MINHA VIDA É UM PALCO

MINHA VIDA É UM PALCO
Somos como atores neste palco que é o mundo, as cenas são os dias e noites, e o roteiro quem escreve é a VIDA!A vida depois dos 60. É começar novo, novos horizontes, um mundo diferente e muito mais LEVE! A gente está sempre começando, sempre aprendendo...E aos 60 anos, a gente nasce de novo! A minha Infância da Maturidade! COMO SERÁ NOS 70?Na minha ADOLESCÊNCIA da Maturidade...CHEGUEI! Cheguei chegando imaginando a vida toda...70 ANOS! BÓRA LÁ QUE A VIDA TÁ PASSANDO!!!E até uma PANDEMIA!Nunca pensei ...De repente, ficar presa em casa, sozinha. Se sair, o CORONA VÍRUS pega. Horrível todo mundo sem se tocar.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

SURPRESAS DA VIDA


Quando a gente acha que já aconteceu tudo, vem a vida e prova que tem mais. 
Há um ano, tivemos uma surpresa de felicidade sem proporções de medidas. Dois bebezinhos passaram na minha frente, dois carrinhos com umas coisinhas tão lindas, olhinhos, mãozinhas, orelhinhas, tudo enrolado em panos brancos, eram dois anjos que caíram do céu de presente pra mim, pra minha família. Não pude pegar, mas EU VI, sim, EU VI, e sabia que esses bebês mudariam os rumos de nossas vidas. Duas presenças, dois lugares a mais na casa, na mesa, no carro, na rua, na escola, enfim, no Planeta. 
Já se passou um ano, e esses bebezinhos agora são bebezões, cada dia uma surpresa, bate-palminhas, come frutinha, come feijão, faz ó ó ó , faz bahum, aperta os olhos, dá risada, chora, se arrasta, se levanta, dorme, mama, de repente descobre um fiozinho, um papelzinho minúsculo e os dedinhos ali, como pinças...descobrindo o mundo. 
É indescritível a sensação de ter dois seres que modificarão todo o nosso mundo. Aquele espaço hoje está cheio dessas duas pessoas que chegaram chegando e conquistando um espaço tão grande...

Malu e Martin, meus M&M. 

Curitiba, 2 de abril de 2018.

Um dia após os Bigos completarem UM ANO neste nosso 
Maravilhoso Mundo M&M.

RESSURREIÇÃO



Começamos nossas histórias quando viramos SEXAS, ou SEXYS, como dizia a Mirinha. Estávamos todas na faixa dos sessenta. Tem muitas histórias dessa nossa fatia de tempo. A Mirinha não só agitava nossos dias, como tinha uma energia positiva empolgante e contagiante, não havia tempo ruim pra ela, que era capaz de transformar uma tragédia em razão pra defender uma causa ou manter o rumo. A dupla Bella e Mirinha eram presença importante e indispensáveis no nosso grupo. As duas tinham uma história de vida linda, infância, adolescência, fizeram família, política, profissão, se aposentaram e ficaram viúvas e ficaram nossas amigas. Sem mais nem menos, Mirinha teve um enfarte e morreu, assim como viveu, feliz fazendo bagunça. 
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 Desde que a Mirinha morreu, a Bella sumiu. Eu até achei que Bella tinha morrido com a amiga. 
Quando a melhor amiga morre, morrem junto as confidências, os segredos, os pensamentos compartilhados, aquela intimidade secreta. Com a melhor amiga só de olhar já se sabe o que está acontecendo.É um Universo compartilhado único, que vai embora com a amiga. Assim foi Bella com Mirinha. 
Depois de muita análise, psicólogos, psiquiatras, padres, curandeiros, Bella achou um geriatra que apertou seus parafusos. Resolveu voltar à vida. Voltar para nossa vida difícil de aposentadas. 
Ontem fizemos uma reunião para receber a ressuscitada. Por coincidência, Domingo de Páscoa, dia que Jesus resolveu provar que a gente não morre. 
Dia de festa de família, tivemos que inventar muitas mentiras pra juntar só as amigas nessa data. Sem poder dispensar o almoço de Páscoa com filhos e netos e coelhos e chocolates e celulares e whatsUpp, conseguimos nos reunir lá pelas 17 horas na casa da Bella. A Carioca, a mais entendida em rituais, preparou um roteiro de Iniciação - nesse caso, de Reiniciação, para marcar a volta da Bella às atividades. Quase dois anos sem Mirinha, quase todas nós já tínhamos resolvido essa morte súbita da amiga mais doida e alegre que tivemos, mas para a Bella foi o final dos tempos. A alegria da Bella, a realização da Bella, as emoções da Bella, a compreensão, as soluções, tudo da Bella estavam na Mirinha.
- Bella, você continua aqui, até Jesus ressuscitou pra mostrar que ainda há muita coisa a fazer. Está na hora de tocar violão de novo, de fazer churrasco e reunir a turma. E escrever.Precisas voltar a escrever. Amanhã tem aula, vamos estudar a psiquê, entender nossos traumas e desculpar o próximo enquanto está próximo. Quarta tem bolão e roda de samba, sexta tem curso de Top Model pós 60. Podemos até nos reunir no Tatu.
A Bella nos olhava como se fôssemos o próprio Cristo, estava pedindo um resgate da fossa que estivera enterrada. Seu olhar era um "como eu preciso de vocês". 
É muito interessante como as pessoas às vezes precisam de uma sacudida, de um empurrão - ou puxão. 
Pra isso, existem os amigos. Nem os familiares conseguem enxergar o que é uma depressão, acham que é frescura.E a Bella estava em depressão. Não era só tristeza.Não era frescura de idosa. Conseguimos a ajuda especializada de terapeuta, remedinho faixa preta anti-tudo, amigas unidas e resolvidas, Bella está de volta. 
A Mirinha nos mostrou o caminho de viver sem ter vergonha de ser feliz. 
Domingo de Páscoa.
 Renascer. 
Bella, bola pra frente.
Rumo aos 70.