A vida começa aos 60 anos. ATUALIZANDO...a vida começa aos 74. Agora, já estou com 75. A pandemia do Corona Vírus passou. A COVID se transformou em doença, que precisamos tomar vacina todos os anos, o vírus se transformou em coisa igual sarampo. POR ENQUANTO, estou escrevendo, copiando crônicas que escrevi nesses tempos de estranheza numa realidade de idosa. QUANDO eu ficar velha, talvez não tenha vontade de escrever mais.
sábado, 6 de abril de 2019
ZUMBIDO - O SOM INDIVIDUAL
Ah, se fosse uma doença! Mas não é. Zumbido é um SINTOMA.
Sintoma de quê? Ninguém sabe. Nem todos os mais eficientes cientistas que sabem a origem da vida ou o clima do mundo conseguem dizer porque eu tenho este zumbido dentro da minha cabeça que apenas eu ouço. Só eu. Nenhum aparelho do mundo consegue captar. Meu zumbido é o meu som individual, vai comigo onde vou, dorme e acorda comigo.
Ontem voltei ao meu grupo do zumbido. É o GIPZ. Funciona no maior hospital público do Brasil, no Hospital de Clínicas da UFPR em Curitiba.Uma vez por mês; é uma equipe de profissionais especialistas em diversas áreas da saúde que apresentam informações atualizadas aos portadores de zumbido.Pessoas voluntárias, a doutora Rita de Cássia a responsável pelo grupo. No mundo, já somos 278 milhões. Quem me pergunta o que é esse grupo, eu explico didaticamente que é como se fosse grupo de dependentes de álcool ou de químico, só que nós somos dependentes do som. De zumbido.
Tem gente que tem e não sabe, tem gente que sabe que tem e não admite, tem quem pensa que tem e não é, tem zumbido temporário que chega e vai sem avisar, tem zumbido que afasta a pessoa dos outros, tem zumbido que já me acostumei, o meu é um rádio em alta frequência sem sintonia, tem de martelo martelando, vento zunindo, de oceano marulhando, de abelha zumbindo, acho que até daí veio o nome. Mas é extremamente individual, esse som que nunca desliga.Não tem cura pois não é doença. Como não é doença, não tem remédio. Como é um sintoma, tem que descobrir a causa.Ponto.
Nas reuniões do grupo, aprendemos a tirar o zumbido do foco do pensamento.O mundo é muito maior que um zumbido. Como funciona tudo dentro da cabeça, com sentimentos e emoções e percepção e sensação. O que eu mais gosto é de ouvir as histórias das pessoas que, como eu, têm um zumbido todo seu. E que eu não sou a única, que tenho perda auditiva e talvez um aparelho melhore minha qualidade de vida.
Esse grupo tem melhorado minha vida. Eu adoro ler. Preciso de uma concentração extra para entrar no livro. Tentar esquecer deste zum que grita mais alto que a música.Cantar, conversar, trabalhar, viver normalmente.
Um dia de cada vez, desligar meu som interno.
Às vezes, penso que juntando todos os portadores do zumbido que conheço podemos produzir energia, quem sabe até acender as luzes da cidade e manter uma operadora de internet individual.
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