A vida começa aos 60 anos. ATUALIZANDO...a vida começa aos 74. Agora, já estou com 75. A pandemia do Corona Vírus passou. A COVID se transformou em doença, que precisamos tomar vacina todos os anos, o vírus se transformou em coisa igual sarampo. POR ENQUANTO, estou escrevendo, copiando crônicas que escrevi nesses tempos de estranheza numa realidade de idosa. QUANDO eu ficar velha, talvez não tenha vontade de escrever mais.
sexta-feira, 31 de agosto de 2018
A chave, a porta, anjos e demônios
Sozinha comigo. No quarto. Fechada. Dona das minhas ações. Das ações? Não. Sou apenas dona dos meus pensamentos. As minhas ações dependem das algemas afetivas que me prendem às pessoas da rotina comum de seres comuns. Que não consigo ignorar.Fazem parte do meu Universo. Mas.. quem não tem a tão obrigatória rotina? Cama, mesa, banho, amores, contas, parentes, amigos,comida, bebida..Porém...neste momento eu tenho a chave e a porta.
A chave na minha mão.
A porta na minha frente.
E se eu abrir a porta?
E se eu não abrir a porta?
O que tem do outro lado? Outro quarto fechado?Encontrarei ossos? Um bicho, talvez? Uma aventura, um café, um trem, uma festa surpresa pra mim?
Só preciso colocar a chave e girar. Empurrar a porta. Descobrir.
Meus anjos e demônios gritam:
- Coragem, vai!
- Cuidado, fica aqui que estás segura.
- Se fosse eu, não arriscaria.
- Loucura, o que tiver que ser será...
- Isso é depressão. Toma um remedinho e dorme.
- Vai, enfrenta o mundo, te liberta!
- Não tem o que fazer? Te suicida, chega de drama.
- Que porta? Não existe porta.
- A chave está quebrada, acabou.
Anjos e demônios, sempre eles, e dúvida aumenta.
- Há tanta vida lá fora...
- Aqui dentro tem segurança.
A chave na mão. A porta fechada.
Será que preciso abrir a porta?
...Dormir, sonhar, não mais...
Eu quero.Não quero. Eu devo.Eu não devo. Eu posso. Não posso.(!?!?)
( Estou lendo MULHERES QUE CORREM COM OS LOBOS, de Clarissa Pinkola Estés. Viagens pelos mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem. A vida é bem assim.Obrigada, mana.)
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