MINHA VIDA É UM PALCO

MINHA VIDA É UM PALCO
Somos como atores neste palco que é o mundo, as cenas são os dias e noites, e o roteiro quem escreve é a VIDA!A vida depois dos 60. É começar novo, novos horizontes, um mundo diferente e muito mais LEVE! A gente está sempre começando, sempre aprendendo...E aos 60 anos, a gente nasce de novo! A minha Infância da Maturidade! COMO SERÁ NOS 70?Na minha ADOLESCÊNCIA da Maturidade...CHEGUEI! Cheguei chegando imaginando a vida toda...70 ANOS! BÓRA LÁ QUE A VIDA TÁ PASSANDO!!!E até uma PANDEMIA!Nunca pensei ...De repente, ficar presa em casa, sozinha. Se sair, o CORONA VÍRUS pega. Horrível todo mundo sem se tocar.

domingo, 16 de setembro de 2018

NO AVIÃO - SEM VERGONHA DE FALAR COM ESTRANHOS

( Texto recuperado das anotações de viagem)

Viajar é sempre uma aventura. De avião, é meio complicado, às vezes.E eu viajo sozinha. Mas até casal pode ficar em assentos separados.


 Conversar ou não conversar? É uma questão.

  Em viagens domésticas curtinhas, nem tente falar, todo mundo tem pressa, saia da frente. Mas quando temos horas dentro de um avão, a coisa muda.  
  Tem vezes que a pessoa do assento ao lado parece múmia ou se faz de morto, de preferência fecha os olhos para se disfarçar, enterra a cabeça num livro ou travesseiro,ou adota o ar de paisagem, natureza morta, ou dorme de verdade ou de mentira. Dependendo se sou eu a múmia ou o morto,disfarço. Ou quando a gente senta ao lado de alguém, os dois a fim de papear,

as horas passam rapidamente; quando rola um papo bom, a pessoa fica como um parceiro de aventura, um personagem da história.


pixabay
Já viajei com indiano,neozelandês, chileno, uruguaia, colombiana, americano, chinês que nada falavam de Português, mas a vontade de compartilhar era tanta que a gente se entendia. Aprendi que não precisa saber falar outras línguas; precisa saber alguns substantivos e adjetivos do inglês,aqueles que garantem a sobrevivência em qualquer lugar do mundo, saber  pelo menos alguns verbos que nem precisa conjugar, a gente fala tipo índio brasileiro,muitos gestos universais, sorrir muito, fazer as perguntas dependendo da roupa, do cabelo, dos acessórios e do livro que está lendo.  E nunca esperar que alguma aeromoça ou algum aeromoço nos ajude. Só nos olham quando estamos indo embora e nem nos enxergam.Há raras exceções,que estampam um sorriso e nos olham nos olhos.Mas dependemos deles e delas. Assim como confiamos no piloto, mais do que em nossos pais. O avião é uma casa no espaço.Sem chance de abrir a porta e ir embora.Tem que saber conviver. 
Falar com estranhos não é proibido.


Confidências:
 O brabo é quando estamos com sono e o vizinho gostou do assunto.
Importante é saber pra onde o dito cujo vai, nas conexões. Quase sempre precisamos de ajuda. Sempre consegui.E sempre aprendo coisas. 
 Com los hermanos argentinos foi fácil, cresci na fronteira da Argentina e Uruguai, trabalhando em comércio, era cambio todo dia, pra lá e pra cá, portunhol direto. Viajei com uma colombiana que nada entendia de Português, foi um excelente exercício pra testar meu portunhol e a paciência: ela ficaria em Buenos Aires, conexão Bogotá, para ver a família depois de um terremoto, não sabia quem tinha sobrevivido e chorava tanto, que pedi várias garrafas de vinho até ela cantar, chorar e dormir.17 horas em cima do Pacífico aproxima qualquer vivente.  Em Santiago, um chileno jornalista em busca de espiões me  fez entender o Chile. Quem me marcou demais foi uma uruguaia,voltava da Indonésia onde deixou um marido na universidade de lá, um nativo por quem se apaixonou, ia visitar a família em Montevidéo, veterinária e pesquisadora, me contou tudo sobre o Uruguai; não é o paraíso que eu imaginava, o que o turista vê é uma ilusão. Foi a maior lição de Sociologia da minha vida!
Um indiano foi meu vizinho na Nova Zelândia, guardei a explicação do respeito às castas, com direito a desenhos perfeitos. O neozelandês só queria ver as pessoas da família dele no Brasil, irmã, sobrinhos, tia, descreveu todos, falando um portinglês muito engraçado.
 Mas foi um  chinês que me surpreendeu: me ensinou os cumprimentos e quando cheguei em Chicago, ele me levou até o terminal em que eu precisava trocar minhas passagens, meu voo atrasara, o horário apertado, se não fosse ele, eu teria perdido o voo - ele ia pra Tokyo para casar, isso mesmo, CASAR, estava trifeliz, me deu endereço e tudo.
Não falei do americano, era um homem imenso,voltava de Miami, ficou muito apertado e olha que os bancos eram grandes - do Texas - andava atrás de noiva brasileira, mulata,bonita, do samba, grande, para casar e ter filhos . Já fiquei de fora, nem mulata, nem do samba, mas falei que no Rio tinha muitas.
Interessante que não lembro do nome deles, eu tinha o hábito de anotar, mas deu preguiça de procurar as agendas... Só recordo o Pablo, que foi meu último companheiro de viagem, um peruano de Lima que mora há 20 anos em Camberra onde leciona, tem filhos nos EUA e na Alemanha, não pretende voltar para a terra, contou da pobreza e dificuldade de emprego na terra natal e de como falar inglês facilitou conseguir um trabalho na Austrália.Na chegada em Sydney, eu levava duas malas gigantes e ele apenas uma,na alfândega tive que abrir uma das malas que um entre biquinis, café, goiabada, Ipióca, pão de queijo yoki, guaraná Antártica, tempero de feijão, farinha de mandioca, roupas, Hawayanas,o guarda, um indiano, desistiu de revistar, eu falava sem parar, gifts to my kids, only made Brazil...Acho que ficou com peninha da vovó...Mas meu novo amigo peruano teve suas apostilas de Espanhol  retiradas, acho que confundiram com espionagem, não sei, tiraram tudo da mala dele, fiquei chocada, pois meu amigo de avião, professor,  tinha até trocado de lugar para eu ocupar três assentos, praticamente uma cama...

Morar nem que seja por algumas horas no avião tem suas surpresas. Parece trivial, porém, ouvir uma pessoa falar de suas experiências, famílias, políticas, histórias abre muito nossos horizontes. É viver no mundo.
No céu, literalmente, não é proibido falar com estranhos. 



2 comentários:

  1. Em viagem recente tive a oportunidade de viver tudo isso, Gladis. Eu e minha esposa ficamos em bancos separados (muito separados) Uma viagem de Porto Alegre ao Panamá são mais de 5 horas. Foram várias experiências: pessoas que gostam de conversar, outras não. Estendo o assunto para quando participamos de cruzeiro, onde sentamos todos os dias com pessoas estranhas. Várias etnias, costumes, idiomas. E o engraçado é que sempre havia comunicação. Aliás, quem estava ali era para se divertir, conhecer, interagir. O resultado foi positivo. Depois disso, hoje peço licença num restaurante para sentar junto de outras pessoas. Geralmente consentem. Daí surgem novas amizades. (eu acho que estou ficando velho rs rs rs)

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  2. Muito bom teu comentário, saberes que compartilhas minhas viagens neste blog que me aquece a alma, e obrigada pela dica do Cruzeiro, estamos preparando um para o próximo ano, com certeza, vou procurar estranhos para aprender novas vivências.

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