sonho ou visão, supondo que eu ainda estava acordada.Pode que eu tenha entrado numa outra dimensão. Um espaço quântico.
Era um seminário com uma mulher que falava sobre “O Sentido da Existência”. Estávamos agora em um grande grupo, todos sentados em círculo,ao meu lado a Janete, colega supervisora da Escola do Cassino, uma pessoa super iluminada. Eu chegara atrasada, estava bem estressada com algumas discrepâncias na minha rotina, e, sem querer, chamei a atenção de todos ao procurar um lugar, a única cadeira vazia bem na frente. Sabe quando todo mundo se vira para olhar a inconveniente? Bem assim. Não sou tímida, mas não estava a fim de dar satisfação, sentia minha aura pesada, cheia de segredos e dúvidas.Foi tiro e queda: a primeira pergunta foi logo pra mim.A palestrante, médium, vidente, sei lá, olhou ao redor, fixou em mim seus olhos energéticos faiscantes, acho que verdes como os de gato: 
“Pra você, o que é a vida?”
Entrei em transe. Nunca esperei de chegada ter que responder talvez à maior questão da humanidade: a Vida. Levada pela indagação de mil olhos na minha pessoa,ainda sem entrar na esfera transcendental do grupo,abri a boca e as palavras saíram num tsunami:
-      A Vida é uma fatia de tempo. A Vida é um privilégio que temos neste momento de eternidade. E para nós, humanos, a eternidade é finita.
Foi um silêncio que eu pude ouvir. Meio duvidoso.Ninguém se mexeu.Eu fiquei ali, como um meteorito recém desabado em meio à multidão.
Um homem branquela com uma mancha vermelha na careca, com cara de Buda, me perguntou:
-      Por que você diz que a vida é PRIVILÉGIO?
Pensei durante um segundo muito comprido. Sabia a resposta. Transformar a ideia em palavras, às vezes ou sempre, não é fácil.
-      Por quê? Porque eu estou aqui. Quantas pessoas lutaram,quantas não conseguiram entrar neste instante, algumas fugiram,outras chegaram…Eu estou aqui, o momento é meu, é seu…E se não viver toda a ansiedade, toda a emoção, se não aproveitar, curtir, compartilhar, o momento passa e eu vou me arrepender de não o ter vivido, bem vivido.
Acho que meu discurso foi assim. Como a gente só acha o que perdeu, vou registrar tudinho para não deixar no vácuo o meu PRIVILÉGIO. A minha Fatia do Tempo. Que eu quase perdi.

                                    Bellabereg -  Byron Bay – Aus – 10/01/2015