MINHA VIDA É UM PALCO

MINHA VIDA É UM PALCO
Somos como atores neste palco que é o mundo, as cenas são os dias e noites, e o roteiro quem escreve é a VIDA!A vida depois dos 60. É começar novo, novos horizontes, um mundo diferente e muito mais LEVE! A gente está sempre começando, sempre aprendendo...E aos 60 anos, a gente nasce de novo! A minha Infância da Maturidade! COMO SERÁ NOS 70?Na minha ADOLESCÊNCIA da Maturidade...CHEGUEI! Cheguei chegando imaginando a vida toda...70 ANOS! BÓRA LÁ QUE A VIDA TÁ PASSANDO!!!E até uma PANDEMIA!Nunca pensei ...De repente, ficar presa em casa, sozinha. Se sair, o CORONA VÍRUS pega. Horrível todo mundo sem se tocar.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

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Ainda mato a Mirinha! Ela, que odeia computador pois odeia ficar sentada pois odeia ficar em casa pois odeia internet pois passa o dia batendo pernas - se tem sol, vai pro parque; se tem chuva, vai pro shopping; se tem lua, vai pro bar e daí por diante -ela mesma, me fez uma...

                                  Tarde de sexta.
Estava eu triste, tristinha, num nevoento dia de primavera e garoa, ninguém curtiu meu face, Mirinha chegou agitando tudo:
- Bella, sai da frente desse diabo! (diabo é meu notebook). Que mania essa tua de ficar todo dia enterrada viva! Olha lá fora!
Olhei. Dia nublado. Frio. Ela nem aí:
- Vamos à Festa da Primavera no Água Verde, começa 18h, tem até concurso, vim te pedir a fantasia de Afrodite emprestada, ponho uma coroa de flores na cabeça! Sexta-feira, baby, depois vamos pro bar do Tatu, chorinhos e batucada, rola até uns espetinhos...
Nem respondi.Me cansa só de ouvir. 
- Mirinha, faz favor... Estou arrasada. Sabes, nem meus filhos compartilham o que escrevo... Tem algumas curtidas, mas é só pra eu saber que estão com os iPhones conectados, nem leem, tenho certeza.
Mirinha fechou meu note quase nos meus dedos:
- Amigaaa...Eu nem sei ligar essa m...mas sei mandar mensagem pelo celular, tá? PREPARA, que vou resolver tua doença...
Saiu como chegou: ventando, batendo porta.
...
Abri meu note, a tela me olhando,quem está de aniversário hoje? Preciso dar os parabéns. Irresistivelmente, fui conferir quem tinha curtido minha última postagem.
 Será que Mirinha tem razão? Este Face é um diabo? Tentaçãodemoníaca...Alguém comentou...Curtidas, milhões...
- O QUÊ?! Quantos compartilhamentos? - falei, pra mim mesma,surpresa...
- Quantos cliques? Estou ficando louca, falando sozinha. Será que o MUNDO resolveu ler meu blog? Estou como o Téo da novela, vivendo de cliques...Mas é bem bom!
...
Noite de sexta.
- Então, amigaaaaa! - era a Mirinha, de novo, chegou fantasiada de rainha com faixa e tudo - Olha, saí Rainha do Água Verde! Vamos pro Tatu...
Puxei a rainha pra frente da tela:
- Mirinha, estou em êxtase, olha quantos cliques!
Quando ela me olhou com aquela cara de "sei de tudo", imaginei a bomba:
- Eu sabia, Bella querida! Fui ao Café Lan House da filha da Lelê,escrevi uma mensagem e pedi pra ela mandar pra todos nossos amigos, a Lelê também tem isso de feicebuque, pedi pra te darem uma força, bem assim...Lembra dos dois filhos do Francisco?O pai  pedia aos amigos e os amigos pediam a música nas rádios, "tão aí" o Zezé di Camargo e Luciano, famosos. Fiz bem igual...Pedi pra todo mundo compartilhar, tá feliz agora?
A Mirinha me abraçou, feliz pela proeza, pelo presente para esta amiga que esperava tanto uns cliques...
Quando consegui sair da surpresa, da raiva e da vergonha, apenas consegui dizer, mais pra mim que pra Mirinha:
- Então...todas essas curtidas...tudo A PEDIDO? 
                                     Desta vez, EU MATO A MIRINHA!
 
 
                                                              
 

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

REFLEXÕES da MIRINHA nesta SEXTA-FEIRA

 


                                O Orgulho mata a convivência.
A Convivência provoca a humildade.
A Humildade abafa a criação.
A Criação promove a loucura.
A Loucura anestesia a consciência.
A Consciência sufoca a inspiração.
A Inspiração reflete o sentimento.
O Sentimento acaba em desespero.
O Desespero surge da solidão.
A Solidão confunde tudo.

Por isso, a gente escreve um monte de bobagem, e até fica refletindo...
Sexta-feira: a noite do impossível.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

INOCÊNCIA...


Banco de Imagem - close-up, de, duas meninas, giggling. Fotosearch - Busca de Imagens, Fotografias Mural, Fotos Clipart


Década de 50.Final. Em Uruguaiana, fronteira Brasil-Uruguai-Argentina. Fomos pra fora (tem uma expressão "não sou daqui, eu sou lá de fora", tem gente que não sabe, mas esse "lá de fora"quer dizer que sou da campanha, não sou da cidade, sou do campo, da estância).
 Nós só íamos pra fora fim de semana ou nas férias escolares. Se bem me lembro, era um feriado de Semana Santa.Fui com minha amiga Esther e irmãs e irmãos dela para a estância dos pais da Esther.Iam matar umas ovelhas e um novilho pra Páscoa, e a criançada se divertia nos açudes e com trepadas em árvores (trepadas são subir em árvores, cuidado com as mentes insanas!).
Laranjas e bergamotas não tinham amadurecido ainda, a bagunça era guerra de fruta verde. Éramos cinco meninas da cidade mais a Rosinha,filha do capataz, também criança,nossa média de 5 anos de idade.
 A Rosinha era muito esperta, a Esther também, as mais velhas, nós fazíamos tudo o que elas mandavam; pois elas inventaram que a pele da Rosinha era manchada, a Rosinha era bem pretinha, e nós, tudo branquelas. 
Então, resolveram fazer o que as mães faziam para branquear as roupas. Pegaram sabão em pedra, daqueles feito em casa com soda e graxa, tijolo de limpar ferro - que a gente chamava de ladrilho e que esfarelava batendo com pedras - não existia bombril lá - e fomos pro açude. A Esther esfregou tanto a Rosinha, mas esfregou braços, pernas, rosto, e o pretume não saiu. O que saiu foi muito sangue. A Rosinha chorava de dor, as crianças choravam por causa da dor da Rosinha e todas choramos muito quanto o pai da Esther nos colocou em fila e passou o relho em todas, uma relhada em cada uma, nas pernas, nem marcou, mas como doeu! Pra nunca mais a gente fazer "arte".
A Rosinha até hoje se lembra, dá risada quando conta aos nossos netos, aos dela e aos meus, adora contar histórias, é professora.  A Esther não conta. É artista de verdade, e aquela "arte" preferiu deixar "lá fora". 
                Não precisa ter vergonha, Esther. Tudo aquilo foi a inocência e as artes das crianças.A doçura do mundo.Que ficou "lá fora".