MINHA VIDA É UM PALCO

MINHA VIDA É UM PALCO
Somos como atores neste palco que é o mundo, as cenas são os dias e noites, e o roteiro quem escreve é a VIDA!A vida depois dos 60. É começar novo, novos horizontes, um mundo diferente e muito mais LEVE! A gente está sempre começando, sempre aprendendo...E aos 60 anos, a gente nasce de novo! A minha Infância da Maturidade! COMO SERÁ NOS 70?Na minha ADOLESCÊNCIA da Maturidade...CHEGUEI! Cheguei chegando imaginando a vida toda...70 ANOS! BÓRA LÁ QUE A VIDA TÁ PASSANDO!!!E até uma PANDEMIA!Nunca pensei ...De repente, ficar presa em casa, sozinha. Se sair, o CORONA VÍRUS pega. Horrível todo mundo sem se tocar.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

PREPARA QUE É HORA

                                                         imagem fbcapas.com.br

A psicóloga da Mirinha bem que avisou: depois dos sessenta tem que se reciclar ou a barra pesa. 
Verdade.
Aposentado, pior ainda. Vira inativo. Descartável.
Todo mundo acha que nossa memória não funciona mais, ficam nos olhando como se já estivéssemos com Alzheimer ou esclerosada ou caduca. 
Por tudo isso, a Mirinha está se preparando. Ela diz, cantando:
     - Prepara, que é hora.Eu tive essa ideia há mais de 6 anos, lembra, Bella?
     Claro que lembro.Um dia depois de fazer 60. Virar SEXYGENÁRIA.

Mirinha comprava caixas de remédio para dormir, com receita e tudo. Só eu sabia do estoque, sempre umas 10 caixas, bem escondido atrás das roupas. Ia substituindo quando o prazo vencia. Como conseguia as receitas? Fácil, pedia uma caixinha pra cada médico,dizia que tinha insônia, que os olhos nunca fechavam. Mentira dela, tem um sono abençoado, nem encosta a cabeça no travesseiro e e já está roncando. Mamada, quase sempre. Pior que na música do Leonardo "De bar em bar". Pra que os soníferos? Ela sempre está com o estoque em dia.Até hoje. 300 comprimidos.Preparada para morrer.Só eu pra guardar esse segredo. Justifica:
        - Quando os médicos me diagnosticarem uma doença dessas degenerativas do físico ou da memória, ou de tudo junto, viajo pro Caribe e lá, junto com os piratas, eu tomo 300 comprimidos e durmo eternamente. 

Até que não é uma ideia ruim, tem sentido. Nem precisa ir pro Caribe. Diz que vai visitar os parentes. Que não tem internet, nem sinal de celular, pronto. Se hospeda num hotel de Caiobá ou Tramandaí ou Bagé, pendura aquele NÃO PERTURBE na porta e deu.Só vão achar quando feder.

Pois... Acabamos de ver um filme, roubaram e copiaram a ideia da Mirinha. A mocinha, protagonista, já meio coroa, começa a se esquecer de coisas simples.O médico diz que ela está com um tipo de Alzheimer precoce, esquece rápido, até não saber nem o próprio nome. Ela prepara um frasco cheio de remedinhos tarja preta tipo Rivotril e escreve uma mensagem no celular e no computador, que acessa todo dia. Quando esquecer respostas triviais, abre um ícone, uma borboleta,lê a mensagem:"Pegue o frasco na gaveta azul e tome TODOS os comprimidos, sem contar NADA a ninguém". Uma ordem.Vai se matar pra não se esquecer. Mas ela se complica, derruba o frasco, remedinhos no chão, esquece o que devia fazer. Fica assim até o The End.Não lembra mais de nada, nem marido, nem filhos, nem de tirar a calcinha pra fazer xixi.E vive assim, sem qualquer lembrança. 

Por causa desse filme a Mirinha refez os planos.Ou melhor, aprimorou-OS. Pra nada dar errado.  Toda vez que vai ao médico, ela leva os comprimidos de dormir eternamente disfarçados de cosméticos na necessaire.Dependendo do diagnóstico, ela vai viajar não-sei-pra-onde. 
- Não vou virar samambaia - ela diz. 
E me fez jurar que nunca revelarei pra ninguém a decisão de ela se transformar na Bela Adormecida. Sem príncipe.
JUREI.







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