Ninguém imagina. Só quem vive lá. Na campanha do Rio grande do Sul, onde começa o Brasil.
Os olhos enxergam o longe, a terra encontra o céu e ainda sobra espaço.
O silêncio reina soberano, com a presença dos anjos que saem da boca das borboletas.De vez em quando um canto de quero-quero. Só cortado pelo assovio do vento que teima em soprar todo dia, e na noite o Minuano fininho e cortante, vento da noite, noite dos mortos.
E o dia revela se a vida vive ou morre, se a semente brota, se vai ter colheita, se vai ter pasto pros bichos.
Terra, céu, dia, noite e eu espero.
Os olhos correm o verde, tomara que venha chuva, tomara que pare a água, e o horizonte largo se encosta no infinito. O silêncio traz distâncias. Distâncias de Liberdade.
Há Solidão na espera, e tem a pessoa amada, "amada, amada, de ficar solito, não me apego a nada". Mentira. Eu me apego a este chão, crio as raízes profundas que me escravizam e eu me esparramo na espera.
Quem depende da terra, da água, do céu, aprende a esperar. Essa terra cruel ou amiga, companheira ou bandida, é ela que vai me acolher quando tudo aqui estiver pronto.
Só o Tempo me entende. Este espaço que eu posso encher de tudo que eu quiser, e eu encho com Esperança, e que também pode ficar assim, vazio, até eu encher com Saudade.
Esperar, meditar. Quem sabe um violão...
A vida começa aos 60 anos. ATUALIZANDO...a vida começa aos 74. Agora, já estou com 75. A pandemia do Corona Vírus passou. A COVID se transformou em doença, que precisamos tomar vacina todos os anos, o vírus se transformou em coisa igual sarampo. POR ENQUANTO, estou escrevendo, copiando crônicas que escrevi nesses tempos de estranheza numa realidade de idosa. QUANDO eu ficar velha, talvez não tenha vontade de escrever mais.
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