MINHA VIDA É UM PALCO

MINHA VIDA É UM PALCO
Somos como atores neste palco que é o mundo, as cenas são os dias e noites, e o roteiro quem escreve é a VIDA!A vida depois dos 60. É começar novo, novos horizontes, um mundo diferente e muito mais LEVE! A gente está sempre começando, sempre aprendendo...E aos 60 anos, a gente nasce de novo! A minha Infância da Maturidade! COMO SERÁ NOS 70?Na minha ADOLESCÊNCIA da Maturidade...CHEGUEI! Cheguei chegando imaginando a vida toda...70 ANOS! BÓRA LÁ QUE A VIDA TÁ PASSANDO!!!E até uma PANDEMIA!Nunca pensei ...De repente, ficar presa em casa, sozinha. Se sair, o CORONA VÍRUS pega. Horrível todo mundo sem se tocar.

sábado, 13 de junho de 2020

SANTO ANTÔNIO, ME DÁ UM MARIDO!!!


Plaquinha Casa Festa


Véspera de Santo Antonio. Já faz anos que não fazemos mais as provas. A gente chamava de PROVA, era um preparo da casa, com a melhor sala com tudo que fosse preciso para realizarmos AS provas: uma bacia grande, copo, água, papel...
Lá fora, um quintal grande ou pátio aberto, ou campo, a fogueira preparada, tinha fogueira todo mês de junho, Santo Antônio, São João dia 24, São Pedro, dia 29, Padroeiro do Rio Grande do Sul, mas no 12 de junho (década de 50), não era dia dos namorados, era o dia de PEDIR MARIDO pro Santo.
Moças, meninas moças, solteironas, todas se reuniam na casa da mãe mais dedicada a desencalhar as gurias. Avós, mães, madrinhas, tias, todas ajudavam a montar a cerimônia. Os pais ficavam na torcida, se a filha fosse uma desfrutável ou muito feia iriam ter problemas.
Quem se lembrar, me ajude, vou falar só das provas mais decisivas e impactantes. E tudo DE VERDADE, a coisa era séria. Quem não se casasse, teria que cuidar dos irmãos, dos sobrinhos, dos velhos da família, e ainda fazer os trabalhos de casa. Casar era ter a própria casa, mandar na vida, fazer sexo. Era uma festa! Muito riso, muita animação, segredos revelados, quem já beijou, tudo esquentando...
Então, as prometidas sentadas ao redor da mesa, as famílias preparando a festa, crianças enxotadas pra fora da casa,Santo Antônio, coitado, com toda a responsabilidade.
Mais ou menos assim:
- copo com metade de água, uma aliança de qualquer pessoa pendurada por um fio do próprio cabelo, pendurava dentro do copo, quase tocando na água; não podia mexer a mão, a coisa era meio sobrenatural, a aliança começava a balançar sozinha, e... quantas vezes a aliança batia no copo, eram os anos que faltavam para o casamento. Algumas devotas do Santo queriam morrer quando a aliança batia sem parar; mas como a moça ficava feliz quando davam duas ou três badaladas...O pior: quando a aliança ficava pendurada, sem se mexer...a criatura ficaria encalhada pro resto da vida!!!E ninguém roubava no jogo. Mas muito engraçado. 
- uma bacia grande com água, um barquinho de papel pronto para navegar na bacia, e ao redor,  por dentro, colados, papéis com o nome das casadoiras. Fazia um redemoinho na água, e, dentro do barquinho de papel o nome de um dos grandes partidos da cidade, conhecido pelo grupo, desde um garanhão lindão até o mais transparentes ou infeliz dos mortais. O barquinho iria parar num dos nomes. O pior ou melhor é que acontecia o casamento...
- num pedacinho de papel, escrevia o nome do desejado marido, enrolava bem e enfiava dentro de uma laranja:essa laranja ia pra cima da casa. Ficava toda noite lá. Na manhã de Santo Antônio, ia pegar a laranja, devidamente molhada pelo sereno ou geada da noite: se estivesse intacta, nada feito; se amanhecesse aberta, casamento na certa.
- copo com o dedo de todas, nomes dos rapazes colocados ao redor da mesa, alguns pontos de interrogação, falava-se o nome da moça casadoira, o copo escolhia.Interrogação era quando o pretendente ainda não tinha aparecido...Parecia o jogo do copo de hoje, quem sabe, esse jogo surgiu por causa desse desafio junino. 
- Segurar a vela pingando na água da bacia: formava uma letra, a letra DO AMADO! E aparecia! Não tinha como roubar...

E lá fora ficavam os guris,os moços, pretendentes e candidatos,nervosos, fumando e bebendo, esquentando a fogueira, esperando que o Santo resolvesse a vida deles...

E o Santo, coitado, todas as mães colocavam Santo Antônio em lugares estranhos, e enquanto a filha não casasse, o Santo ficaria preso, sem vela e sem oração.

Mas como era bom quando dentro da casa a função terminava,era uma gritaria, mocinhas enlouquecidas e alvoroçadas, moços ansiosos já aquecidos,  todo mundo ao redor da fogueira,  tinha música, dança, muito amendoim e quentão com e sem álcool, muito chimarrão passando de mão em mão, e as mãos passando.
...Pois o namoro vai ser sempre uma conquista e uma surpresa. 

Por mais que mudem as atitudes, continuam as escolhas.
 Ontem vi a live do Fabio Junior, hoje tenho a live do Luã Santana. Puro amor.  Pois namorar é bom.E não adianta querer só virtual.  Vou parar por aqui... Santo Antônio é terrível!

segunda-feira, 1 de junho de 2020

O COV ME PEGOU!


Foi uma noite de terror.
Eu não consegui engolir. Uma vez. Duas vezes. Tentei de novo. Nada. Não consigo engolir.Foi bem assim.
 Parei pra pensar. 
O que está havendo? Minha garganta fechou? Tentei de novo. Nada. Pequei a garrafinha de água, sentei na cama, enchi a boca de água. De novo. Nada. Eu não conseguia engolir.
 Pensei, vou levantar. Mas se eu cair no chão do meu quarto? Eu, sozinha. Não adianta chamar, não adianta gritar, o celular ficou carregando na sala. E já é tarde, nem vizinho vai me atender. As pessoas podem achar que eu estava louca. 
Mas...
Experimente ficar sozinho, de madrugada, sem conseguir engolir. Um dos sintomas da pandemia. Garganta que fecha.Até minhas pernas estavam frouxas.  
E se eu ligar do fixo que tem ao lado da cama? Chamar um filho? Um amigo? O que vai acontecer comigo? Vão me levar para o hospital, vou ter que deixar este meu isolamento com TV, celular, caminha bem quentinha,cozinha cheia de louça do domingo,foi um domingo tranquilo com sol e bergamota e muitas conversas pelo whats, pela janela, pela área aberta do prédio, comida, bebida, lives, muito whats até em grupo. 
Consegui engolir um pouco da água. Ainda consigo respirar. Mas não consigo engolir. E as dores já estão no pescoço. Nunca mais vou ver as pessoas que amo. 
É o ar. A falta de ar. 
O ar que a gente tem de graça, isso não vou ter mais. 
Acho que peguei o cov. Ou o cov me pegou. 
Acho que quando fui ao mercado comprar ovos.E resolvi comprar bergamota, também. Falei com uma pessoa que estava sem máscara, acho que foi aí, ela estava de longe, mas nunca se sabe. 
Ah, já sei! Foi quando peguei o celular da vizinha para olhar a foto do neto, mas ela também passou álcool gel.
Também esqueci de tirar o tênis ao entrar em casa. Devia estar cheio de cov.  Mas eu estava de máscara, passei álcool gel em tudo. 
Tudo passa como num documentário na minha cabeça, muitos flashes.
 E não consigo engolir direito. 
 Ainda bem que não tomei o zolpiden pra dormir, como vou dormir sem respirar? Dormir mesmo com zumbido dá certo, então! se esse remédio é para eu dormir mesmo com o zumbido gritando na minha cabeça, talvez seja a solução.  E se estiver dormindo, não vou me dar conta que não respiro. Tá.
Tomei o  remédio. Com água. Consegui engolir um pouquinho mais de água. O ar entrava e saía lentamente.Não lembro de mais nada.  
Abri os olhos. A TV continuava ligada, não foi pesadelo!  Devo ter apagado. Sempre fico apagada por 5 horas. Mexi pernas, braços, espiei aclaridade, quer dizer que eu estava vica e consciente. Senti o cheiro do frio. Engoli eu mesma. Eu continuava sem engolir direito. Levantei, fui ao espelho, não consegui ver minha garganta.  Sem dor no pescoço e nas pernas,passei e cheirei o café, estou com gosto e olfato. O café desceu devagar esquentando tudo,  e foi o melhor gole cheio que tomei na minha vida! Eu estava viva e, ao que parece, estou com laringite ou faringite ou qualquer outra ite. Vou esperar. Já estou acordada, escrevendo, rotina da manhã, já engolindo não muito bem, mas funcionando. 
Vou continuar observando. Ontem no mercado toquei em muitas bergamotas.E comi algumas. Não passei álcool gel nas bergamotas. Pois é.


GauchaZH