MINHA VIDA É UM PALCO

MINHA VIDA É UM PALCO
Somos como atores neste palco que é o mundo, as cenas são os dias e noites, e o roteiro quem escreve é a VIDA!A vida depois dos 60. É começar novo, novos horizontes, um mundo diferente e muito mais LEVE! A gente está sempre começando, sempre aprendendo...E aos 60 anos, a gente nasce de novo! A minha Infância da Maturidade! COMO SERÁ NOS 70?Na minha ADOLESCÊNCIA da Maturidade...CHEGUEI! Cheguei chegando imaginando a vida toda...70 ANOS! BÓRA LÁ QUE A VIDA TÁ PASSANDO!!!E até uma PANDEMIA!Nunca pensei ...De repente, ficar presa em casa, sozinha. Se sair, o CORONA VÍRUS pega. Horrível todo mundo sem se tocar.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

DE DIA FALTA ÁGUA, DE NOITE FALTA LUZ






Abri a janela da rua, movimento de carros e gentes, vou ficar aqui, o que fazem quando falta luz? Sem telefone, sem TV, sem internet. Sem crédito no celular. Que sorte que meu Ipod ainda tem carga, as musiquinhas que ouço na academia ao ar livre, já é um barulho. 
Peguei salgadinhos, cervejinha ainda gelada. Sentei bem em frente à janela, ver o movimento inesperado.  Uma festa pra mim, com a chama fraquinha de uma vela de sete dias. 
Interessante como a luz dos carros cortam o escuro. E como as pessoas apressam o passo, as janelas se fecham, a vida como se estivesse acabando lentamente, o silêncio chegando. Um ruído de um helicóptero que sempre faz a ronda dos céus. Tudo escuro lá fora. Nem a lua.


E foi aí que eu vi! Meninos, eu vi! 
Passou um. Me olhando. Até parou um pouquinho na minha frente, fiquei paralisada, a coisa seguia e parava, estaria filmando?  Depois veio outro. Quase me enfiei embaixo da cama. Ensaiei um brinde com a latinha. Um ser vivo, silencioso, cheio de asinhas. Me olhando. Parava e seguia, de repente, seguia pra cima, pra baixo, para outras janelas. 
Serão russos? Serão americanos? Serão da Petrobrás?  
Quem fica nos espionando assim, na escuridão da noite? 
Fechei os vidros com medo que os bichinhos resolvessem entrar e participar de minha festa-no-escuro. 

         
      Noite de terça. Cheguei da aula na Universidade Federal do Paraná sabendo tudo de saúde mental, remédios, qualidade de vida, e da vida de meus colegas. Pronta para colocar os chinelos e ver bobagens na TV, afinal, já tinha informação para encher um cérebro mediano. Mas...SURPRESA! Sem luz. Todo bairro.Ou seria toda a cidade?Quem sabe, a luz do mundo acabou!
      


   Drones. Uma nova palavra no dicionário. DRONE. Espião, isso sim!



Ontem vi uma reportagem de imagens comuns de pessoas comuns divulgadas na mídia, sem consentimento dos filmados. Coisa dos russos. 
Acho que os russos estão chegando. 
Será? 
Ou serão os argentinos?


terça-feira, 4 de novembro de 2014

GAIOLA DE OURO X GAIOLA DE LATA





       E milhares sairam às ruas para pedir a volta da ditadura. 
       Como são felizes, por poderem expressar suas ideias. 
       Como é bom ter liberdade para lutar pelo que acreditam. 
 Isso me trouxe muitas recordações. E como é bom eu poder escrever e publicar essas lembranças.
            Aula de Cultura Brasileira, professora Darcila, 1973, UFSM, Comunicação Social, Jornalismo. Uma turma grande, um ideal à frente, lembro bem da pergunta que fiz:
- Professora, será que o Brasil algum dia vai ter de novo  Democracia?
           Não lembro bem o que ela respondeu. Lembro, sim, que em meia hora entraram uns milicos com metralhadoras, nos colocaram num camburão, nas salas do quartel nos ficharam, dedos sujos, impressões digitais, a volta pra universidade, dispersos, "ninguém pode andar em grupo", nos avisaram, "na próxima, vocês não voltam".Foi a segunda vez que fiquei sabendo na pele o que é ditadura. 
          Na primeira, ainda em Uruguaiana, um nosso grande amigo, ENTÃO militar, entrou na casa de meus pais como se não nos conhecesse, com uns vinte soldados, pegaram os livros de meu pai sobre política, tinha desde Gandhi a Lenine, de Stalin a Perón, era uma Enciclopédia, mais os MEUS  romances de Jorge Amado, entre eles, o livro-bandido: Os Subterrâneos da Liberdade, jogaram tudo na rua e tocaram fogo.
          Aprendi como os livros são perigosos e poderosos.
          Vi pessoas boas trabalhando e progredindo, um país crescendo e prosperando; vi pessoas boas perseguidas e desaparecidas, um país com   medo e se escondendo...
          
          Hoje eu me emociono quando nossos jovens e adultos e crianças e velhos e militares e civis podem se expressar. Qualquer que seja o partido. Qual seja a luta, de que bandeira.Nada vale a prisão do físico e das ideias. Tanto faz se a gaiola é de ouro ou de lata. Gaiola=Prisão.

                   
                            Liberdade. Como viver sem ela? 
                                 Eu não mais saberia...


sábado, 1 de novembro de 2014

HERDEIROS DO FACE






Fiquei com muito medo de ensinar a Mirinha a usar o FACE. Nem tive coragem de montar uma página pra ela. Ainda não está ativa, ainda não tive paciência para ensinar e Mirinha não consegue ficar nem cinco minutos no leptop. Mas as perguntas me arrepiaram o cabelo: 
- Bella, quando eu morrer, pra quem vou deixar o meu FACEBOOK?
- Mirinha, nem começaste...Não te preocupa, a gente avisa pros donos e eles tiram o mortinho..
Ela ficou me olhando de um jeito muito esquisito. Assim, como quando está planejando uma safadeza. E veio:
- Não quero que me tirem do Face quando eu morrer. Quero que minhas fotos, todas, fiquem eternamente pra vocês não esquecerem de mim. Só quero as fotos em que estou LINDA!   E deixo um pedido para  meus amigos postarem coisas lindas, tipo"Como a Mirinha era legal", "Que falta a Mirinha faz no Bar do Tatu","A Mirinha era chiquérrima", e no FACE me mandarem poemas e músicas e comidas e bebidas, chororô e saudades, tudo virtual. As flores que fiquem nos cemitérios dos mortos antigos, eu quero ser uma mortinha atualizada,  TRI faceira, sempre feliz!
Essa minha amiguinha tem cada ideia...Pensando bem...


Agora me caiu a ficha, a Mirinha está na crise do Dia dos Finados, todo ano, a mesma ladainha...ela tem uma foto da formatura que queria colocar no túmulo dela lá em Uruguaiana para as pessoas olharem e dizerem "Olha a Mirinha, como está bem", tem separada a roupa pro enterro, com óculos de gatinha, sapato de salto e maquilagem da AVON. Quando veio pra Curitiba, dizia que queria ser cremada e as cinzas jogadas no Barigui ou no Atlântico ou no Pacífico. Ou no Cassino. 
Agora, quer entrar no FACE pra bagunçar a rede e se conservar GATOSA(gata e gostosa).Aguentar a Mirinha eternamente...

Mas eu já sei de onde vieram essas novidades, a Mirinha viu um programa na TV que falava sobre como fica o nosso FACE quando a gente morre. A discussão tem fundamento: APAGAR ou PERPETUAR? Quem vai cuidar? Pra quem dar a minha SENHA? Será citada no testamento?
 Ninguém mais vai morrer. Tudo fica VIRTUAL.

Valeu a reflexão para esse 2 de novembro.