MINHA VIDA É UM PALCO

MINHA VIDA É UM PALCO
Somos como atores neste palco que é o mundo, as cenas são os dias e noites, e o roteiro quem escreve é a VIDA!A vida depois dos 60. É começar novo, novos horizontes, um mundo diferente e muito mais LEVE! A gente está sempre começando, sempre aprendendo...E aos 60 anos, a gente nasce de novo! A minha Infância da Maturidade! COMO SERÁ NOS 70?Na minha ADOLESCÊNCIA da Maturidade...CHEGUEI! Cheguei chegando imaginando a vida toda...70 ANOS! BÓRA LÁ QUE A VIDA TÁ PASSANDO!!!E até uma PANDEMIA!Nunca pensei ...De repente, ficar presa em casa, sozinha. Se sair, o CORONA VÍRUS pega. Horrível todo mundo sem se tocar.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

MORCEGO DE LONGE É PÁSSARO


  



Acordei com Fabrício Carpinejar: "Mas de longe todo morcego é um pássaro". Nada contra morcegos, respeito a importância deles no ecossistema, me fascinam os vampiros e também nem todo pássaro é passarinho, os abutres vão comer meus olhos. Saí para a vida a procurar alguém para discutir o tema. De longe, todo morcego é pássaro. 
Praça Osório, centro do centro de Curitiba, dali vê-se a praça, a Boca Maldita e tudo que tipo de gente; confeitaria antiga que hoje é por quilo, mesa da janela, a mulher de longe era uma artista. Roupa preta, uma echarpe meio xadrez extravagantemente grande enrolada no pescoço, cabelos à Amy Hinehouse com mechas escabeladas longas caindo nos ombros e a boca imensa, vermelho carmim (palavra antiga: CARMIM:  substância corante, em vermelho vivo, extraída da cochonilha-do-carmim; magenta, ou seja, vermelho muito vermelho). Uma bolsa também preta, imaginei o mundo inteiro dentro daquela bolsa imensa. Eu queria demais conversar com ela. Vou não vou, acabei não indo e enfiando minha boca numa língua ao molho. Ou a língua ao molho na minha boca. E a mulher lá, acabara de comer e parecia estar dando um tempo. Eu também. Vi que me cuidava, de revesgueio (REVESGUEIO: expressão do sul,igual a de soslaio, disfarçadamente).
Peguei um cafezinho, paguei a conta, ela também, no elevador: "A senhora vai descer?"eu segurei a porta. Ela entrou com um meio sorriso, a bolsa enfiada no braço, um batom na mão, não deu tempo de se pintar.
- Gosta de poesia? - ela me perguntou assim, na lata. 
- Gosto.
- Vou a um encontro da Academia Feminina de Letras, homenagem a dois poetas e aniversário de uma amiga poetisa. Queres?
Saímos do elevador e no saguão do prédio nos apresentamos, eu curiosa por uma história, ela com uma história pra me contar. 
Estou com o DVD da mulher que de longe era uma artista.
Às vezes, o morcego de longe é um pássaro. Às vezes, a mulher de longe parece uma artista e de perto É uma artista.
  

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