AMADURECER X APODRECER

   

Mirinha está em surto novamente. Todo mundo diz que Mirinha está mais madura. Ela fica ofendida.
- Bella, depois que amadurece, apodrece.
Só eu pra entender minha amiga.
Ela não sabe usar o FACE. Ficou fora de toda a baixaria das eleições. Não viu, como eu vi e li e me revoltei - como os amigos irmãos camaradas se revoltaram com as críticas e destinos aos seus candidatos, Dilma e Aécio. Só para informar: os dois estão muito bem, obrigada, e recebendo seus altos salários e cheios de puxa-sacos ao redor, sem fazer nada mais que nomear mais escravos, todos submissos ao poder que emana do povo e a eles se curvam. E nóis, aqui. A Mirinha é fruto dessa bagunça, logo ela que sempre se manifestou livremente, até livre demais.Eu sou mais madura, fico tentando conciliar as partes. As partes superiores. As inferiores, são por conta da Mirinha. 
- Bella, eu não me conformo. Todo mundo diz que preciso amadurecer. Que tudo passa. Mentira! Passa o que eu não posso interferir, por exemplo, no pensamento de meus amigos e familiares. Eles acham que eu devo ficar de fora. Amadurecer. Bella, sabes o que é uma banana madura? Fica podre e se joga fora. EU NÃO QUERO AMADURECER!
- Tudo bem, Mirinha. Então, não amadurece e pronto! - eu falei sem acreditar, só para acabar com o assunto.
- Mas todo mundo diz que estou idosa, eu NÃO SOU IDOSA, SOU RELÍQUIA (antiga e valiosa).
Quem já tem 65 anos, sabe como a idade pesa. Mesmo que a gente passe todo dia alucinada, que vá pra Paranaguá e fique todo dia sabendo o que é Arqueologia, Sambaquis, Etnologia e descubra que os índios faziam fogueira e eram enterrados embaixo de conchas, e coma camarão frito com cerveja no Mercado e veja os marinheiros sarados e até dê uns pegas neles - 65 anos, pesa.

Fiquei olhando meio pasma pra Mirinha. Ontem ela foi pra Paranaguá com as colegas da UAM, da UFPR. Uma excursão acadêmica, conhecer o MAE, Museu de Arqueologia e Etnologia, da UFPR, em Paranaguá. Céu azul, 35 graus, o Monumento construído pelos jesuítas, Cultura pura. 
Pois a Mirinha conseguiu confundir tudo.

- Amiga, tu não tens maturidade, ainda. Vou te ensinar a usar o FACE e verás como a gente nunca vira RELÍQUIA nesta rede social, maravilhosa. A gente briga, faz as pazes, tira uma foto da comida, dos netos, da flor e do golfinho, dos parentes, do passarinho e gatinho e até do presidente. E fica muito feliz. A vida é essa, Mirinha. 
Nem preciso dizer que a Mirinha, brevemente, será a maior participante deste FACE maravilhoso. 
AGUARDEM!

MARKETING E DEMOCRACIA

Quem viveu antes, durante e depois da ditadura, sabe bem como é importante poder votar. Escolher. Ter o direito de escolher. 
Posso até errar, me arrepender do meu voto. Mas é o meu voto.
Só lamento que, agora, meu candidato não é mais autêntico.Aquele sincero, espontâneo,autêntico, ACABOU!
 Aquela coisa de "Ideologia, eu quero uma pra viver"parece filosofia de livro antigo. 
Partido político hoje é mantido com conchavo: "Se me derem um ministério, eu voto." Se minha empresa ganhar a licitação, financio a campanha.
 Não é mais UM voto a cabresto. São MILHÕES de votos trocados por uma chupadinha na teta gorda do governo.Que o povo paga. Infelizmente. 
Se eu não sou burra, vou ter que me convencer: Meu candidato é uma produção.
O sorriso ensaiado, o discurso redigido por estudiosos da massa, sociólogos, psicólogos e por aí vai. Sorriso, gesto, dentes, cabelos.  Até a cor da roupa do candidato é escolhida para causar impressão. Despertar simpatia.Odiar o oponente. E assim somos teleguiados, minha opinião é manipulada. Lavagem cerebral. Promessa de felicidade.
Ideologia, hoje, é marketing.   Quem manda na minha escolha é o marqueteiro. Vai ganhar a eleição quem apresentar o melhor SHOW, muito bem dirigido por eles, os marqueteiros. Sabem tudo.Tudo o que eu quero eles sabem. E montam a produção. Virei fantoche.
Acho que foi a Martha que disse:" Não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos." E como eu sou? Será que eu sou livre para decidir? O que eu conheço do candidato em que vou votar? Não é mais uma pessoa, é um produto.
Coisa dele, do marqueteiro. Taí a nova e rendosa profissão. Responsável pela eleição do ou da  presidente.
Mesmo assim, repito o que sempre falei para meus alunos: A pior democracia é sempre melhor que a ditadura. Domingo vou votar no MEU produto.Sem chance de devolução.

( Morro de inveja da Mirinha, ela não tem esses escrúpulos nem essas neuras, domingo vai esperar o resultado da eleição e vai pra rua fazer festa.Ela, agorinha, me disse bem assim: "Ganhe quem ganhar, a gente vai continuar trabalhando." Trabalhando?)

AULA DE SENSUALIDADE

               Fim de setembro fomos – eu e Mirinha -   com a turma do bolão para Costão do Santinho, em Floripa. Tudo que pode ter de bom, tinha lá:oceano, serra,urbis e farra:  MAR, lindo de morrer, Serra do Mar, o Morro das Aranhas   sem aranhas, ainda bem, piscinas frias e quentes, comida 24 horas, salgadinhos, bufês com tudo, e, pasmem! Bebidas liberadas também 24 horas, desde café, sucos,  champagne, vinho, uísque, caipirinha, caipirosca e derivados e – coisa de deuses – chopp da Brahma!Máquinas de chopp diabólicas, em toda parte, tudo liberado,quem resiste? Bailes todas as noites,cheios de garotões pra dançar com a gente, tinha  pra todos os gostos. Cassino de verdade com dinheiro de mentira, trilhas pra quem tem joelho bom.Até lojinhas, a gente tem que comprar!

               E pra liquidar com as gurias e guris, show de Erasmo, ele mesmo, ö meu amigo, meu irmão Erasmo Carlos"" , que nos acompanha há 53 anos, aquele homem imenso que não pode ficar à beira do caminho, ainda com umas coxas poderosas de arrancar suspiros. Rock’nroll pesado, o Tremendão  está até cantando melhor. 

Nós apenas suspirando...Gatosas sexas.

                                       Acho que isso inspirou Mirinha, com um baita sol, ela se fechou numa sala com um monte de outras gurias, pra quê? Aulas de sensualidade. Isso mesmo.Preferi ficar à beira do caminho, gula e preguiça...

           Na volta de Santa, ela mesma resolveu me repassar a aula. "Em casa, Mirinha",eu sempre tenho um pé atrás com Mirinha.
           E foi bem assim, como quando éramos jovenzinhas e faziamos teatro em casa, colocou filhas e noras e cunhadas e tias e neta e vizinha(a freira do 208 que não é freira), todas sentadas na sala. Mirinha começou dizendo que era proibido contar nossos segredos aos homens."Eles nunca falam o que conversam com outros homens". Verdade.
Vamos à aula:

- Gente, vocês precisam se atualizar. Quem aqui ainda beija na boca?

Só eu não levantei a mão.

- De língua?

Ninguém se manifestou. Mirinha continuou:

- Vocês sabiam que esse tal  de selinho é pra Hebe Camargo e que a Hebe já morreu? Então, cheguem aos seus machos (se ainda são) e tasquem um belo beijo de boca aberta e de língua. Vão ver a reação.

Eu me manifestei, “não fala essa coisas na frente da neta”, onde se viu?

- A guria já fez 16, sabe bem, o namorado fica horas no quarto dela...garanto que ela não dá selinho, dá é outra coisa...

A neta riu e concordou com a vó "mutio doidia"...

- Fala mais, vovó, vamos saber das novidades...

- Então, quem usa calcinha bege? Soutien bege?

Todas levantaram a mão.

- Coisa horrível, cor de quem já morreu...Tem que ser langerie vermelha, cheia de rendas, coisa que provoque labaredas. Amarelo, verde bandeira, tigreza...Sou capaz de apostar que vocês dormem de calçola e pijama.

Silêncio concordante.

- E tem mais, estou vendo uns crocks. E com meias grossas. Para um homem, isso é brochante!Chinelo horrorozo, de plástico. Só falta o avental sujo de ovo.

As tias se olharam, elas vivem fazendo bolos.

- Por que os homens têm amantes?

Todas resmungaram, Mirinha estava louca, os marido eram uns santos!

- Acham que eles são santos? Queridas, alouuuuu, os homens têm  vagina, bunda e peitos dentro da cabeça. E vocês têm tudo isso ao vivo e em cores.Mas está escondido dos coitados.Eles querem boca vermelha, perfume, chinelinho frufru e até uma camisola de oncinha...e nada de choramingos sobre como está caro o tomate! Vê se uma amante vai falar de problemas...E vocês chegam em casa e tiram o salto e colocam camisetas imensas...Elas colocam salto e usam vestidos es-ton-te-antes. Querem ver que o cansaço deles desaparece? Vê se vão ficar com as mãos no controle da TV. Vão é pôr as mãos na massa.

Pedi pra Mirinha falar por metáforas. Estava caindo o nível.

- Não tem nível, queridas, o que tem é que ser feliz com o dito cujo, levantar o defunto, hastear a bandeira. Vou ensinar a dança para tirar a roupa. Alguém já fez isso?

Dessa vez, a surpresa foi minha. Até a freirinha...Até a cunhada chata.

Só a neta nunca tinha feito a tal dança, nem precisava, vivia quase pelada. E eu abobada. Nunca fiz pro falecido.Tinha vergonha.

 - No passado, fizeram. E hoje? Faz quanto tempo que não fazem um strip? Mirinha perguntou.

Chiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...Nem precisaram responder.Concordaram todas com a cabeça. Tinham até esquecido.

- Vamos lá,gurias, peguem a cadeira! Dedinho na boca. Bella, põe uma música. Caribenha.Salsa-merengue.

E  a aula de sensualidade terminou com palmas.

 Temos uma nova professora. Quem quiser, ligue pra Mirinha.

Vocês precisam ver os maridos, namorados e ficantes das alunas...andam com riso fácil, trazem flores...Vivem de segredinhos...E elas só love...

                  Mirinha agora, está com ideias de abrir uma loja. 
                          Brinquedinhos eróticos. Tipo 50 tons.
                      Deu o livro pra freirinha que não é freira.
                             Não sei onde isso vai parar. 
                                          Ou pirar.

 

UM ANJO COLORIDO

Só eu mesma para levar a Mirinha pra Austrália. Visitar família em Sydney, como se fosse ali na esquina. De mala e cuia, melhor, de longos coloridos e chapéu com conchinhas, lá do Cassino, atravessamos o Pacífico – isso é história para uma trilogia, com Mirinha tudo é aventura.

Lembrei hoje dessa história do anjo. Tenho muitos, e a Mirinha faz uma farra monstra de meus anjos, “Tudo inventado”, ela diz. Até que aconteceu com ela.

Ficamos alojadas no apê do filho e nora perto da Universidade Macquarie, onde trabalhavam. Depois de um fim de semana turístico em família, ficamos  só as duas “em casa”. Minhas pernas doíam, eu só queria descansar. Mirinha me enlouquecendo:

- É bem coisa de gente velha, ficar fechada com tudo pra ver. Bella, o ônibus passa na esquina, olha no mapa, tem uma Queen nos esperando no centrão de Sydney.               

      -  A gente vai e volta no mesmo ônibus.

Mirinha acha que está no Brasil, quem sabe em Rio Grande ou Uruguaiana, tudo vai e volta assim, fácil. Eu só queria dormir um pouco, esgotada. E ainda o fuso. Como é que Mirinha fica inteira? Dez da manhã em Sydney. Dez da noite no Brasil. Dormi. E Mirinha se mandou.

Mirinha tem mania de shopping, aprendeu em Curitiba.

Seis da tarde. O pessoal chegou do trabalho. Eu ainda desfusada. Cadê Mirinha, até agora, nada. A gurizada a mil, happy hour esperando, eles nem aí pra Mirinha, eu tendo um ataque de nervos.

- Pô, mãe, não esquenta, de repente a Mirinha aparece, tem táxi pra quem se perde.

 Isso eu sei, sou coroa, não sou burra. Mas a amiga nem fala inglês direito, e o Victória é uma perdição, e Sydney não é Alegrete.  

Quase sete da noite, aparece Mirinha. Pegou um ônibus, ela se vira, fala, escreve,desenha e chega lá, foi até ao The Queen Victoria  Building, tem até as fotos da Rainha Victória bem sentada na frente do shopping     

e do shopping.

           A Mirinha chegou 18.15 pm e arrasou, toda alvoroçada, “Vocês nem imaginam o que aconteceu”. Inimaginável claro.

- Desci do ônibus bem na frente da Victória (nessas alturas, Mirinha já era íntima da rainha). Passei odia entrando e saindo das lojas, comi Caesar Salad e bebi torneiras de chopp. 
Na volta, fui aonde tinha descido e os ônibus só iam, nenhum voltava. Perguntei para uma pessoa que me levou do outro lado do shopping da rainha, peguei um ônibus que me largou embaixo de um viaduto cheio de pubs, com lojas de aborígenes, milhões de gente com cabelos coloridos, 
músicos na rua, parecia Woodstock alternativo 
(Mirinha esteve em Woodstock em 1969, de hippie e tudo),
 nenhum táxi passava lá, eu já estava chorando, quando uma senhora muito velhinha, muito mais velhinha que tu, Bella, me perguntou se eu estava lost, entendi bem o lost, eu disse yes, I am,
 ela me deu um papel e uma caneta, mandou eu escrever pra onde eu queria ir, eu escrevi Macquarie University,
 ela me levou até um ônibus muito estranho,cheio de desenhos como tatuagem,  o único que parou perto daquela bagunça, 
me entregou pro motorista e deu o papel pra ele ler, e ainda escreveu mais umas coisas que eu não vi...
O ônibus voltou até o shopping da Rainha Vitória, já estava fechado. Então o motorista deixou o estranho ônibus parado na rua, desceu e foi de mão comigo como se eu fosse uma criança, me entregou pra outro motorista de um ônibus normal, do outro lado do shopping e falou naquela língua deles, pela entonação vi que era muito sério, mostrei meus dólares, ele fez que não, disse GO e eu estou aqui.

                                      Eu estava em choque, a gurizada ria muito, a Mirinha olhou bem séria:

             - Vocês não acreditam? Pois olha só, este foi o papel que a senhora deu ao motorista.

             Ali dizia o seguinte, já traduzido: “Por favor, leve esta moça até o ponto de ônibus e diga ao motorista para levá-la até o seguinte endereço: Leisure Close 21/3, North Ryde”a assinatura ilegível, parecia desenho.

            - E eu nem dei o endereço pra velhinha – jurou a Mirinha - o motorista não cobrou nada e me deixou bem aqui na frente...

            Não preciso dizer que ninguém acreditou, embora o ônibus foi uma surpresa, naquela rua e naquele endereço, o nosso. Mas a Mirinha tem o bilhete até hoje, para provar, colado no álbum, que diz ser do Anjo de Sydney. 

           Eu tenho o meu Anjo Branco. Já contei a história, o Anjo do Abraço.
 

          Mirinha tem um Anjo Colorido. Na Austrália.

          Foi ela que me pediu pra contar essa história, vai imprimir e colar ao lado do bilhete.

                   

                         
                           I believe in angels. 
           E eles aparecem quando menos se espera.
                                 

     

SER DIFERENTE É NORMAL: Hoje é Sexta-Feira

 

O que estou olhando agora não é verdade. Poderia fazer uma reflexão sobre verdade, mas também é uma verdade pessoal. 
Ando tanto distraída, impaciente e indecisa. Letra de música. Todo dia ouvir gente que fala sobre o mesmo assunto, parece combinado, jornal, revista, tevê, rádio, professor,colega, família, amigos...um complô, fica martelando em minha cabeça. 
Percepção. 
Resolvi observar como isso mexe na rotina. É incrível. Cada pessoa, um mundo. 
Frequento grupos diversos, e em cada grupo encontro gente parecida mas não igual. É como se abrisse uma pasta cheia de divisões sobre um mesmo tema. Num mesmo objeto, cada fotógrafo registra um ângulo diferente.
 Observei pessoas de um mesmo grupo, com a mesma história de vida, lembrando um mesmo fato, cada um com uma recordação. Diferente. E cada um brigando pela sua verdade.
Parei pra apenas observar, e me surpreendi.
 As imagens que tenho registradas na minha mente são diferentes. 
Pessoas felizes têm lembranças agradáveis. Pessoas complicadas lembram dos problemas. Tem gente egoísta que lembra só o que lhe convém, olha só para o próprio umbigo, eu e minha conveniência,  e é assim ou sou eu que estou enxergando assim? Vai ver sou eu que tem uma percepção errada, mas será que não é a certa? Já passou, não dá pra ver de novo. Está registrado no nosso HD interno. Insondável. 
Perceber o mundo é pessoal. 
Conviver com o mundo é coletivo. 
Ser feliz é individual. 
Viver feliz é coletivo. 
Chega a dar um nó nos neurônios. 
Cada mente, um mundo. Nem com cirurgia para descobrir.
 Aquilo de se colocar no lugar do outro é utopia. Porém é possível observar o mundo desse outro e tentar entender como é a vida desse outro,se é mais ou menos, nunca saberemos o que se passa na sua cabeça. 
 E tem muita gente que tem medo de se revelar. Ou se acha tão superior que não divide as emoções. 
Ou finge."Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente", pois o poeta é um fingidor, até a felicidade pode parecer fingida.
E a verdade é um um iceberg sem ponta.
                  Então, hoje é sexta-feira.
 E daí? Deu pra ti? Baixo astral? Ou vai rolar a festa?
 A minha percepção de sexta-feira é que acabou a semana. 
De acordo com a margem de erro para mais ou para menos, já é segunda ou ontem até que foi legal.  Depende. 
                        É percepção.
              Ser Diferente é Normal.

SOU UMA FARSA

Mirinha sempre me pareceu fora da casinha, para usar uma expressão atual. Pois bem; agora ela está no Rio Grande do Sul. Mesmo tendo transferido o título de eleitor para Curitiba, inventou que precisa estar no RS para que "o gaúcho escolha bem o presidente". Porém, tem um problema: dependendo da casa de QUEM a Mirinha está, ela usa um discurso. Vira casaca com facilidade. Quer agradar todo mundo. 

Na casa da família tradicional, ela é de direita. Se fica em casa de comunista, é da esquerda. Ou seja, quer agradar a gregos e troianos, melhor, a petês e  a tucanos. Por isso, estou escrevendo: Mirinha é uma farsa. Sei que ela vai ficar de cara comigo, mas não posso passar a mão na cabeça de uma pessoa sem cabeça. Será que está tentando conquistar TODO o mundo? Coitada...Cheia de perguntas sobre a vida, não sabe se é católica ou protestante, afinal, todos são a mesma coisa...

No Cassino, se vestiu de Iemanjá e fez milagres ensinando a pular sete ondas.

 Em Pelotas, foi à casa das Sete Mulheres e se pendurou num tronco para ser açoitada por um negão lindo de morrer. 
Em Porto Alegre visitou uma amiga e comadre, uma psicóloga também aposentada, madrinha do filho, e lá, na comadre, num jantar íntimo(?), encontrou quem? Morro de ciúmes! Nada mais que Luís Fernando Veríssimo! Era tudo o que eu sonho. E dele, do próprio Luís, ouvir: "Quando  achamos que temos todas as respostas, vem a Vida e troca todas as perguntas". Pronto. Deu pra Mirinha se suprir de munição para me aporrinhar como se fosse uma filósofa.
 Quem aguenta a Mirinha agora? E tem mais: ela fica inventando coisa e diz que foi ele, o Luís.

 Na casa da família do pai em Uruguaiana, tirou foto, colocou no FACE e publicou uma declaração: 
"Quando meu pai morreu, fiquei de mal com Deus e tirei Jesus de minha vida, Ele, o magro Jésus,  é apenas um marketing da Igreja Católica pra conseguir seguidores". 
Nem vou dizer quantos comentários repudiando os comentários da Mirinha.

 E a família me ligou, depois de jantar com o Luís, qualquer gaúcho se acha. 

Entretanto, ou entre mientras, by the way, todos queriam que eu fosse pra fronteira no sul do sul pra acertar a cabeça da amiga. Nem pensar. Eles que se virem.

 Tem ainda o pessoal de Santa Cruz do Sul, nem parente é da Mirinha, ainda,  tudo conhecido,  pois ela foi lá, na Oktober,  e bebeu tanto, mas tanto Chopp, ganhou até um concurso de quem bebe mais, que os parentes se emocionaram e ela saiu de lá como rainha.

 É aí que eu me refiro: 

Quanto mais escândalo, mais ela fica famosa. 

Passou por Santa Maria e foi à Universidade falar da Maturidade: "Eu não sou velha, sou uma RELÍQUIA, IDOSA E VALIOSA". Ficou famosa pela frase. Teve 2.937 compartilhamentos. Eu me mato escrevendo e só tenho meus amigos maravilhosos que me compartilham.

  Mirinha tem gente até em Bossoroca .E em Alegrete.

 Todo mundo sabe "Onde Fica o Alegrete", pois a Mirinha até apareceu com o Guri de Uruguaiana que não é de Uruguaiana, e ela, a Mirinha, tirou foto e tudo com ele.E com o Emo.

 Às vezes, eu acho que  Mirinha é o Forrest Gump. 

 Acho que ir ao Rio Grande do Sul com a Mirinha, na próxima, vai até me fazer bem. 

Vou aprender a ser feliz.

 Mirinha é uma farsa. 

Será?

Neste Dia do Professor, acho que todos esses problemas da minha amiguinha são, com certeza, culpa de quem? 

Dos PROFESSORES! 

ELES ensinaram tudo isso.

 Pois a VIDA É UM TEATRO.

 E Mirinha é uma farsa. Personagem.

 Amo a Mirinha.       

NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESTE PAÍS

Quinta-feira. Último debate na TV dos presidenciáveis. Na tela da Globo, os brasileiros que ainda estavam com paciência, puderam acompanhar um programa interessante. Pra chorar, se não fosse cômico. 
Eu tinha chegado de merecido descanso de aposentada no Costão do Santinho, um resort em Floripa pra ninguém botar defeito. Mirinha também foi (sem comentários!).Ficou na minha casa, esperando até sexta pra encarar o bar do Tatu, frio demais em outubro, chuva. Precisei obrigar minha amiga a ver o programa:
- Mirinha, olha bem, vê se te decide. É o destino do nosso país.
- Bella, já te falei, vou anular meu voto, não acredito em mais ninguém, Luís Inácio me traiu.
Resolvi não argumentar, isso deve ser letra de alguma música do Renato Russo...
Abri um pacote de cheeps e uma ceva, brinquedinho pra guria, ela se aquietou. 
Começou a bagunça na TV, o William Bonner quase teve um troço, os candidatos carregavam milhões de folhas com cola, bem ali, na frente de todo mundo, "retirem as crianças da sala", pediu, que mau exemplo. Todos prometiam a mesma coisa. Todos queriam ferrar todos. E na platéia tinha também um monte de puxa-saco, esperando a vez pra dar um tchau pra mãe e um beijo pra Xuxa.
- Tá vendo, Bella? Nós aqui, perdendo tempo com essa farsa. Tudo combinado, no final, eles se abraçam e vão fazer festa juntos. E o povo que se lixe!
Mas quando o Aécio meteu o dedo na cara da Luciana, Mirinha se indignou:
- Que desaforo, fazer isso com a guriazinha. Por que não procura alguém do tamanho dele? 
- Mirinha, ela se defendeu, viste? Falou "não me aponte o dedo"!
- Obrigada, amiga, por me acalmar. Mas eu te agradeço. Estou vendo o maior espetáculo da Terra: TRÊS mulheres concorrendo à Presidência da Terra Amada Idolatrada Brasil. Nunca antes na História deste País...