A vida começa aos 60 anos. ATUALIZANDO...a vida começa aos 74. Agora, já estou com 75. A pandemia do Corona Vírus passou. A COVID se transformou em doença, que precisamos tomar vacina todos os anos, o vírus se transformou em coisa igual sarampo. POR ENQUANTO, estou escrevendo, copiando crônicas que escrevi nesses tempos de estranheza numa realidade de idosa. QUANDO eu ficar velha, talvez não tenha vontade de escrever mais.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
EU QUERIA
Eu queria acabar com a fome das criancinhas da África. Eu queria abrigar todos os refugiados que ficaram sem pátria. Eu queria que os terroristas parassem de aterrorizar o mundo. Eu queria que essa lei da vantagem brasileira nunca existisse e as propinas não fossem uma vergonha institucionalizada no meu país. Eu queria que a violência fosse um substantivo abstrato, apenas. Eu queria que o trabalhador recebesse um salário compatível com seu esforço. Eu queria que a escola fosse o melhor lugar do mundo para os jovens. Eu queria que as famílias se reunissem para celebrar a vida de agora e não apenas para chorar em velórios.Eu queria rir e cantar mais seguido...
Eu queria!
Tenho certeza de que não sou a única.
Assim eu estava tão, mas tão triste,quando chegou uma pessoa assim, do nada, perguntou se podia me dar um abraço. Fiquei meio desconfiada. Por que eu ganharia um abraço? O que eu fiz para merecer um abraço?
Nós nos abraçamos.
- Tenha um Ano Novo cheio de Saúde, de Amor, de Paz.E se vier dinheiro, a gente aceita.
Rimos.
Eu não sabia. Não sabia o quanto eu estava precisando daquele abraço. Eu queria...
As pessoas ao meu redor também se abraçaram, parecia mágica...Efeito de afeto.Tudo que eu queria, agora, aconteceu.Por um instante. Um instante em que só o que importa é ser feliz dentro de um abraço.Um mundo abraçado. Cheio de Esperança.Efeito de afeto.
É a minha Fatia de Tempo de 2017. Meu gostinho de eternidade.
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( Acabei de cortar uma Fatia pra ti. Com um abraço.)
Feliz Ano Novo!
sábado, 1 de outubro de 2016
EU VOU VOTAR NO VICE
Falta menos de um mês para as eleições 2018.
Hoje, só mudei as datas. Já escrevi sobre os vices na eleição para prefeito. Agora, aproveito a mesma postagem e reformo, economia de pensamento.
Fui pesquisar na História e em 1889 as eleições para presidente e vice eram separadas. O Mal Deodoro da Fonseca proclamou a república e foi eleito presidente, o Floriano Peixoto foi eleito VICE e deu um golpe no Deodoro, nos senadores e deputados e ficou de presidente, abrindo uma carreira de sucesso para os VICES do Brasil.
Nilo Peçanha era o vice do Afonso Pena, que morreu de pneumonia.Os vices sempre assumem quando os presidentes morrem, como aconteceu quando Getúlio Vargas se matou, maior tragédia da história, por enquanto, e o vice Café Filho assumiu, feliz da vida.
E tem o Jango, o vice João Goulart, que encarou o lugar do presidente Janio Quadros, o presidente que proibia biquini nas praia e varria vassourinha pra baixo do tapete. Jango, o vice que se ferrou e teve que fugir na ditadura.
E vieram militares que não tinham vice, que bobos não eram.
Presidente eleito,Tancredo Neves, tão querido, esperança para o Brasil, morreu com um nó nas tripas e nos mandou de presente o vice Sarney, que nomeou o povo fiscal do povo.
Os caras pintadas tiraram o presidente bonito Collor e nos deixaram o vice topete Itamar, esse tinha um fuquinha e se deu.
Eleições são assim: para chegar lá, no poder, partido se junta com partido pra conseguir aparecer na Globo, foi aí que o Lula PT se aliou com o inimigo PMDB para conseguir eleger presidente a Dilma. Quem se une com o inimigo, deixa Temer de presente.
Convenção do PT em 2014,Lula elege Dilma e o Temer de presente. |
Por isso, eu estou analisando os vices. Devia voltar a lei de votar separado. Pois o vice sempre fica torcendo pra acontecer alguma coisa...
Estou analisando os candidatos a VICE. Ele ou ela.
Não é mole, não. Vamos ter que engolir.
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
LUZ NA BOCA DO TÚNEL
Sabe aquilo de "morro e não vi tudo"?
Pois comigo isso não acontece. Estou vendo não tudo, mas outro tudo, pois cada dia tem um tudo diferente.
A ideia de um Ensino Médio atualizado, isso é uma LUZ pra todo esse universo de adolescente que fervilha de ansiedade pelas descobertas.
Poder escolher. Participar de atividades "tudo a ver".
Estou falando das possíveis alterações na base do Ensino Médio.
Português será sempre base, é a base da comunicação. O ser humano precisa se comunicar ou não existe. Matemática explica todo o mecanismo da existência. Não são apenas números. É a diferença entre o todo e o nada. Inglês é sobrevivência profissional.As outras disciplinas são necessidades individuais.Formadoras de opinião, decisão, personalidade.Pessoa. Coisa de cada um.E a perspectiva do turno integral, é tudo que eu queria.
Como pra tudo tem uma historinha, eu tenho a minha:
obaratodefloripa.com.br |
"Como era bom!"
A gente ia pro colégio só sabendo que tinha que ir e voltar com um boletim sem vermelho. Estudava porque tinha que estudar e pronto. O que vai ser quando crescer era escolhido pelos pais e responsáveis e pela sociedade: Professora, médico. advogado, engenheiro, se tivesse um DR na frente do nome, se ganhasse bem, era suficiente, estava feito na vida.Obrigatório pra todo mundo era Português, Literatura, Matemática, História, Geografia, Biologia,Química, Física, Ed. Artística, Ed. Física,Inglês,Religião. Uma gaveta pra cada coisa.Eu fiz Escola Normal. Tinha mais as didáticas.Didática de tudo.Francês, Latim.Filosofia, Sociologia,Psicologia.Esportes. Exigência da época. Não estava errado. Estávamos em curso. Era assim que devia ser.Pai mandava. Professor mandava. Aluno obedecia, ou fingia, mas fazia.
Pra mim era tudo bom, só no colégio a gente se encontrava com toda a geração, amizades e namoros. Ir para o colégio era tudo.Tinha até reunião dançante. Como era bom ir para a escola, a gente aprendia cada coisa...Fora da sala de aula, mas dentro do colégio. Isso era a característica mais importante. Isso era bom.
Fora da escola, quem podia comprava a BARSA - uma enciclopédia que tinha tudo. Quem não tinha dinheiro, brincava de roda.Ou trabalhava. E assim era.O mundo jovem era dentro da escola. Mundo adolescente. Lá fora era vida de adulto.
Depois da TV, depois dos computadores, agora os celulares que têm TV e computador e enciclopédia, a ideia é "o que vou ser agora". Os adolescentes estão produzindo tudo de tudo. Olha o YOU TUBE. Olha os vídeos. Olha os robôs.O mundo é maior do que a escola. Aos dez anos a criança já conhece mais do que os adultos do século, do milênio passado (eu, por exemplo). Aos 14 ou 13, entra para o Ensino Médio e a criatura é obrigada a engolir tudo o que gosta e o que não gosta. Só que hoje não precisa mais. Na primeira oportunidade, o aluno se manda, tem um mundo melhor lá fora. Nem o professor é mais um poço de sabedoria. O professor não tem um computador no cérebro. É gente. O professor é uma criatura que vive nesse novo mundo e também quer produzir conhecimento. Não é um robô. Também quer prazer no trabalho. A liberdade do aluno passa pela liberdade do professor.Professor dono do seu nariz, um professor especializado, que conduz, que desperta a curiosidade para as coisas realmente necessárias. Com seu arquivo pessoal e intransferível, com capacitação e - sonho nosso - salário digno.
Qualquer mudança na educação levava 10 anos pra cada vírgula; hoje, não pode demorar tudo isso. Com toda a tecnologia que temos nas mãos, as gavetas são abertas, é um contâiner compartilhado, num clic temos a informação e a resposta. O ENEM abriu as comportas. Unificou o Brasil. Nosso país deixa de ser uma colcha de retalhos para ser uma aldeia global. O conhecimento é tudo.
Aqui volta uma exigência de todos os tempos. Precisamos do jovem na escola. Senão dentro da sala de aula, mas dentro da escola. E essa escola precisa ser cativante.
Vi,a poucos dias, uma Universidade aumentando as áreas de convivência, salões, salas, cantinas, bares, parques. Dentro do campus. Pra que o aluno tenha prazer em ficar ali. Usar o computador junto com os outros jovens.Isso parece utopia para o Ensino Médio? Não é. É projeto.
Perguntei pra minha colega também aposentada, professora de Educação Física, o que ela achava de sua disciplina não mais ser obrigatória. "É tudo que nós sempre quisemos, o aluno vem porque se sente bem. E hoje, com a exigência da atividade física para o bem estar do corpo e da estética, que os jovens tanto valorizam, teremos alunos e professores com mais foco e mais vontade. Mesmo com esse salário..."
Qual é o professor que deseja alunos de má vontade na aula? Eu, professora de Literatura, tinha uma vontade de mandar sair quem quisesse fazer outra coisa, mas não podia. Minha colega de Artes pensava como eu, mas largava os poucos alunos que não se interessavam pro pátio...A diretora se escabelava...
Na estrutura da escola dos anos 90 era impensável ficar com disciplinas opcionais no Ensino Médio; como montar os horários das aulas? Os alunos ficariam zanzando pelos pátios, incomodando nas outras aulas, ou querendo sair da escola, não havia ambientes livres - aliás, faltavam salas de aula, bibliotecas, quadras de esporte. Hoje falam tanto em educação que a coisa TEM que melhorar.Em todos os aspectos. Questão de sobrevivência.Se eu gosto demais de Artes, que eu quero da Física? Se eu adoro Biologia, por que Literatura? Tudo já está dentro de tudo...
Já existe a escola onde os alunos vão para a sala de aula que querem assistir. Escolher. Gostar. Ir por necessidade e vontade. O professor dono de seu espaço. É muito bom.Não cheguei a esse momento.Faltou pouco.Mas estou feliz por quem está aí.
Sem falar que as escolhas profissionais hoje são muito diferentes das que eu conheci. Cozinheiro? Nem morto,que vergonha,diria meu pai. Hoje, ser chef é demais. Teatro? Artista?Cantor? Modelo? Era coisa vergonhosa. Hoje, movem e comovem multidões. E tem um palavra que nem existia na minha escola: ON-LINE. Profissões on-line.Milhares. Estão dando sustento pra muita gente. Já pensou em Gestor de Surf? Em Ecorrelações? Em Tecno DJ? Em Midialogia? São profissões, sabia? Estão aí. E quantas surgiram enquanto estou escrevendo.
Os dinossauros são seres extintos. Estudar dinossauros é ciência. Hoje.Uma nova visão de entender o mundo.
Taí.
Uma luz na boca do túnel, essa reforma do Ensino Médio.
E que venha rápido. Trazer o aluno pra dentro da escola.Meio caminho andado.
O mundo virtual pode ser real.
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
MEIO CHEIO, MEIO VAZIO
Sabe aquela visão do copo?
O copo está meio vazio ou meio cheio?
Depende de quem vê, tem o quê, para quê.
Não é a primeira vez que me acontece observar e ouvir e talvez interpretar, já com essa análise do cheio e do vazio. Tipo assim:
G1.globo.com |
Chega uma colega sacudindo na mão o Tom, o bonequinho paralímpico. Trifeliz. Quase-cheia. Fala pra todo o grupo:
- Que coisa fantástica, essa Paralimpíada no Brasil. Mais de 5 mil atletas, as mais diversas modalidades, e nós aqui, do Brasil, com tudo isso, que exemplo...E que festa linda! Tanta gente compartilhando o resultado da superação.Tá todo mundo querendo fazer alguma coisa...
A colega chegara do Rio com uma lufada de alegria, de sentir toda a emoção dos participantes do evento paralímpico.
Aconteceu uma falação geral.Cada um queria contar de um esporte.A vontade de vencer. O barulhinho da medalha.
Eu queria pegar o Tom, já tenho o Vinicius, o outro bonequinho Olímpico.
Aquela frase de sempre, muito ouvida, "isso é pra gente repensar como o ser humano é capaz". Nosso momento era de pura constatação da vitória de tantas famílias.
E aí...
Aí, saltou o meio-vazio:
- Uma constatação muito triste. Só 5 mil. Quantos milhões de deficientes no mundo, e só 5 mil têm o privilégio de participar de uma paralimpíada. O Brasil não tem acessibilidade, e quanto de dinheiro roubaram pra fazer esse espetáculo pra gringo ver. E sem falar que as pessoas que foram aos jogos no Rio de Janeiro devem ser cheias da grana, já viram quanto custa um dia no Rio?
Pronto. Agora desinflou a alegria.
Tem mesmo é que ser infeliz,coitado.E ficar sozinho.
O pessoal do grupo se olhou,um mal estar percorrendo o grupo, meio-assim,gente educada,engole a vontade de dar com o Tom na cabeça do meio-vazio, mas vai machucar o Tom? Deixa ele.
Sabemos das dores do mundo.De nossas carências. Mas cada coisa na sua hora.A colega que participou com o filho da Paralimpíada beijou o bonequinho e me olhou como dizendo "Não dá bola". Agora, aconteceu uma Olimpíada e uma Paralimpíada no Brasil. Mais chance para os brasileiros conhecerem o mundo dos especiais. E foi emocionante.
Que chato. Que vontade de excluir a pessoa.Sabe o gosto de fel? Deve ser o que a criatura tem sempre. Tenho pena. Gente assim nunca vai querer melhorar. Nunca vai ver um exemplo para puxar pra cima. O exemplo de praticar um esporte, de achar razões para continuar a luta, de saber que existe alguém que conseguiu...Isso ficou enterrado em um pessimismo político autodestrutivo.Não vai nos contagiar.Para aquela criatura, nada vai melhorar. Inclusive sua vida.
Se afaste, de-mal-com-a-vida. Seu copo está cada vez mais vazio.
Não venha desincher o nosso!Xô, satanás!
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
NÃO PRECISAVA
encantocaboclo.com.br |
Tem muita coisa que não precisa. Ficar embaixo da castanheira.
Um incêndio que deixou em luto mais de 200 famílias, uma cidade;não precisava ter acontecido para começarem as medidas de segurança em locais públicos.Precisava de portas, as portas não existiam.
Aviões que se chocam num espaço infinito, precisava? Erros humanos.Depois, providências. Depois de centenas de mortes. Não precisava.
Velocidade,o choque, acabou. Falhou o quê?Em que compartimento do cérebro estava a prudência? Ou não tinha registro? Pecisava correr tanto? Não precisava.
A dor no peito cortando, saio correndo para o posto de saúde mais próximo.Acho que é um infarto. Tomara que chegue a tempo. Cheguei. Pronto socorro. Não tem Pronto. Não tem médico. Não tem socorro. E agora? Morro. Não precisava.
Um rio encantador, que carrega vida para uma terra esturricada. Um rio,que deslumbra mais do que assusta. Não precisava o ator morrer afogado de verdade. O perigo estava escondido. Não tinha aviso.Uma praia turística. Não precisava morrer.
Um piscar de olhos e a vida se vai...Precisava?Não precisava.
SE...
A semente da castanha, a castanha, a castanheira.
Quem vê só a semente não cuida da fruta, não conhece a árvore, não imagina a floresta. Quem quer a floresta se esquece da árvore.Da fruta. Da semente.
segunda-feira, 12 de setembro de 2016
SOMBRAS&SOMBRAS
Já ouvi falar de gente que perde a sombra.
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Tem muitas sombras na nossa vida.
Tem aquela sombra à frente, no chão que a gente pisa quando a luz vem de trás, é a sombra que se pode enxergar e dominar, a sombra que depende da nossa determinação, pode dançar como a música, imobilizar-se com o medo, fazer cruz ou voar, e que tentamos pular em cima, mas ela fica sempre à frente, é uma desbravadora de caminhos e destinos.Essa sombra depende de cada e única pessoa. E a gente sempre seguindo, sempre para a frente, pois se paramos, ela para também.É pra frente que se anda. Pra frente, que atrás vem gente.Como correr para pegar o futuro.
Tem uma outra sombra: quando a luz vem da frente; é a sombra que vai atrás, que se alonga ou balança para a direita e para a esquerda, que faz tudo que a gente faz, sem a gente ver, não temos olho pra trás, já está feito o caminho, agora não pode mudar.Já foi traçado o trajeto,o passo já foi dado. O que está feito, está feito. E a sombra assim vai, depende do quanto de luz tiver na nossa frente, e quem busca a luz é a gente. A sombra nos acompanha atrás já passou.Não posso mais fazer nada. Já foi. Já era. Mas a luz que está à frente, essa eu decido a intensidade.
Se a sombra que eu posso dominar depende da luz que eu não vejo, e a sombra que me persegue depende da luz que eu procuro, preciso cuidar das luzes.
Se não tem luz, não tem sombra.
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domingo, 24 de julho de 2016
MIRINHA MORREU.
Simples assim. Morreu.
Caminhosdealma blogs |
Mirinha não queria ficar velha. Como meu irmão, lindo, querido, amado.Como Marylin, Amy, Ellis. Morreu bem assim, uma sexygenária jovem, uma adolescente.
Antes...
Mirinha foi numa excursão às Terras Santas, ao Vaticano e ao Tibet.Pela milésima vez. Nem sei quantas vezes Mirinha já foi por lá... Dizia que precisava esclarecer umas coisas. De repente, voltou pro Brasil e comprou ingressos para as Olimpíadas,semana passada, nada a ver, nem tinha falado nisso.
- Amiga, te entregaste aos cambistas? Que fortuna esses ingressos...
De última hora, decidiu, como sempre nunca pergunta a ninguém, e me disse que só assim para participar; pensei: "O dinheiro é dela, faz o que quiser."
Entre malas e lembrancinhas que trouxe das viagens que fez "pra esclarecer umas coisas", vários trajes típicos de cada lugar, muitos colares, terços,um Japa Mala,muitas contas, adereços, bordados. Já imaginava Mirinha um dia de monge, outro de profeta, até de Papa. Com todos os penduricalhos.
E para as Olimpíadas já estava com toda a roupa da Seleção Brasileira. Fanática pelo Brasil.
E foi assim, entre malas de chegada e malas de partida,que Mirinha sentou na poltrona, pegou a agenda, anotou o horário do voo para o Rio, e caiu para a frente.
Só eu e ela no meio da bagunça. Pensei que fosse labirintite. Ou uma das dramatizações, pra me assustar. Bebida, não era,ainda era cedo, a parentada estava chegando pra receber os presentes. Foi uma gritaria,ninguém sabia bem o que estava acontecendo, Mirinha recém chegara das viagens, e as Olimpíadas? Chama ambulância, médico, essas coisas. Mas eu já sabia.Era só olhar. Mirinha era vida. E agora...Um infarto daqueles, de acabar mesmo.Aquilo não era Mirinha. Apenas um corpo. A energia, a alma, o espírito, sei lá, já não estava ali.Não sei como, por que, tudo que era vivo acabou. Como pode? Assim, sem aviso.
Depois...
Como ela sempre pediu, como sempre escreveu, tinha até um quadro no quarto com as instruções:
"Cremação, cinzas no mar, nada de velas,nada de choro,muita música, bebida e comida."
Choque. Não dá pra acreditar. Nem para descrever.
Agora...
Não consigo parar de chorar. "Engole o choro", parece que estou ouvindo, sempre foi assim, livre. Nada para falar.
Agora...
Não tem mais Mirinha.
Só o vazio.
sexta-feira, 8 de julho de 2016
DESCULPAS INVENTADAS?
Mirinha chegou muito preocupada. Sua amiga Hildegard estava cheia de problemas.
" Estou muito mal. Minhas pernas não me obedecem, as juntas estão emperradas. Como posso viajar com a família desse jeito? Faz tempo que programaram meu aniversário nas Termas de Jurema,nas férias das crianças, já pagaram tudo, e eu assim...Se não posso caminhar direito, o que fazer? Eles que vão. Eu fico aqui, quietinha. Mas pra eu ficar, minha neta tem que ficar comigo. Não é certo ela se sacrificar. E vai ficar com raiva de mim, por fazê-la perder a viagem.Sou um peso na vida deles."
E por aí foi o "papo de quinta". Mirinha me contou tudo, bem assim. Já vi essa cena e já ouvi muitas desculpas. Quando a pessoa está se sentindo um peso para a família, é capaz até de ficar paralítica, mesmo. Um peso maior ainda.
Desde que comecei a escrever para "AS SEXYGENÁRIAS", acompanho muitas crises, dilemas e confidências - e desculpas inventadas - próprias da fase, afinal, a gente nasce de novo aos sessenta e tem todo tipo de desafios para se ajustar na new age. A Mirinha diz que vai escrever um livro com minhas histórias. No dia que tiver paciência de sentar por mais de 10 minutos. Ou melhor: as histórias da Mirinha, que eu só conto.
Então, a Guiga, como chamamos a Hildegard, estava se sentindo um peso? Ou não queria ir? Ou estava precisando de uma sacudida?
Foi o que Mirinha fez . Guardei a mensagem.
- Guiga, seguinte: Todo mundo vai passear, comida boa, águas quentinhas, música e bailes, sem cama pra arrumar e louça pra lavar,e tu vais ficar atirada como um saco de batata? Apodrecendo? E a neta de castigo, te olhando gemer? Amigaaaaaa! Lá tem cadeira de roda e carrinho elétrico, quem sabe até um recreacionista gostosão que te massageie...E tem o mais importante: Se teus filhos e netos planejaram essa viagem para festejar teu aniversário, é porque querem a tua presença.Ou nem pensavam. E que graça tem? A aniversariante ficou em casa, chorando como uma criança birrenta? Vai viver, burrinha! Se me convidassem, eu ia até de ambulância...e a bebida é incluída no pacote!Tu estás é inventando desculpas, fazendo chantagem pra te chamarem de coitadinha. Coitadinha é o ... da cabritinha!!!
O poder da palavra na hora certa. Mirinha devia ser psicóloga.
Hoje cedo a Guiga postou foto na piscina térmica, um coquetel com sombrinha, uma cara de pura felicidade.
Comeu até heisben no café da manhã.
kibe.cozinhandocomamigos |
sexta-feira, 24 de junho de 2016
Meia Idade
Mirinha inventou que está entrando na meia idade.Que faltam muitos anos pra ser idosa.
br.pinterest.com |
Inverno rigoroso em Curitiba. Onze da manhã, um baita frio, lá vai ela de LEG estampada de tigresa, blusão de Bariloche e touca russa.
- Vou caminhar, preciso manter a forma.
Caminhar no Barigui.
Tudo bem, o parque é maravilhoso, inspirante, visual dez. Cheio de gente de bike, correndo, também caminhando.Desfile de belezuras e gostosuras. Alguns, nem tanto. Mas é um espetáculo a distinção.
O Parque Barigui é um mundo OFF no contexto da atualidade brasileira, não lembra desemprego, pobreza,sacanagem, nestes dias de LAVAJATO, de escândalos na política - que nem assustam mais, parece que todo mundo que é ladrão neste país vem preso pra Curitiba - ou mora aqui.Ontem prenderam os computadores e celulares da vizinha...
Voltando ao parque: é por isso que dizem que o SUL é europeu. Parque de Primeiro Mundo.
A Mirinha caminhando milhões de quilômetros nas trilhas que circundam o parque, eu, de chofer, com meus livros e observando a vida lá fora - explico: tenho que dar carona pra amiguinha, ela tem medo de dirigir na faixa ( faixa, em Uruguaiana, é BR, tá?).
Vocês já caminharam no Central Park de NY no inverno? Pois no Barigui é muito mais.Ninguém de casaco, parece até primavera das boas. Eu até liguei o ar quente do carro. Estou congelando, mas o mundo lá fora está como uma onda no mar. Festa de músculos, pernões, cabelos bem cuidados, cachorros mais cuidados ainda.
Espero Mirinha. Quero ir pra casa, o mocotó me espera.
Lá vem Mirinha, caminhando muito devagar, quase parando. Vai caindo lentamente, acho que está tendo um ataque do coração.
Desço do carro, nem preciso gritar SOCORRO, em segundos, muitas pessoas correm até ela, uns garotões de anúncio de cuecas afastam as pessoas, CHAMEM A SAMU; Mirinha diz NÃO FOI NADA, APENAS TORCI O PÉ; eu grito ESTOU COM O CARRO ALI. Mirinha é suspensa no colinho do menino gigantesco, suando energia, e como uma pluma, é colocada no banco do carona, com direito a massagem no pezinho e carinhos nos cabelos que fogem da touca: MUITA DOR, SENHORA? POSSO BUSCAR GELO. Mirinha miava.
Agradecemos, arranquei com o carro, MUITA DOR, AMIGA? O pé já inchado, SE EU NÃO MEXER, NÃO DÓI.
Nem precisou ir ao postinho. Já em casa, levei minha amiga pra comer mocotó, apenas rengueando
(RENGUEANDO é de pé, MANCANDO é de mão), engoli os comentários de que achava uma loucura caminhar um parque inteiro, só podia dar nisso.
Para encerrar este episódio, a Mirinha, já espichada no sofá, manta de lã de ovelha de Mostardas, como sempre um vinho e pinhão (a mais nova mania da Mirinha no Paraná: PINHÃO, muito pinhão assado, não lembro disso em Uruguaiana):
- É só melhorar, que vou de novo caminhar no Barigui. Com muita sorte, vou torcer o pé. Pra ganhar colinho...Que gatinho!
Coisas de MEIA IDADE? Começo a rever meus conceitos.Acho que eu também quero...
Curitiba, no dia de São João.Quinta-feira. 2016.
segunda-feira, 30 de maio de 2016
BESTA FERA, TARADO OU PERVERSO?
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública acredita que possam ter ocorrido entre 136 mil e 476 mil casos de estupro no Brasil no ano passado.
A projeção mais ‘otimista’ está baseada em estudos internacionais, como o ‘National Crime Victimization Survey’, que aponta que apenas 35% das vítimas desse tipo de crime prestam queixa.
“É o crime que apresenta a maior taxa de subnotificação no mundo."
A vítima tem vergonha da exposição, tem ignorância de seus direitos, tem medo de ser julgada culpada - o que muitas vezes acontece.
Estatísticas, a cada 11 minutos uma mulher é violentada no Brasil.Falando assim, parece que tudo está longe da minha e da tua casa.
Uma mocinha sofreu um estupro coletivo. Com vídeo ilustrativo na internet. 33 homens. Vi na TV. Um dos estupradores rindo, o namorado da vítima abraçado no exibido.Como pode? Que motivação têm esses rapazes pra cometer um crime desses?
E se fosse minha aluna, minha vizinha, minha irmã, minha mãe, minha filha? Agora, DOEU!
A Literatura me ensina quase tudo o que sei da História dos homens. Ana Terra, personagem de "O Tempo e o Vento"de Érico Veríssimo, foi estuprada sucessivas vezes pelos bandidos castelhanos que invadiram a fazenda onde morava. Em "O Regresso",filme vencedor do Oscar, a índia é submetida ao instinto animalesco também de muitos homens. E nas guerras e prisões e festas, a mulher é a diversão dos desejos insanos.
Ontem, outra estatística dizia que os estupros são na maioria de autoria de namorado, parente, amigo.Em casa. Ainda mais grotesco: até com a conivência de outras mulheres.
Quando na direção de escola, da sala de aula, trouxeram-me uma adolescente revoltada. Não queria participar das atividades.Conversamos muito, ela me contou que o padrasto empurrava a porta do seu quarto todas as noites, ela estava apavorada, pediu-me não comunicar ao Conselho Tutelar, tinha vergonha. Chamei a mãe. Com muito cuidado, abordei o assunto. A mãe falou "a (Mocinha) botou corpo, fica usando shortinho, homem é homem". Mandou a filha para a casa da irmã que mandou trabalhar.A mãe ficou com o homem que era homem. A filha com 13 anos foi pra rua. Esse é um dos muitos casos que presenciei.(Soube de um final feliz: Aquela Mocinha casou, teve filhos,hoje é professora; a mãe continua com o homem que é homem e que bate nela). Quando os casos eram denunciados, poucas as mães que davam razão às filhas. Quando chamadas para testemunhar, sempre livravam o "homem é homem". Uma cultura de exaltação ao macho, ao instinto; tem pais que ensinam o filho, desde pequeno, a usar as mulheres.Um buraco de prazer. Não uma pessoa.
Discutimos em aula com nossa psicóloga que trabalha com crianças em situação de risco. Abusadas, quase todas, desde sempre. Meninas e meninos.É dolorido saber como o ser humano é um poço de insanidade. E que tem mais vítimas inocentes do que mostra a incerta e fria estatística.
Como o ser humano pode ser tão incompreensível? Nesta nossa cultura, a falta de educação, de limites, de controle sobre os instintos desperta a besta fera que se revela de forma incontrolável no indivíduo, como uma compulsão.Tipo "Cidade de Deus".
Mas quando existe uma atitude pensada, planejada, observando os padrões da sociedade, surge o perverso.O perverso incendeia o morador de rua. O perverso e a perversa planejam o assassinato dos pais. Perversos batem nos gays. O perverso conquista a vítima.O perverso é educado, o perverso é bonito, o perverso tem charme. Os perversos estão junto conosco. Dissimulados.
Os perversos estupram a amiga e divulgam um vídeo na internet para os outros perversos curtirem.E se satisfazem em ver quantos "clics".
sitedeimagens.com |
domingo, 22 de maio de 2016
SOMOS TODOS DROGADOS
blog.imagens.com |
Noite de sábado chuvoso. Cada um na sua casa. TV sem alternativa, Whatsapp já respondido, FACE atualizado. Mirinha me enchendo o saco. Quer barzinho. Na nossa idade, tem que ser à tarde. Depois de alguns goles, ela começa:
- A Dilma disse que o Temer tem um governo de velho, rico e branco.
- Mirinha, por favor, chega de política, é seis por meia dúzia. Olha, começou o Altas Horas, quem sabe...
Vinho vai, vinho vem, Mirinha queria sair pra rua. 11 da noite. Curitiba, sábado, altas horas, é um perigo, carros a mil, gurizada festejando qualquer coisa, nessa idade é tudo festa, eu é que não saio mais de casa, só amanhã na missa das dez.
- Olha, olha, a mulher disse que era drogada.
Uma reportagem no Serginho, com uma moça triproduzida, contando que começou com maconha, cocaína, etc... Perdeu tudo. Até que foi salva nos Narcóticos Anônimos, encontrou marido, hoje está limpa(e nervosa). E que se safou das drogas conhecidas, mas sempre tem compulsão por alguma coisa.Por incrível que pareça, Mirinha prestou atenção.Comentou:
- Seguinte: pelo visto, sempre tem um vício na nossa vida. Aquela lá está "mucho loca". Entrou para os dependentes químicos, mas parece compulsiva, fala depressa, deve estar bem drogadinha com seus barbiróticos!
- Barbitúricos, amiga. Isso era lá em Uruguaiana, a gurizada trazia Pervintim de Libres...E cheirava lança...
- Pois é...
A Mirinha tem umas teorias:
"Quando a gente nasce, a gente mama no peito da mãe, na mamadeira, passa todo o dia só esperando a hora e berra até conseguir...Na infância, são os caramelos, as balinhas,e se atira no chão pra ganhar. Adolescência começa cigarro escondido, samba (cachaça e pepsi); a juventude com vodka,vinho barato na faculdade, cerveja qualquer uma, baseadinho; na noite, tem caipira, vinho, whisque, um monte de coisa;começam as bolinhas, de tudo que é cor;em casa, cervejinha, caipirinha tudo inha...(meu pai dizia que homem cai na sarjeta e mulher cai no tapete); na velhice é exercício, remedinhos, gotinhas, pílulas, drágeas... Ou seja...sempre tem uma droga.Um vício.
E se a gente se escapa dos químicos, tem as compras...compra de tudo, até o que nunca vai precisar;os doces, ah! os doces, tem o carteado, o bingo, viagens, médico pra tudo, a fanática religião, ou seja: sempre tem um vício.Até os exercícios físicos, horas de pilates, de massagens... COMPULSÃO. Uma coisa que parece um bicho dentro da gente. Tenho dez remedinhos por dia para tomar. Fora os vinhos, os aperitivos,as comidinhas, a academia.Espirituais, Físicos e Químicos. Caros. Isso é DROGA.E custa caro. Socialmente recomendado.
Somos todos drogados!
A Mirinha tem uma sabedoria que me espanta. E ainda faltou falar de quem não tem dinheiro pra tudo isso. Então,quando ela fala, é de chorar.
Segunda-feira a gente pensa.
sexta-feira, 13 de maio de 2016
UM DIA DA HISTÓRIA
www. printerest.com |
"- Os ricos tomaram o poder. Até a esquadrilha da fumaça fez festa. Acabou minha-casa-minha-vida, vale gás, os pobres vão virar miseráveis de novo.
- Ela ( a Dilma), coitada, nem sabia o que falar. Estava tão nervosa, fiquei com dó dela...
- Ela ( a Dilma) só fala o que algum esperto inteligente escreve pra ela. Tem uns quantos empregados que só fazem isso. Quando eles não escrevem, ela fica assim, confusa.
- Eu acho o fim do mundo uma pessoa ficar 6 meses ganhando 30 mil por mês, cheia de mordomias, no Palácio do Planalto, sem fazer NADA!
- Tinha que ir morar numa casa-minha-vida, de 20 metros, canos estragados, fios de luz pendurados, sem asfalto, só pra ver o que o povo trabalhador enfrenta no dia a dia.
- Ela(a Dilma) está 20 anos mais moça, gastou todo nosso dinheiro em plástica, peruca e pedaladas.
- Qué que tem dar pedaladas? Só porque a mulher(a Dilma) saía todas as manhãs de bicicleta,isso faz bem pra saúde. Era fora do horário de trabalho. Esse pessoal que critica devia fazer igual.
- É uma ladra ( a Dilma). Roubou todo o dinheiro que era pra comprar merenda. Por isso que as crianças não aprendem a ler.
- Tem uma coisa muito errada: Um monte de gente de terno dia e noite batendo boca, sem fazer nada, e nós ralando o dia inteiro pra pagar cafezinho pra eles.
- É golpe. Ela (a Dilma) tem razão, querem acabar com a democracia, os milicos vão voltar.
- Tinha que botar na rua Marinha, Exército e Aeronáutica e mandar essa multidão que está na rua tudo pra trabalhar. Ficam atrasando a vida do país.Trabalhador fica sem poder ir trabalhar. Isso está muito errado.Pra que sutentamos as forças armadas? Eles não fazem nada.
- Ela (a Dilma) não fez nada errado. É tudo uma conspiração da esquerda. Ou da direita, nem sei qual é o lado. Acho que foi o Lula que mandou tudo.
- E tem o cara do Maranhão que quer levar todo o dinheiro do sul para o nordeste. Pra salvar o velho Chico.
- Isso de pedaladas é antigo. O negócio de hoje é fórmula 1, lava a jato!
- Não adianta nada trocar 6 por meia dúzia.
- Tudo farinha do mesmo saco. Movidos à propina.
- Tem é que tirar o monte de puxa-saco que fica atrás do presidente só pra aparecerem na Globo, fica feio para o Brasil, vejam o Obama, só tem bandeiras ao redor...
- É preciso revolucionar. Qualquer um que chegue lá vai fazer diferente.
- E o Collor? Não tem vergonha? Já foi corrido do Planalto e ainda anda por lá, e a gente que paga.
- Os culpados somos nós, que votamos nessa quadrilha.
- Já viram a mulher do presidente? Ela é Totalmente Demais"...
- Também, puseram uma mulher de presidente, só podia dar no que deu...
- Enquanto ficam discutindo abobrinha, nós aqui amargando a batata a 7 reais...
- Tem que ficar ruim para melhorar...
- Amanhã é Sexta-feira 13. Vai ter bruxa viajando de vassoura nos céus do Brasil!- Tchau, querida!
- Ele ( o Lula) em 18 vai voltar nos braços do povo! Ele é o nosso pai, e ela( a Dilma) nossa mãe.
- Brasileiro não tem memória.
- Brasileiro tem sentimento.
- Vale a pena ver de novo, sempre a mesma história.
Parece bobagem tudo isso, mas a Mirinha tem razão. Daqui a alguns anos, alguém vai rir ou chorar lendo os comentários de pessoas agora anônimas, mas que pode ser qualquer um de nós.
Mirinha ouviu essas ideias desde manhã, na feira, na hidroginástica,no supermercado, na cabeleireira, na universidade, no ônibus. Ignorou a TV, diz que os políticos são repetitivos, que a mídia é comprometida com a direita. Só lamenta não ter conseguido escrever tudo que ouviu.Ainda bem, pois já me cansei de copiar...
"Eu entro para a História como o Getúlio. Numa carta. Da voz do povo, que é a voz de Deus e Deus é brasileiro".
Assim acabam as notas da Mirinha, no dia 12 de maio de 2016, o dia do Impeachment. Aliás, da suspensão da primeira mulher presidente do Brasil. Ainda falta o julgamento.
Curitiba, 13 de maio de 2016. Sexta-feira.
Há 188 anos, outra mulher, a Princesa Isabel, acabou com a escravidão no Brasil. No papel.
segunda-feira, 9 de maio de 2016
MODELO DE MÃE
"Ontem foi Dia das Mães. Uma parada nas redes sociais sobre a politicalha do
theoldreader |
Esse foi o comentário da Mirinha no whatsapp, no nosso grupo de SEXY - sexagenárias, mas ela só se acha SEXY, genária, não.
Dia das Mães. Desde que nasci, esse dia só perde pra quando Jesus nasceu, o Natal. Jesus, Virgem Maria. E José.
- Achei legal o Dia das Mães, principalmente no FACE - me falou Mirinha.
Toda noite ela liga, às vezes já meio grogue, não sei se pelos remédios pra dormir ou pelos drinks, ou pelos dois juntos ou ela é assim.
Eu reclamo, mas fico feliz, ela me abastece de material para meu blog. Mirinha funciona como minha cobaia, é uma idosa com ideias atuais que fala dos problemas das idosas de agora.Naquela cabecinha tem tudo misturado. Só eu, pra colocar ordem (ou desordem) nas viagens da Mirinha.
- Tá me ouvindo, Bella?
- Estou, Mirinha. Qual é a crítica do FACE?
- Não é crítica, é constatação. Já cansei de te dizer: esse FACE é o maior fingimento da história. E o Whatsapp também.
- Credo, Mirinha, como estás amarga, eu AMO ler as mensagens e me comunicar com as pessoas, brigaste com alguém?
- Não é isso, amiga. O problema é a MÃE.
- Mirinha, tua mãe morreu antes da minha, isso já vai mais de 13 anos...
- Está difícil falar contigo, não é da MINHA mãe, estou falando em MÃE, a imagem da MÃE, a ideia de MÃE, tudo que é mãe do FACE é maravilhosa, perfeita, lava, passa, corre, cozinha, é médica, empresária, engenheira,psicóloga,está sempre linda, cheirosa, cria filho sorrindo, sempre com cara de feliz... nem ruga tem, e ganha jóia e carro de presente...Tá me entendendo? Existe uma organização mundial subliminar com o objetivo de transformar a MÃE numa SUPERMULHER, ou seja, perpetuar uma figura que serve ao sistema machista e opressor de fazer da mulher uma eterna empregada sem salário, isso que a mãe é. Estou estudando para entrar com um processo no Ministério Público. Condenar a sociedade pela exploração da Mãe. Chega de fingimento: Dia Das Mães tudo que é filho posta a foto mais linda que tem da Mãe, às vezes esse filho só se lembra dela nesse dia, pra se exibir no FACEe ver quantas curtidas tem.
- Como entrar com processo?Não és advogada, querida, és professora aposentada, lembra? Amiga, que aconteceu? Teus filhos não foram te ver ontem?
- Puxa, Bella,eu estou aqui numa tese para o bem da humanidade e tu me vens com problemas individuais, problemas domésticos, os meus são problemas COLETIVOS, capice? Eu estou falando da visão mundial da MÃE, precisamos nos revoltar, eu quero recuperar a imagem da mulher-mãe, que tem alegrias e tristezas, que tem dores na coluna, que tem compromisso social, que precisa viajar, que quer ter o controle da TV, isso é muito? A Dilma é da nossa idade, ela não fica em casa cozinhando, ela vai visitar os filhos e passear de bicicleta em Porto Alegre.Depois de ver o Inter campeão de novo, ela volta pra casa dela e vai se preocupar com o Brasil. Esse é o modelo de mãe sexagenária, entendeu? Tudo bem, não é perfeito, está feio o caso dela, mas...Foi o que me veio de exemplo... Eu quero um IMPEACHMENT é da MÃE do Dia das Mães, essa figura de Virgem paraguaia, Gisele americana, Barbie chinesa, endeusada só pra ser explorada... O FACE não mostra a mulher na menopausa...a mulher espancada, violentada, com baixos salários, não mostra uma professora com 40 alunos na sala, a médica e a enfermeira sem remédios e sem leitos pros que estão morrendo na fila, a desempregada que não tem pão pros filhos, não fala da minha vizinha que não consegue trocar o carro, a outra colega que não tem dinheiro pra plástica, não fala do absurdo preço dos sapatos e da cerveja... Abaixo o Dia das Mães!
Começou o delírio...será que vai ser assim toda a semana?Preciso me preparar. Está tendo um ataque de comunista-burguesa do século passado...Tempos da UNE e UEU. Era bom...
Penso que Mirinha voltou a participar das reuniões do partido.
segunda-feira, 2 de maio de 2016
SOMBRA PERDIDA
tcholos.com |
Mirinha voltou de farol baixo. "SE FOI"pro Rio Grande, que queria achar a sombra,que aqui não tem a sombra, essas coisas que só na cabeça da Mirinha aparecem, não sei de onde ela pensa.
- Juro que procurei - me contou ela - chovia, só chovia, como chove, nem um solzinho pra poder fazer sombra. E meus amigos e parentes, nem se mexem, cada um entocado em casa, só mate e cigarro e comida, muita comida, depois da sesta já vamos pro café, tem a novela e a janta. Rua que é bom, nada. Como é que ia achar minha sombra? E os outros, tudo doente ou já morreram. Na rua, achei UMA pessoa conhecida, foi só um OI.
- Mirinha, deixa eu te explicar: Na nossa faixa etária, as pessoas não passam todo tempo na rua, borboleteando, como tu fazes aqui em Curitiba. Ainda mais na campanha, velho é discriminado...
-Mas eu não sou velha - gritou Mirinha - eu sou uma idosa, gatosa, gata e idosa, já te falei!Só fui atrás da minha sombra!
- Tudo bem - tentei acalmar a amiga da sombra - mas nossos amigos "están se poniendo viejos", já não vão pra balada, isso sem falar que muitos já morreram ou só cuidam dos netos.Ou de cachorro.E agora tem o whatssapp...
- Caminhei toda Duque, toda Quinze, fui e voltei, nada de sombra. Passeei com meus sobrinhos, nada de sombra, eles nem sabem o que é.Fui até o Uruguai. Até na Praça, até no Barão. Onde ficou minha sombra?
-Passeou de carro, aposto. Por lá, todo mundo só anda de carro.
A amiguinha ficou calada. Muito calada. Mirinha calada é um perigo.
- Amanhã vou procurar a Rosane ( Rosane é a psicóloga da Mirinha). Quem sabe, ela faz uma regressão e eu acho EM QUE MOMENTO DA MINHA VIDA FICOU PERDIDA A MINHA SOMBRA? ONDE? Senhor Deus, onde está minha sombra?
Sei bem qual é a sombra perdida da Mirinha. Ela foi em busca de um passado. Um passado que passou, como todos os passados.Passou, nunca mais. Never more! Churrascos com a família, violão, piano, cantoria, cervejada, um fim de tarde no quiosque da praça, aquele pastel de carne, bagunça na casa da mãe, churrasquinho de espetinho na Presidente,ACABOU, página virada, ficou só recordação. ASSOMBRAÇÃO. Hoje cada um tem uma família, uma rotina e a vez é das crianças e dos jovens.
- Mirinha, deixa de ser saudosista, vamos passear por aqui, domingo tem excursão da Nissey. Viste, Mirinha? Hoje tem um baita sol, vai pra academia ao ar livre, tem um monte de sombra lá, dá até para pular em cima.
Não é a mesma coisa, mas é o que temos pra hoje. Depois dos 60, é SOMBRA PERDIDA, queriiiidaaaa!!!
segunda-feira, 25 de abril de 2016
EM BUSCA DA SOMBRA
miasombra.blogspot.com |
"Uma viagem pra catar os sonhos esquecidos"- assim a Mirinha me falou antes de sair para o sul do sul.
Dramática - é sempre assim minha amiga. Tudo que vai fazer tem uma cena de final de capítulo de novela. Até penso que é planejado tudo,sabe, chantagem emocional, só pra me deixar preocupada, mas faz parte da natureza da Mirinha. Dentro daquela cabecinha existe um mundo sempre em ebulição; o mundo da Mirinha me espanta, quando acho que já vi tudo, surge mais essa: VOU BUSCAR MINHA SOMBRA.
- Mirinha, é apenas uma viagem para ver os parentes que "están se poniendo viejos"- não é isso, amiga? Alguns já doentes...Vais matar saudades, só.
- Bella, quem está se poniendo velha és tu, que coisa chata, isso. Que falta de imaginação, eu aprendi com minha guru que tudo é uma descoberta, um vento novo de surpresas no passado (a guru da Mirinha, agora, é uma cartomante paraguaia que lê cartas em baralho de truco no Bar do Tatu).Então, eu vou procurar minha sombra, lembra que a gente gostava de pisar na sombra? Aqui, nesta capital do Paraná, não acho minha sombra, e as sombras dos outros passam muito rápido, só de vez em quando...Um monte de sombra que nem sei de quem é...Por isso, ME VOU pro Rio Grande, na fronteira do Brasil com o Uruguai e a Argentina, ai que saudade do tempo da infância,churrasco e chimarrão,galopar pelos campos verdejantes, comer fruta trepada em árvore, tirar mel de abelha, beber leite tirado da teta da vaca...
- Amiga, alouuu, churrasco tem aqui todo dia(ou noite), chimarrão pra ti é vinho e cerveja, tu nunca subiste em árvore, tu tinhas um medo monstro de abelha e nunca gostou de leite...Teu cavalo era o Nêgo Véio, que andava se arrastando...Sempre foi cheia de frescuras, tinha medo até de cordeirinho... És uma gaúcha urbana, Mirinha...O máximo que fazias era tomar banho pelada no Salso, e mesmo assim, cheia de medo de pegar sanguessuga...
- Mas que falta de romantismo, Bella, nesta cidade cheia de carros e gentes passantes, não encontro minha sombra. Vou de Azul, e por favor: DIGO NÃO pro uatizapi, pro feicibuque, escrito bem assim, sem essas coisas de inglês. Chega dos artificiais, eu quero a pureza da terra! Adeus, Curitiba!
E assim, Mirinha se foi. Em busca da sombra.
Interessante, isso.
Fiquei pensando. Onde andará minha sombra? Quanto tempo que eu não lembro mais...Será que ainda dá tempo de ir com Mirinha?
segunda-feira, 4 de abril de 2016
NOS ESTAMOS PONIENDO VIEJOS
A passagem do tempo traz experiência, conhecimento, maturidade e...a necessidade da ajuda dos outros.
Tempos bons quando podemos fazer festa, rir, comer, beber, dançar. Todo mundo fica junto.
Mas quando as doenças aparecem, as pessoas desaparecem.
Não todas.
As pessoas que realmente gostam da gente, essas vão onde estamos.
Um abraço, um beijo, uma passadinha pra quem mora perto, um telefonema de quem mora longe...
Tenho consciência de que todos nós ficaremos velhos, a não ser que a morte nos carregue.
E cada um de nós vai precisar do outro.
E cada um de nós vai precisar do outro.
Por isso, enquanto neste Planeta, é muito bom lembrar dos nossos queridos; quem sabe quantas vezes eles, nossos idosos, cuidaram de nós. Limparam nossas lágrimas, nossas roupas, nossa barra...
máscaras psicodélicas.1435.net |
É mais fácil escrever no whatsapp, no face, só que há muitos que nunca tiveram acesso a essas fontes de comunicação, ou não sabem mexer, ou já não conseguem mais... (Nessas redes, também, muita gente se esconde...É mais fácil escrever do que falar na cara.São as máscaras da época.)
A cada tempo, a letra de uma canção, um poema, uma mensagem assume novo significado em nossa vida...Coisas que antes nem prestávamos atenção...E que dizem tudo do momento. Enquanto houver Sol...
.
"Quando não houver saída
Quando não houver mais solução
Ainda há de haver saída
Nenhuma ideia vale uma vida
Quando não houver esperança
Quando não restar nem ilusão
Ainda há de haver esperança
Em cada um de nós
Algo de uma criança
Enquanto houver sol..."
( Acho que estou ficando com medo da velhice... Cheia de parênteses...)
O tempo passa...
O tempo passa...
"Nos vamos poniendo viejos,
no hay remedio a esta verdad.
Cada vez nos cuesta menos
aceptar la soledad."
sexta-feira, 1 de abril de 2016
FRINGE É PERIFERIA
FRINGE. Em Curitiba,é muito periferia: é discriminado total.
Quase morri de vergonha.Fui ao teatro FRINGE.
Explico:
Na Páscoa, ganhei uma entrada de teatro pra ir com a família do Guri de Curitiba. Neto curitibano. Festival de Teatro de Curitiba. Fringe. Miniauditório do Guaíra.21 horas. Na Amintas de Barros.
(Já fui ao FRINGE num festival de Adelaide, na Austrália. Uma cidade do tamanho de Curitiba.Casas cheias, salões até inventados, fui num fundo de bar transformado, o público lá, aplaudindo, a gente respirando arte, o pessoal queria é curtir teatro. Toda a cidade era teatro.)
Ganhei uma revista do Grande Festival de Teatro de Curitiba. Parecia que toda Curitiba fazia o maior teatro do país. Parecia.
Ouvindo Estrelas. A Peça. Até comentei, antes da peça, com a turma: será coisa do PT? Estrelas...fico imaginando...Ora, direis, ouvir estrelas...
Muito interessante a peça, dois atores que nunca nos cansaram em quase hora e meia de espetáculo.Para criança e mais ainda para adultos. Brincadeiras, crendices,canções,superstições, ditados populares, lendas, o imaginário de um povo numa noite de São João. Com o São João e a menina Estela.Envolvente, foi o que se diz: um ESPETÁCULO!Uma delicadeza, com ironia fina, humor puro, interação total com o público.
Nem 20 pessoas. O público.
Qualidade não é quantidade.Mas...Sabemos que só qualidade não enche barriga. Nós estávamos ali. Mas quem vem de São Paulo movimenta o grupo todo de teatro,esperando uma temporada com gente, muita gente,como diz nos folders, nas reportagens, na revista... sem falar nos que vêm de outras cidades.
E aí ficamos sabendo da vida real.
Os atores e equipes do FRINGE foram esquecidos pelos organizadores. Colocados à margem, literalmente. Periferia discriminada. Nada de divulgação, ficaram espalhados pela cidade, à própria sorte.
O nosso João desabafou conosco; vieram participar de um evento que não existiu.Ficaram assim, à própria sorte. Teatros quase vazios.Ou melhor: meia dúzia de gatos, como nós, que buscamos na revista que eu ganhei no shopping. E que tem um monte dessas revistas até hoje, amontoadas por aí, em cada lugar, sobrando, como sobrando ficaram as cadeiras vazias...E nossos artistas, João e Estela, ali, explicando o vazio. Tiveram que sair às ruas para avisar o povo: Ei, estamos aqui, em Curitiba.
Artistas excelentes. João, discriminado, diz que sentiu na pele negra.
Pra completar, assaltados perto do Paiol. Essa é a VIDA REAL. Nós, desfrutando a fantasia. Eles, sacrificados em nome de uma paixão: TEATRO.
OUVINDO ESTRELAS...
Só quem ama consegue. Ouvir estrelas.
FRINGE é periferia. Aqui, foi. Literalmente. Discriminadamente. Não tinha atores de fama da TV. Assim é a divulgação. Parece que é um festival. Parece.
PASSAPASSARÁ PELO ÚLTIMO FICARÁ,
A PORTEIRA SÓ ESTÁ ABERTA
PARA QUEM PUDER PAGAR...
Quase morri de vergonha.Fui ao teatro FRINGE.
Explico:
Na Páscoa, ganhei uma entrada de teatro pra ir com a família do Guri de Curitiba. Neto curitibano. Festival de Teatro de Curitiba. Fringe. Miniauditório do Guaíra.21 horas. Na Amintas de Barros.
(Já fui ao FRINGE num festival de Adelaide, na Austrália. Uma cidade do tamanho de Curitiba.Casas cheias, salões até inventados, fui num fundo de bar transformado, o público lá, aplaudindo, a gente respirando arte, o pessoal queria é curtir teatro. Toda a cidade era teatro.)
Ganhei uma revista do Grande Festival de Teatro de Curitiba. Parecia que toda Curitiba fazia o maior teatro do país. Parecia.
Ouvindo Estrelas. A Peça. Até comentei, antes da peça, com a turma: será coisa do PT? Estrelas...fico imaginando...Ora, direis, ouvir estrelas...
Muito interessante a peça, dois atores que nunca nos cansaram em quase hora e meia de espetáculo.Para criança e mais ainda para adultos. Brincadeiras, crendices,canções,superstições, ditados populares, lendas, o imaginário de um povo numa noite de São João. Com o São João e a menina Estela.Envolvente, foi o que se diz: um ESPETÁCULO!Uma delicadeza, com ironia fina, humor puro, interação total com o público.
Nem 20 pessoas. O público.
Qualidade não é quantidade.Mas...Sabemos que só qualidade não enche barriga. Nós estávamos ali. Mas quem vem de São Paulo movimenta o grupo todo de teatro,esperando uma temporada com gente, muita gente,como diz nos folders, nas reportagens, na revista... sem falar nos que vêm de outras cidades.
E aí ficamos sabendo da vida real.
Os atores e equipes do FRINGE foram esquecidos pelos organizadores. Colocados à margem, literalmente. Periferia discriminada. Nada de divulgação, ficaram espalhados pela cidade, à própria sorte.
O nosso João desabafou conosco; vieram participar de um evento que não existiu.Ficaram assim, à própria sorte. Teatros quase vazios.Ou melhor: meia dúzia de gatos, como nós, que buscamos na revista que eu ganhei no shopping. E que tem um monte dessas revistas até hoje, amontoadas por aí, em cada lugar, sobrando, como sobrando ficaram as cadeiras vazias...E nossos artistas, João e Estela, ali, explicando o vazio. Tiveram que sair às ruas para avisar o povo: Ei, estamos aqui, em Curitiba.
Artistas excelentes. João, discriminado, diz que sentiu na pele negra.
Pra completar, assaltados perto do Paiol. Essa é a VIDA REAL. Nós, desfrutando a fantasia. Eles, sacrificados em nome de uma paixão: TEATRO.
OUVINDO ESTRELAS...
Só quem ama consegue. Ouvir estrelas.
FRINGE é periferia. Aqui, foi. Literalmente. Discriminadamente. Não tinha atores de fama da TV. Assim é a divulgação. Parece que é um festival. Parece.
PASSAPASSARÁ PELO ÚLTIMO FICARÁ,
A PORTEIRA SÓ ESTÁ ABERTA
PARA QUEM PUDER PAGAR...
OUVINDO ESTRELAS
Descrição
O maior sonho do menino João era brincar na sua festa, mas sente muito sono e sempre perde a hora. Um dia ele encontra Estela, uma menina que mora na rua e que mostra para ele as brincadeiras de roda, as cantigas, as lendas, tudo num clima de aventura, imaginação e poesia.
Local: Mini-Guaíra – Aud. Glauco Flores de Sá Britto
Ator: Kelly Lima, Marcelo Sales.
Direção: Francisco Alves.
Fotógrafo: Carla Lima.
Companhia: PH CIA DE TEATRO E CIRCO
Gênero: Infantil
Direção: Francisco Alves.
Fotógrafo: Carla Lima.
Companhia: PH CIA DE TEATRO E CIRCO
Gênero: Infantil
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