Sempre surge algo interessante. Em Guarulhos, depois de uns trâmites de aeroporto internacional, muita fila, gente de todo tipo, me dá uma vontade de descrever...Mas o que foi muito ruim: a comida antes do embarque, nunca mais on board sem jantar antes!!!!E a comida no voo também, nem perto de 2002, pela mesma United Airlines! Cerveja, uma latinha só, café, um pãozinho com maçã - gurf ! Tinha um degrau lá por cima da Amazônia, o avião deu uma sacudida, era só mulher gritando, e um homem urrou bem atrás de mim, que gente fiasquenta! Turbulência, como sempre, a energia da floresta mexe muito com todo o espaço, de repente, estávamos galopando...Mirinha se urinou, o brigadiano que nunca tinha feito um voo num avião tão grande se fez de morto, de moreno ficou albino, mas os lábios diziam ave-maria...Minha vizinha, pra variar, diretora estadual aposentada, me apertou tanto o braço que até agora estou roxa. Mas passou: chegamos a Chicago prontos para ser deportados, todo mundo nos assustou: estão criando problema pra brasileiros, fechem a boca, não digam nada, os gringos não querem velhos pra terem que sustentar...bonito, isso...thanks, friends. O gringão que pegou meu passaporte só me filmou, gravou as digitais, nem leu bem o nome nos 3 passaportes que tenho( o visto está no 1º, vale até 06/2012), eu queria que me perguntasse, passei dois dias decorando o texto que meu filho escreveu numa carta " mãe, não vai te contradizer, diz isso sempre" e eu ali, esperando, e nada. Deu uma carimbada e me mandou embora. Que desgosto! Não se fazem mais americanos nem customs... Nunca vi um aeroporto tão grande.
Chicago é uma cidade planejada, parece Uruguaiana ( mil por cento maior), tudo bem retinho, as quadras desenhadas, juro que vi de lá de cima. E só a ala da United tem 34 gates, com lojas, restaurantes, lancherias, trens, escadas rolantes e esteiras, mesmo assim, quase tive uma coisa no corredor dos trens, limpos, imensos, ninguém pra informar, ainda bem que sempre tem um brasileiro com camiseta do Grêmio, acho que dão essas camisetas em cada canto do planeta...Essa praga me persegue sempre, que fazer...Tinha que ir do Internacional ao Doméstico.
Pegar a mala, fazer check in de novo, e passar nos customs. Bem feito pra mim. Queria ser checada? Estava viajando DENTRO do país do Obama( ou que ELE pensa que é dele...).Aí a coisa ficou preta. E que preto!
Então... comecei tirando a gabardine( tipo Al Capone), a bota da Zutti, anel, brincos, óculos, computador, quase me mandaram tirar a chapa( meus lindos dentes), pisei num tapete preto, me deram um " Mãos ao alto!", levantei os braços para ser filmada, e um apito! O negrão lindo que me colocou na cela de filmagem me empurrou para outra cela, veio uma moreninha com quepe e algemas no cinto, me apalpou toda...( na hora boa, o negão saiu), pois, eu esqueci de tirar a bolsinha de pano que fiz, com FECHE ECLAIR e tudo, com meu dólares, escondida apertada na calcinha... ( desde que me roubaram em POA, faço isso). Pegou minha bolsa, eu dizendo MY MONEY, MY MONEY ( não pode levar mais que dez mil) - ela olhou aquelas notas, pouquinhas, me devolveu a minha pochete íntima, um último olhar, e eu esperando que ela chamasse o negão... Não foi dessa vez que saí nas manchetes: " Brasileira presa por transportar 500 dólares na calcinha". Vesti-me, a bota nova da Zutti não entrou, meus pés inchados de vergonha, ainda bem que tinha uma sandalhinha dos camelôs da igreja do Cassino na bolsa. E estava no portão 34. O meu era o 2. Meia hora pro embarque. Fui, correndo pelas esteiras, com coisas maravilhosas passando por mim, e eu esbaforida, nem pude mirar. Afinal, cheguei. Meu gate era o C2, " y al final del passilho", peguei um long black coffee, uma água e um sanduíche natural na Starbuck.
Tinha um caubói e uma gringa imensa de bota e casaco de couro e pele, acho que vinham do Pólo Norte, eu morrendo de calor, vinda de um momento de terror. Ainda bem. Já pensou se não fosse minha bolsinha? E a adrenalina? E as estórias pra contar pra vocês? Tão tá. O voo pra Miami, viagem doméstica, o avião deve ser da 2ª guerra, pequeno, um banheiro muito apertado, as aeromoças pareciam as gurias da escola normal( magistério, hoje), blusa branca, saia marinho, sem pintura, mas muito simpáticas, lanche só comprando, mas eles compram, dá-le uísque, então, o povo entra com todo tipo de comida e bebida, a piloto quando falava MIAMI na fanha do microfone, suspirava. Tudo muito caseiro, eu podia ter trazido minha galinha com farofa... 4 horas. Lá estava um negativo, Miami 30 graus! Minha Fadinha The First e Momoso me esperando.
Essa foi a viagem. Emocionante, graças a Deus!
(A Mirinha? Não sei como foi, de Chicago se mandou pro Arizona, temos uma parente-amiga de infância lá. E ela com um brigadiano a tiracolo. )
A vida começa aos 60 anos. ATUALIZANDO...a vida começa aos 74. Agora, já estou com 75. A pandemia do Corona Vírus passou. A COVID se transformou em doença, que precisamos tomar vacina todos os anos, o vírus se transformou em coisa igual sarampo. POR ENQUANTO, estou escrevendo, copiando crônicas que escrevi nesses tempos de estranheza numa realidade de idosa. QUANDO eu ficar velha, talvez não tenha vontade de escrever mais.
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