Ontem não deu pra escrever. Uma amiga me chamou: "Estou com um problema grave. Meu marido está me traindo." Eu já estava pronta para começar a falar do John Parker. Mas, é a VIDA, e é bonita, é bonita...menos pra minha amiga. Fui lá, na casa dela, o marido já havia saído, mesmo assim não é bom facilitar, ninguém podia ouvir nossa conversa. Num clima de suspense, falei baixinho " vamos para a praia", pegamos guarda-sol, uvas geladas e nos espalhamos na areia molhada do Cassino, um sol maravilhoso num céu muito azul com as ondas fazendo aquele barulho que só um marzão sem fim pode fazer.Ninguém conhecido, ficamos mais ao sul, mesmo assim tinha muita gente. Falando baixinho, nunca se sabe, esperei a revelação. Foi bem assim: " ELE anda comprando roupas novas, e sapatos! nem sei quantos! Nunca usou perfume, dizia que macho não usa, mas agora usa um muito bom, por sinal - até perguntei se ELE não é mais macho, me olhou - estás me estranhando? - e quando se deita ao meu lado, procurando não se encostar, coloca as mãos atrás da cabeça, fica olhando o teto e suspira, fundo.Tem mais, chiclete. Aqueles, pastilhas verdes, nunca foi disso.Mascando, com muitos nos bolsos. E quando toca o celular - de dois chips, sempre na cintura - atende muito e me diz: reunião na firma - nunca houve tanta reunião, inclusive à noite. Então, tem ou não tem mulher no meio?"
- É, pois é, que posso eu dizer? Não sei, é muito arriscado afirmar qualquer coisa. Que situação... Se ELE fosse garotão, mas com 50 anos...
Minha amiga ainda reflexiva:" ELE até já passou da idade do lobo, podia até virar viado, e agora essa... Será que é alguma guria que quer tirar a grana dele? Será que as reuniões na firma são verdade?"
- Roupa e sapatos novos, celular com 2 chips muito vigiado, chicletinhos verdes, perfume, olhar distante, sonhadores suspiros, reuniões de negócios à noite... Será?
A vida começa aos 60 anos. ATUALIZANDO...a vida começa aos 74. Agora, já estou com 75. A pandemia do Corona Vírus passou. A COVID se transformou em doença, que precisamos tomar vacina todos os anos, o vírus se transformou em coisa igual sarampo. POR ENQUANTO, estou escrevendo, copiando crônicas que escrevi nesses tempos de estranheza numa realidade de idosa. QUANDO eu ficar velha, talvez não tenha vontade de escrever mais.
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