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A janela do quarto estava parcialmente aberta, do apê da frente alguém poderia estar olhando. Peguei as roupas espalhadas no chão e levei a trouxa para a sala. Ali, tudo estava fechado. Eu podia acender a luz, ligar a TV, tirar o blusão imenso de cima da camisola, a porta bem quietinha numa penumbra quebrada pela luz da tela da TV, um príncipe da Dinamarca queria casar com uma plebéia, tão bonitinho...O amor é lindo, eram amassos, beijos, fiquei até arrepiada... Vesti as calças, botar tudo isso, ainda bem que não tem ninguém em casa, meias e botas, o sutiã, a blusa, o casaco grosso, inverno, muita roupa para agasalhar, lá fora está meio chuvento. Como é fácil tirar a roupa, na noite anterior foi um vaptvupt. Agora, preciso me apressar, daqui a pouco, ele entra, como um furacão, se joga em cima de mim como um urso, ou um gorila, e diz: te amo, vovó."
A Mirinha me contou tudo isso por telefone. Foi na noite anterior ficar com o neto,na casa da filha, chuva e frio, na manhã seguinte cuidou do guri, à tarde ele foi pra escolinha, e ela ficou lá. Ficamos as duas lembrando da situação: vestir-se rapidamente depois de um encontro amoroso furtivo com um namorado, escondendo-se de pais ou outras pessoas, era muito perigoso, mas era bom! - e agora...vestir-se depois de passar uma noite cuidando do neto...
" Estamos em outra era, ou outra galáxia?"
Não, Mirinha, estamos em situação de nova utilidade, assim como o BomBril...Prazeres diferentes...
Vou te dizer algo que copiei da minha AgendArte:
"Fecundada pela palavra avó,fiquei irremediavelmente grávida de meus netos."
Ainda bem que temos alguma serventia... (Que antigo, isso)
(Lembras? Foi numa daquelas tiradas de roupas...Viu no que deu?E faz tempo!)
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