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A festa estava animada, danças, teatro, poemas, canções, emoções, alunos e professores confraternizando. Mas ainda faltava o nosso professor de Espiritualidade. O Teólogo Prof. Ms. Renato Barbosa, que consegue ativar todos os neurônios, deuses e demônios da minha cabeça.
Foi assim que ele falou ( ou quase assim):
"Desculpem o atraso, mas eu estava atendendo uma família de refugiados. Eles não têm onde ficar, já bateram em muitas portas, ninguém lhes dá abrigo. Estão longe da terra natal, cansados, famintos, com fome e frio. Perseguidos pela barbárie, vítimas de poderosos,fugindo da própria Pátria. Perseguidos.Essa família já bateu em várias casas e só encontram portas fechadas. Um casal, com um filho."
Eu já me colocava no lugar das "portas fechadas". Já vi haitianos, sérvios, iraquianos buscando abrigo. Na TV, ou ao vivo e em cores. Milhares morrem todos os dias tentando chegar a um lugar para viver.(?) Nunca teria coragem de abrigá-los em minha casa. E desde que nasci, tantas pessoas nas ruas. Brasileiros, como eu. As pessoas têm medo de abrir as portas. Pelo contrário, nós enchemos nossas casas de grades. Esses pensamentos me acusavam de egoísta, de preconceituosa. E não era só eu, via meus colegas se mexerem, assim, incomodados.Será que ele iria pedir pra nós o abrigo pra essa família?
A voz do Prof. Renato me tirou do instante reflexivo:
"O nome dele é José. Sua mulher, Maria.
E o bebê se chama Jesus."
Não sei contar tudo, mas foi quase assim. Eu não conseguia falar. Engasguei. Meus colegas silenciaram todos. A história se repete.Todo dia, toda hora.
Quem abrigaria um refugiado, com mulher e um bebê?
( Talvez um cobertor velho, um pão amanhecido, e que se acomodassem embaixo da marquise do edifício...Jesus, Maria e José. Na Terra Prometida...)
Doeu? Doeu.
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