Sabem que existe Laboratório de Estudos do Luto e Intervenções sobre o Luto na PUC de São Paulo? Eu não sabia até ler na revista.
" O LUTO se compara à imagem de um caleidoscópio - os sentimentos dos enlutados, conflitantes e contraditórios,se rearranjam numa composição diferente e inesperada. E cada indivíduo sente de uma forma. O luto não é UM sentimento, é um turbilhão deles. o Luto é uma tempestade dentro do coração."
Moacyr Scliar, nosso grande escritor, morreu ontem. Imagino cada leitor, cada colega, amigo, parente, cada um, com um caleidoscópio. Alguns cheio de cores e formas coloridas e alegres, com tudo que esse homem fez de bom. Outros, de uma cor só, talvez roxa ou preta ou branca, a dor dolorida da falta, da saudade de filho, mãe, ou companheira. De que cor é cada sentimento? O meu caleidoscópio onde ficou Moacyr Scliar tem uma imagem cheia de letras, uma coisa que ele disse quando perguntaram por que ele sempre falava dos judeus: "É para que não se esqueçam." Imagino que o caleidoscópio do Scliar com o luto dos judeus devia ter cores tristes, para nunca mais esquecer. É quando a dor fica latente: parece que acabou, mas está sempre lá, esperando, para doer de novo a cada lembrança. O luto coletivo, gerações queimadas em fornos, em câmaras de gás. Tragédias como terremotos, guerras, acidentes. Pessoas que morrem sem que haja a previsibilidade, a circunstância. O luto inesperado. Dizem os estudiosos que esse dói mais. Porém...luto é luto. Eu penso que sempre dói. Enigmático. Caótico. Inevitável, posto que somos todos finitos.
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