A primeira
vez que ouvi “Tem que apontar” nem me lembro. Meu pai dizia sempre: “Tem que
apontar, nunca mais esquece.” Apontar era escrever, anotar, muito lápis e
qualquer papel que aparecesse. Isso ficou gravado na minha mente, e pra mim é
certo: Se eu quero guardar uma informação, anoto, escrevo, registro. É como uma
foto captando o momento. Ver os riscos das letras, a palavra surgindo
milagrosamente, a ideia se concretizando em frases, textos. E os números,
riscos que se transformam em quantidades infinitamente representadas, um
simples zero modifica a vida. Aquela coisa de nem 8 nem 80.
O código de
números e letras me fascina.
X na
Filosofia é o símbolo de desconhecido, o mesmo X na Matemática é uma quantidade
variável, o X da questão é a resposta, em cada idioma tem uma pronúncia. 666
diz-que é o número da besta, pode ser o número da casa ou apenas 666 dias que
faltam ou que passaram para qualquer coisa.
Uma coisa só
passa a existir quando verbalizada. Já pensou numa pessoa sem nome? “Sabe,
aquela pessoa”. É assim que a gente se refere quando não quer que os outros
saibam de quem estamos falando, mas que bem sabemos, é a tal da amante do
marido da amiga. Sabemos o nome, mas omitimos, substituindo por “aquela pessoa”.
Que é uma identificação. O Aquela é a Outra, não é Essa ou Esta, Minha Amiga, a Maria Zulmira.
Incrível como
tantas palavras são jogadas no Universo. Adoro isso. Escreve e recordarás.
Saudades das cartas em papel. Parece que dava pra tocar nas palavras. Agora, as
minhas vão para as nuvens. Tem de tudo, lá.
“Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever,
mas o correio andou arisco”, então, o Chico mandou um disco, uma canção, um
poema, um desabafo, que se não tivesse verbalizado eu não estaria recordando. Metalinguística.
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