Sabe aquela visão do copo?
O copo está meio vazio ou meio cheio?
Depende de quem vê, tem o quê, para quê.
Não é a primeira vez que me acontece observar e ouvir e talvez interpretar, já com essa análise do cheio e do vazio. Tipo assim:
G1.globo.com |
Chega uma colega sacudindo na mão o Tom, o bonequinho paralímpico. Trifeliz. Quase-cheia. Fala pra todo o grupo:
- Que coisa fantástica, essa Paralimpíada no Brasil. Mais de 5 mil atletas, as mais diversas modalidades, e nós aqui, do Brasil, com tudo isso, que exemplo...E que festa linda! Tanta gente compartilhando o resultado da superação.Tá todo mundo querendo fazer alguma coisa...
A colega chegara do Rio com uma lufada de alegria, de sentir toda a emoção dos participantes do evento paralímpico.
Aconteceu uma falação geral.Cada um queria contar de um esporte.A vontade de vencer. O barulhinho da medalha.
Eu queria pegar o Tom, já tenho o Vinicius, o outro bonequinho Olímpico.
Aquela frase de sempre, muito ouvida, "isso é pra gente repensar como o ser humano é capaz". Nosso momento era de pura constatação da vitória de tantas famílias.
E aí...
Aí, saltou o meio-vazio:
- Uma constatação muito triste. Só 5 mil. Quantos milhões de deficientes no mundo, e só 5 mil têm o privilégio de participar de uma paralimpíada. O Brasil não tem acessibilidade, e quanto de dinheiro roubaram pra fazer esse espetáculo pra gringo ver. E sem falar que as pessoas que foram aos jogos no Rio de Janeiro devem ser cheias da grana, já viram quanto custa um dia no Rio?
Pronto. Agora desinflou a alegria.
Tem mesmo é que ser infeliz,coitado.E ficar sozinho.
O pessoal do grupo se olhou,um mal estar percorrendo o grupo, meio-assim,gente educada,engole a vontade de dar com o Tom na cabeça do meio-vazio, mas vai machucar o Tom? Deixa ele.
Sabemos das dores do mundo.De nossas carências. Mas cada coisa na sua hora.A colega que participou com o filho da Paralimpíada beijou o bonequinho e me olhou como dizendo "Não dá bola". Agora, aconteceu uma Olimpíada e uma Paralimpíada no Brasil. Mais chance para os brasileiros conhecerem o mundo dos especiais. E foi emocionante.
Que chato. Que vontade de excluir a pessoa.Sabe o gosto de fel? Deve ser o que a criatura tem sempre. Tenho pena. Gente assim nunca vai querer melhorar. Nunca vai ver um exemplo para puxar pra cima. O exemplo de praticar um esporte, de achar razões para continuar a luta, de saber que existe alguém que conseguiu...Isso ficou enterrado em um pessimismo político autodestrutivo.Não vai nos contagiar.Para aquela criatura, nada vai melhorar. Inclusive sua vida.
Se afaste, de-mal-com-a-vida. Seu copo está cada vez mais vazio.
Não venha desincher o nosso!Xô, satanás!
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