Como sempre acontece nas minhas manhãs, estava ontem eu rabalhando no leptop e ouvindo o programa Polêmica de Lauro Quadros, o assunto: "Analfabeto é o Tiririca?" ou "Analfabeto é quem sabe ler e não lê?" - este úlimo foi o Mario Quintana quem falou. Fiquei ligada, concordando com alguém que disse"a eleição do Tiririca é o retrato do povo que votou", polêmico, isso - e irritada com um outro que encheu a boca ao dizer "ler é ler Proust, Joyce, Shakespeare"( será que ele leu, mesmo, ou acha chic ser chic?).
Quando dava aulas de Literatura, eu me indignava quando lia comentários de intelectuais que negavam a Jorge Amado e Paulo Coelho a classificação de LITERATURA;como não, se tínhamos milhões de brasileiros e dezenas de traduções para outros países desses autores, bem ao gosto de leitores?
Conto nos dedos os alunos que começaram a ler pelos clássicos. E com os que eram obrigados POR MIM a ler Machado, "Os Sertões", Homero, e quase choravam...de raiva da professora. "Eu também passei por isso, tentava consolá-los". Quando estava desistindo de ser professora, apareceu Marcelo Rubens Paiva com Feliz Ano Velho - um escândalo, na época, críticos crucificando o rapaz que se jogou de cabeça numa poça d'água pensando que era um rio( imaginem que viagem!) e ficou paraplégico. Foi um sopro de incentivo na minha profissão e no que despertou nos alunos. Todo mundo lia e discutia, um jovem falando de assuntos atuais e conflitos de jovens - coisas da época - alguns meio envergonhados, não se falava abertamente como o Marcelo, eu mesma tinha medo que meus alunos resolvessem fazer as mesmas viagens do Paiva...Mas liam, porque tinha a VIDA! e depois procuravam outros livros. De Madame Bovary a Quincas Borba, de Jorge Amado a Luís Fernando Veríssimo ( O Analista de Bagé foi até dramatizado), consegui introduzir algumas leituras... poemas, pessoal, poemas! E filmes: Lembram do " Sociedade dos Poetas Mortos"? Um momento só de prazer nas nossas aulas...Subimos todos nas mesas, assim como no filme...Joguei os críticos para as discussões com meus colegas intelectuais na mesa do bar - ah, como é bom discutir interminavelmento toda a noite, mesmo que nada se lembre no outro dia - e fui com meus alunos buscar o mundo quase real. Hoje eu defendo que o importante é ler o que se gosta. E que a literatura do atual, que eu denomino "da época", é bem interessante, mesmo que não entre para a Academia a disputar cadeiras com um "Marimbondo de Fogo" -quem leu?
Daí a buscar as profundidades, é um passo. Pois não é que Mario Quintana tem sempre razão? "Pessoas infelizes não sentem saudades".
Ah, quase me esqueci: de segunda até ontem, recebi muitos telefonemas e e-mails comprando POLIMERASE. Fruto da telinha do ex-gordo? BELLABEREG ficou bem faceira!
A vida começa aos 60 anos. ATUALIZANDO...a vida começa aos 74. Agora, já estou com 75. A pandemia do Corona Vírus passou. A COVID se transformou em doença, que precisamos tomar vacina todos os anos, o vírus se transformou em coisa igual sarampo. POR ENQUANTO, estou escrevendo, copiando crônicas que escrevi nesses tempos de estranheza numa realidade de idosa. QUANDO eu ficar velha, talvez não tenha vontade de escrever mais.
É muito gratificante sentir em um Mestre esta preocupação em proporcionar ao jovem o gosto pela leitura.Eu não tive este privilégio.
ResponderExcluirHoje tenho!
Ah, sou feliz!!!