MINHA VIDA É UM PALCO

MINHA VIDA É UM PALCO
Somos como atores neste palco que é o mundo, as cenas são os dias e noites, e o roteiro quem escreve é a VIDA!A vida depois dos 60. É começar novo, novos horizontes, um mundo diferente e muito mais LEVE! A gente está sempre começando, sempre aprendendo...E aos 60 anos, a gente nasce de novo! A minha Infância da Maturidade! COMO SERÁ NOS 70?Na minha ADOLESCÊNCIA da Maturidade...CHEGUEI! Cheguei chegando imaginando a vida toda...70 ANOS! BÓRA LÁ QUE A VIDA TÁ PASSANDO!!!E até uma PANDEMIA!Nunca pensei ...De repente, ficar presa em casa, sozinha. Se sair, o CORONA VÍRUS pega. Horrível todo mundo sem se tocar.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

INTROSPECÇÃO

Coroados. Casa de praia reformada. Tudo novo.Eleninha também. Só fala naquilo.Fase da Loba.
Eleninha tomou o café da manhã que não tem café, um iogurte apenas. Quer manter a cinturinha assim, tipo violão, um biquíni daqueles, bem pequenininho, um triângulo equilátero na frente,barriga nenhuma, um triângulo isósceles atrás,um bumbum de propaganda de jeans, tirinhas ligando pontas com lacinhos tomara-que-me-desatem.Tapando os bicos dos seios, mais dois triângulos minúsculos suspensos por outras tirinhas, também aqueles lacinhos, esperando que puxem...Ninguém diz que está nos ENTA, nem que tem filha formada.Fartos cabelos ruivos, sardas na medida da pele muito branca.Giselle Bunchem morria de inveja, se visse...Mas quem viu foi o vizinho.
O vizinho passa todo o ano rezando pra chegar logo o verão.Everaldo, viúvo, um morenão de encher uma porta, parece um busto de nega baiana na janela, na espera que Eleninha dê as caras.Já estão no terceiro verão, ela passando e ele olhando. Deve pensar que é muita areia pro caminhão.Lá vem ela. Ele deve ter pensado é hoje que me encho de coragem e convido Eleninha pra tomar um sorvete. Eleninha podia pegar outro caminho pra praia, mas tem que passar bem na cara do Everaldo, saltitando nas pedrinhas da calçada.Lá vem ele, ela pensa, é hoje, os triângulos todos nervosos. Eleninha faz três verões que aguarda o ataque.Separada,  na falta, e o vizinho só olha e cumprimenta. OPA! Lá vem ele...Eleninha vira estátua. Everaldo, coragem, agora ou nunca.
- Olá, vizinha, chegou o verão!
- Oi, vizinho, como está você?
Ele fica bem na frente dela, como é grande, como é alto, apertando os olhos verdes na luz do sol.Vai convidá-la para um sorvete.Abriu a boca e saiu:
- Estou no maior tesão. Quero te comer.
"Tá, Eleninha, conta o resto, três anos desfilando na frente do Everaldo,o cara só podia explodir, sabe comé, homem pensa com os testículos, queria dizer sorvete,apenas expressou a ideia fixa"- a turma da praia esperando o desfecho. Ela diz que não aconteceu nada, que se assustou, um horror. Mas já avisou que este ano vai passar também o inverno em Coroados. 
"Sozinha?"perguntei. 
- É. Estou numa fase de introspecção.
 Sei.Mudou de nome, a fase boa:Introspecção.    

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