Puxa vida! A Mirinha hoje me alugou... Eu estou cheia de tarefas, mas ela me ligou pra contar uma coisa que também me atinge.
Estava Mirinha desmontando as últimas caixas da mudança - eu tembém me mudei, mas não fico enchendo o saco dos outros...- e me telefonou, assim, desesperada, e eu no mesmo estado, imagina: Últimas caixas da mudança, numa grande caixa, como em tudo que é mudança, caixinhas, caixinhas e caixinhas, com cartas do marido ( que morreu há nem sei quantos anos ) de quando eram namorados, cartas dos filhos quando foram pra UNI, irmãos, cunhadas, sobrinhos,amigos e demais entes queridos...E ela lendo tudo, querendo que eu ouvisse... E tem mais ( só quem se muda, sabe): as fotos. Álbuns dos filhos, a foto do casamento, o nascimento... Puxa vida, Mirinha, vê se me dá um tempo...Até os livros de assinaturas do dia dos velórios dos pais...O que faço com iso? ela me perguntou. Quase disse: Enfia...Mas não tenho coragem.
Numa coisa, eu concordo com a Mirinha. Nossos netos não terão cartas para ler assim, no papel, amarelado, numa caixinha de Sedex aproveitada, ( ainda nem tinha Sedex, era Correios, mesmo) dá bem certinho...Agora, pra ler de novo... e se forem na lixeira do comp., ou do leptop( pior ainda), é tanto lixo... Como será que as pessoas vão lembrar do que receberam, das cartinhas contando da SAUDADE quando ficamos longe?...E as fotos... AHHHHHHHHHHHHH... os álbuns dos filhos pequenos, do casamento, daquela viagem a Capão...Das Sogras, cunhadas, do Carnaval na Duque ou na Presidente? E dos churrascos com os cachorros "al derredor", as picañas, as cevas...Na 15 ou na Tiradentes? Mocotó em Julho, frio de renguear cusco, festa junina, 20 de setembro, Califórnia, o Pirisca era um guri bem piá...O Passarinho cantava " O Guri"...eu até tocava violão, alguém sentou e quebrou numa borracheira das Califórnias...As Tertúlias... Toda noite chimarreando, cantando, proseando, coisa boa varar a noite cantando na Pastoril, Cidade de Lona...E eu dizia: Cheguem bem cedo ( mais ou menos, sete da manhã)...Já com sol...É ruim andar "de noite".
Olha só, Mirinha, conseguiste me tirar das obrigações, mas eu compartilho contigo O
"ADEUS, PAPEL! ADEUS POSSIBILIDADE DE RECORDAR ASSIM, CONCRETAMENTE".
( Um dia, Mirinha, vamos nos encontrar no VIRTUAL, assim, como almas penadas... pode me ligar, Mirinha, eu te entendo...Olha só como chegaremos...)
A vida começa aos 60 anos. ATUALIZANDO...a vida começa aos 74. Agora, já estou com 75. A pandemia do Corona Vírus passou. A COVID se transformou em doença, que precisamos tomar vacina todos os anos, o vírus se transformou em coisa igual sarampo. POR ENQUANTO, estou escrevendo, copiando crônicas que escrevi nesses tempos de estranheza numa realidade de idosa. QUANDO eu ficar velha, talvez não tenha vontade de escrever mais.
Brigado por mandar noticias Tia...
ResponderExcluiresperamos mais, pode mandar pelo e-mail como sempre.
Bjs e Abraçossssssssss
Histórias de Uruguaiana Grande! E tudo registrado nas cartas...Mirinha só pode ficar melancólica!
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