Tem um dia em que dá uma vontade danada de escrever e parece que as palavras não aparecem na nossa telinha interna. Muitos assuntos e nenhum de interesse público, mas como eu gosto de escrever para mim mesmo, lá vai.
Um sol maravilhoso lá fora, hoje, neste planeta de concreto lindo onde estou agora, tem tanto shopping e tanto parque, mas bateu uma saudade imensa do mar, surge uma imagem que desperta a necessidade de estar na imensidão da praia do Cassino, um horizonte infinito feito com água e a areia como uma estrada sem fim, protegida pela cordilheira de dunas que esconde o continente, deixar o carro pertinho das ondas, abrir a cadeira de praia já com pontos de ferrugem do verão passado, tomar um banho de protetor solar, óculos escuros, chapéu verde e amarelo da Austrália, a garrafa de água na sombra da cadeira, ainda não abrindo o guarda-sol que fica espiando de dentro do porta-mala, um livro bem bacana daqueles que não precisa de política nem filosofia, é só desculpa mesmo para abrir e ficar sem ler, o olhar na água, nas ondas, nas gaivotas, nos cães livres de donos e coleiras correndo as gaivotas que voltam, neste mês de Setembro em que ainda a praia é só dos cassinenses, pensar parar no Guanabara, na volta pra casa, conversar com pessoas que também estão com o mesmo programa, comprar uma costela e um fardinho de Brahma e um saco de carvão, e quando chegar em casa e estiver preparando a carne, um pão com alho e salsichão para aperitivo, enquanto o carvão pega fogo, ouvir os Serranos, ou o Passarinho ou o Armandinho ou o Fred Mercury ou Kleyton e Cledir, nem interessa muito, tem é que ter música. Aquele som. E bem alto. E o cachorro cheirando, sabe que vai ter pra ele também.
Escrever tem suas vantagens. É catarse. É dizer como o Capelo Gaivota:
LONGE É UM LUGAR QUE NÃO EXISTE: QUANDO SE PENSA, JÁ SE ESTÁ LÁ!
E quando se escreve, diminui a saudade.
Mas só diminui.
A vida começa aos 60 anos. ATUALIZANDO...a vida começa aos 74. Agora, já estou com 75. A pandemia do Corona Vírus passou. A COVID se transformou em doença, que precisamos tomar vacina todos os anos, o vírus se transformou em coisa igual sarampo. POR ENQUANTO, estou escrevendo, copiando crônicas que escrevi nesses tempos de estranheza numa realidade de idosa. QUANDO eu ficar velha, talvez não tenha vontade de escrever mais.
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