MINHA VIDA É UM PALCO

MINHA VIDA É UM PALCO
Somos como atores neste palco que é o mundo, as cenas são os dias e noites, e o roteiro quem escreve é a VIDA!A vida depois dos 60. É começar novo, novos horizontes, um mundo diferente e muito mais LEVE! A gente está sempre começando, sempre aprendendo...E aos 60 anos, a gente nasce de novo! A minha Infância da Maturidade! COMO SERÁ NOS 70?Na minha ADOLESCÊNCIA da Maturidade...CHEGUEI! Cheguei chegando imaginando a vida toda...70 ANOS! BÓRA LÁ QUE A VIDA TÁ PASSANDO!!!E até uma PANDEMIA!Nunca pensei ...De repente, ficar presa em casa, sozinha. Se sair, o CORONA VÍRUS pega. Horrível todo mundo sem se tocar.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

NA BOCA DO MONTE ou Uma Tragédia Engole a Outra

De volta ao Rio Grande do meu coração, depois de passar o melhor carnaval do mundo no Cassino, com meu marzão, vento e areia , churrasco na praia, amigos, parentes, uma grande festa, "me fui"pro centro do RS. De buzão, quase sete da tarde, quase chegando em Santa Maria, os outdors em branco com imensas letras pretas LUTO. O clima quente ficou pesado, uma cidade toda em luto.  Santa Maria. Fevereiro de 2013. Duas semanas depois do dia 27 de janeiro. O choque não foi maior do que os dias seguintes. Cada momento de lembrança deságua nos olhos e aperta a garganta. Não sei quantos anos levaremos sentindo toda a dor da tragédia que levou mais de 200 sonhos e desejos de apenas uma noite de prazer. Quando tem gente nossa, a desgraça é maior. A dor coletiva oprime o peito, fiquei assim em 11 de setembro de 2001, pessoas muito queridas andavam por lá. O desastre da TAM, parentes de amigos. Naquele domingo, a TV mostrando o incêndio, eu em Curitiba,sobrinhos jovens em Santa Maria. Enquanto não ouvi a voz deles no telefone, quase morri de angústia, um desespero de medo. Presenciei uma cidade em LUTO. As imagens toda hora entrando em nossas mentes. Cada pessoa tinha alguém conhecido ou filho ou aluno ou colega que morreu na câmara de gás da boate, ou esmagado pelos próprios colegas. A tragédia ainda vai assombrar todo mundo por muito tempo. Pela eternidade, nas famílias que perderam seus jovens. Doeu muito essa minha visita a Santa Maria. 





Mas a vida nos empurra para a frente, e as lembranças nos mandam para trás, e por muitos anos fiquei com um trauma cada vez que ouvia falar em Santa Maria. Acho que eu tinha 8 anos, lá por 1950... Podem dizer que foi uma bobagem de criança, mas doeu por muito tempo. Como pode...Foi assim: Minha família vinha de Uruguaiana para Porto Alegre, tudo na Kombi zero km,  pai, mãe, 5 irmãos nos bancos de trás,fogão, panelas, bujão de gás, comida, tinha que cozinhar, uma ponte com sombra na estrada de chão, e dormir em Santa Maria, metade do caminho, pois a viagem durava dois dias.
 Parentes Antunes do meu pai, ficamos na casa deles,acho que na Bozano, ficava numa das subidas e descidas, não é à toa que chamam Santa Maria da Boca do Monte. Então, noitinha, pra dar uma folga na casa dos parentes, meu pai contou uns pilas e deu pra minha irmã mais velha comprar sorvete, UMA bola pra cada. A sorveteria, duas quadras lá em cima, nós acostumados com a horizontalidade de Uruguaiana...Na volta, descendo a lomba, emocionada com a casquinha e a bola de sorvete de chocolate, tinha até pena de lamber a obra de arte. Tropecei, a bola voou longe. Esborrachou na calçada. Chorei demais. Ninguém me ajudou ou me ofereceu sequer uma lambidinha...Quem mandou ser abobada...Bem assim. Jurei que nunca mais voltaria naquela cidade. Durante anos odiei Santa Maria. Uma bola de sorvete. Uma grande perda para aquela criança. Por muito tempo sonhei com "aquela" bola de sorvete. Como odiei Santa Maria.Queria tanto que hoje a dor fosse por causa de uma bola de chocolate.



















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