"A música de antes é que era boa! Hoje é só essas bobagens, não dizem nada com nada."
Canso de ouvir isso, mas devo dizer que adoro as musiquinhas que invadem nossas cabeças e só com cirurgia pra tirá-las de lá. Nossa, nossa, assim você me mata...Quem não ficou horas com isso? Eu fiquei, e cantei, e fiz os gestos, e me diverti o quanto pude. Passou.E agora tem uma vinheta que ainda não decorei: Ai, ai, ai, tô com saudade resolvi voltar...coisas da TV.Foi assim com a boquinha da garrafa, ilariêilariêooo, é o tchantchantchan,bailamacarena (tudo em minúsculas)... Aprendi a aproveitar tudo que dá prazer, mesmo por instantes, numa crônica de Leila Ferreira, que dizia" A FELICIDADE é a soma das pequenas felicidades. Essa felicidade com letras maiúsculas não existe. Devemos aprender a usar essa felicidade em doses homeopáticas, viver ótimos momentos, não esperar até que um fato grandioso nos faça felizes." Me ensinaram a esperar o príncipe encantado, mas os súditos eram muito mais interessantes, sabiam jogar basquete.
Esperar para ser feliz é um esporte que abandonei há tempos. Quase riscando da minha vida o QUANDO: Quando eu ganhar na megasena, quando eu me aposentar, quando meus filhos crescerem, quando eu emagrecer, quando eu parar de fumar, quando, quando, quando...
E ficar pensando no SE...Outra palavrinha sem vergonha que enche a gente de remorso, SE. Se eu não tivesse bebido tanto, se eu chegasse antes, se não comprasse no cartão, se tivesse dito tudo o que penso, se não tivesse falado aquilo...se, se, se...
Enquanto o QUANDO e o SE estiverem me dominando, deixo de viver agora.
Um pôr de sol aqui, chegar em casa e saber que é muito bom chegar em casa, ficar em casa mesmo podendo sair, a festa do cachorro, um beijo de verdade aqui( não aqueles de raspão), uma xícara de café recém coado, um livro que a gente não consegue fechar, até que o trânsito não estava tão ruim, um trabalho e a hora do intervalo, um colega que nos faz rir...um sorriso...
É agora. Doses homeopáticas, todo o dia, todo o ano, toda a vida. Melhor ser minimamente feliz do que viver em compasso de espera ou de recordação.
Para ilustrar, nada melhor que a lição trazida da Ilha do Mel,pelos Momosos, pura sabedoria popular. "O POSSÍVEL FAZEMOS NA HORA. MILAGRE, DEMORA UM POUCO MAIS."
Então, AGORA vou deixar o SE e o QUANDO na gaveta, com chave, colocar o meu melhor sorriso e sair por ali, por
aqui, por aí...
Quem sabe, até cantando:
Ai ai ai, bateu saudade resolvi ligar
Me deu vontade de te ouvir falar
Já nem me lembro quanto tempo tem
Ai ai ai tanta coisa que aconteceu
Mas eu vou bem isso é desejo seu
O tempo voa e vai passando o trem
Ai ai ai o nosso medo não vai pro jornal
A gente é um, e cada um, não tem outro igual
Então porque tamanha solidão
Se o nosso amor não passa na TV
Saí correndo e vim dizer meio sem jeito
Que amo você!
( de Mauro Barbosa - Amanhã, 319 anos de Curitiba )
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