MINHA VIDA É UM PALCO

MINHA VIDA É UM PALCO
Somos como atores neste palco que é o mundo, as cenas são os dias e noites, e o roteiro quem escreve é a VIDA!A vida depois dos 60. É começar novo, novos horizontes, um mundo diferente e muito mais LEVE! A gente está sempre começando, sempre aprendendo...E aos 60 anos, a gente nasce de novo! A minha Infância da Maturidade! COMO SERÁ NOS 70?Na minha ADOLESCÊNCIA da Maturidade...CHEGUEI! Cheguei chegando imaginando a vida toda...70 ANOS! BÓRA LÁ QUE A VIDA TÁ PASSANDO!!!E até uma PANDEMIA!Nunca pensei ...De repente, ficar presa em casa, sozinha. Se sair, o CORONA VÍRUS pega. Horrível todo mundo sem se tocar.

quinta-feira, 15 de março de 2018

ITALIANADA - ASSIM E PRONTO!



Almoço de domingo. O almoço da semana  mais esperado de toda a família. Fazia parte do calendário. Nem o Papa mudaria nosso domingo. Domingo sempre tinha o almoço lá em casa. Era assim e pronto. Todo mundo sabia.
A vizinhança também esperava: " Hoje é dia da italianada. Vão comer, cantar, gritar, chorar e se abraçar e dançar." Não necessariamente nessa mesma ordem, mas era bem assim.
Domingo tinha todo um ritual, seguido à risca, nem precisava conversa, era assim e pronto!
Pras crianças, começava cedo, com o banho e a roupa de domingo,muito limpa e passada, meu vestido sempre branco de organza com laço de cetim também na cabeça.E sapato branco, de princesa.Meu irmão, calça curta, suspensório e camisa branca. E sapato preto.
 Sapato só domingo. apertava sempre. Na semana era tênis. Conga.Meu outro irmão, o mais velho, vestia calça comprida.
Domingo era dia de missa. Meus pais não iam, mas as crianças tinham que ter uma religião, meu pai dizia que  disciplina era preciso e os padres eram disciplinados,e Deus tudo via, a gente tinha que se comportar,  a gente ia porque o pai sabia tudo. Tinha que ir e pronto.
E ainda tinha o padre Afonso, amigo do meu pai, que mandava em tudo e contava o que a gente fazia. A missa virava uma festa, as vizinhas passavam na minha casa e o trajeto até a igreja virava um cortejo, seguido pelas moças - inclusive minha irmã - com uma fita azul pendurada no peito, as Filhas de Maria.Alguns rapazes seguiam pela rua, se exibindo para as moças, elas fingiam que não viam. No caminho da XV até a Catedral  tinha um pensionato de freiras que também esperavam a turma pra irem fiscalizando, vá que algum rapaz importunasse as filhas de Maria...Mais atrás iam as solteironas, sapatos de salto alto e saias justas, muito sérias. As mães ficavam na frente das casas,admirando as lindezas. Na igreja, era silêncio e reza em latim, que a gente não entendia, tinha véu de renda, catecismo, rosário e confissão, o joelho doía de tanta reza,a hóstia grudava no céu da boca e que vontade de tirar com o dedo, mas não podia,e era assim e pronto.
Na volta, a gente vinha tirando laços e sapatos, correndo e apertando as campainhas das casas. Loucas pra tirarem os vestidos e correr com os guris pelas ruas e pelos vizinhos, brincar de esconder , subir em árvores,aproveitar que não tinha ninguém olhando. Nesse dia, as ruas ficavam desertas, comércio fechado, os mais velhos fazendo a comida. E esperar as visitas que sempre apareciam para o almoço de domingo, nossa mesa sempre farta, macarronada com carne frita e pão d'água, depois já era macarronada com churrasco e salada de tomate e cebola e pão.  Vizinhos e parentes podiam chegar que sempre eram bem recebidos.Nem precisava convidar, sempre tinha muita gente. Exatamente meio-dia a comida era servida. Os atrasados nem entravam, tinha horário, era meio-dia e pronto!
 Uma vez a cada dois meses meu tio Alfeu e minha tia Pina que moravam pra fora, léguas de distância, chegavam muito cedo, cinco guris e duas bebezinhas. Os guris eram muito estranhos, falavam pouco mas batiam forte, era difícil brincar com eles, mas como eram diferentes, era muito divertido. Eu amava meus primos, nem sabia porquê,  e meu tio com certeza iria brigar com meu pai, eles brigavam por tudo, eles sempre brigavam de boca, nunca se bateram, mas parecia que iam se matar; de repente, estavam abraçados,iam pra frente da casa, conversavam com todo mundo que vinha se juntar com a italianada. E a gente aproveitava pra roubar doce e refresco. Que refresco bom! 4 litros de água, 1 kg de açúcar e um copo de vinho, eu sabia bem as medidas, pois era eu que media tudo." Um copo para o meu pai, um copo para cada visitante" , o vinho também só aparecia domingo, só os homens bebiam, às vezes tinha que medir só meio copo, quando tinha mais gente, meu pai comprava uma só garrafa, ele não gostava de bebidas.
"Nem bebida, nem jogo", ele falava, "isso acaba com as famílias". E a mãe preocupada com a limpeza, coisa de mulher, as moças tinham que ajudar. As crianças eram liberadas da mesa só depois que comessem tudo do prato. Não era difícil comer, a comida era boa demais. Repetir, podia, mas deixar comida no prato era desperdício.Comer tudo, mastigar de boca fechada, nada de conversa fiada, hora da comida é hora sagrada.O que a mãe servia, tinha que comer. Era assim e pronto!
Cada domingo era uma aventura.  Minha irmã mais velha tocava gaita,desde a valsa Desde el Alma ao tango La Cumparsita, às vezes os padrinhos dela iam aos almoços, eles tocavam violino e meu pai e minha mãe dançavam como nos filmes. Meu pai parecia um galã de cinema e minha mãe era a mulher mais linda da cidade. Todos abriam uma roda para eles dançarem, até as crianças ficavam quietas nessa hora. Era um espetáculo. Os vizinhos espiavam por cima dos muros, pessoas que passavam ficavam na frente da casa, ouvindo, tinha muitas palmas e assovios para os dançarinos. Os caramelos saiam das bolsas e dos bolsos para a criançada.
Domingo sempre era dia de festa da italianada.
Almoço de domingo. Sempre tinha.
Era assim e pronto!

Inspiredimages





sábado, 10 de março de 2018

O UNIVERSO DE CADA UM

DavidZyyd

Foi difícil explicar. Um vídeo de uma viagem para fora do corpo, atravessando ruas, casas, espaço, estrelas, infinito e voltando para dentro do corpo, pelos músculos, ossos, células, fecundação. O exterior e o interior de cada um.
Constatar  o que existe fora de nós e com a visão do que cabe na tela...o Universo. Quantos universos existem? Frente à grandiosidade do nosso Universo, somos apenas um pontinho...E dentro de nós, tantas conexões de músculos, nervos, e também somos apenas um pontinho...
Falar do exterior é mais fácil, há uma vasta literatura que explica inclusive a formação de nosso Universo Universal,o universo de fora de mim, onde eu e todos os seres estão convivendo, num Planeta que sabemos ser nosso, com um Sol gratuito...Teorias de como surgiu este Planeta que precisamos salvar, a Terra. O que é nuvem, ar, fogo, água, montanha, ovo, folha,casa,prego...Tem no Google. Fácil, assim. Nosso Universo.
    Mas tem o MEU Universo. O Universo Particular. Particular de partícula.Aí a coisa fica mais complicada. Quem sou? De onde venho? Para onde vou? Venho de uma cruza de masculino com feminino, com certeza.Vou com a humanidade. Eu sou eu e minhas circunstâncias.
O interessante são os conceitos. O meu conceito não é o mesmo nem para meu irmão gêmeo...Meu Universo tem coisas que o dele não tem, que eu vejo diferente. Cada um é um em mais de 7 bilhões.Não é viagem, são meus signos que só a mim pertencem, meus significantes e meus significados.Se eu fosse uma pedra, era uma pedra. Se eu fosse um leãozinho eu era um leãozinho. Mas eu sou consciente,raciocino, tenho memória, carrego em mim toda a minha e toda a história da humanidade, cada movimento um flash, cada flash um registro, cada registro uma diferença. Ninguém igual. Sou um Universo. Único.Ninguém sabe quem sou.Mas pensa que sabe. Esse "Quem sou" continua com um ponto de interrogação.O que se vê, o que se conhece é só uma pontinha do iceberg.Quem sabe, por isso, tão difícil entender.

( Quem sabe, também, por tudo isso, é mais fácil viver em grupos de conceitos afins. Uma roda de samba pra quem gosta de samba. A turma da bocha. A galera do surf. Os pais da Tragédia de Santa Maria. A torcida do Inter. Favelados do Rio. Sobreviventes da Sérvia. Bebedores de vinho.Num cruzeiro nas Ilhas Gregas. Os ganhadores do Oscar. Alpinistas do Everest. Cientistas da Nasa.Direita. Esquerda. Crentes. Ateus. Maiorias. Minorias. Adolescentes. Idosos.Fanáticos por ... Assim o mundo se organiza e se une. Ou desune. Fronteiras que se fecham ou se abrem. Universos.Bilhões, trilhões...Talvez, um Universo mais novo: o grupo do Whats. Fácil de entrar, difícil de sair, conceitos nem sempre afins, invasivo como vírus.Com certeza, um novo universo.Em estudo. ) 

segunda-feira, 5 de março de 2018

Já Está de Bom Tamanho


Depois dos sessenta nós temos novas perspectivas de vida. Os pensamentos se direcionam  às ações, o que acontece à nossa volta deveria ficar desacelerado, mas acontece o contrário. O pensamento tem pressa, as ideias surgem aos borbotões, não há tempo de organizar os departamentos do cérebro. Então o imediato tem prioridade. 
Ontem aconteceu algo muito interessante. Uma simples conversa com amigos e  entre muitos assuntos, uma frase me deu um texto e coube direitinho no meu papo de hoje. 
Alguém perguntava quem conhecia um geriatra, bem no contexto, pois esta é a idade do com-dor, dor ou braço, ou joelho, ou coluna, ou tudo. O motor começa a precisar de  manutenção. Meu dedo anular não me obedece mais, não quero geriatra, quero um médico que resolva meu problema, como os médicos do Neymar, meu ídolo do futebol, pobrezinho, quebrou o pé, já fez uma cirurgia, em um mês estará em forma. Só preciso de um jatinho que me leve ao melhor ortopedista do país e me traga de volta à casa. Simples, assim. Em um mês, volto a escrever e tocar violão. 
Namastê

Minha amiga carioca concordou, a vida é tão simples.Os problemas podem ser resolvidos num estalar de dedos. Rimos muito de nossas crenças. Acreditar em soluções é uma atitude positiva. E veio a próxima história. 
Um encontro com os filhos que já andam perto dos cinquenta, uma conversa séria sobre a mãe que mora sozinha,e andou assustando a família quando teve um pré-infarto, ela diz que vai fazer EcoSalva para uma emergência, se tiver uma queda ou um ataque de coração, ou um pico de pressão alta, ou um excesso no whisquinho,  chama a ambulância que eles atendem em casa mesmo. Afinal, os filhos moram tão longe e têm seus compromissos, se a mãe tem um ataque, até chegarem, a idosa já subiu aos céus, um serviço de assistência médica de urgência - e que funcione -  é uma decisão inteligente. 
Foi aí que me incluí, na história da carioca, quando o filho dela falou:
- Mãe, se você se cuidar bem, se não nos der preocupação, já está de bom tamanho! 
Eu achei o máximo! Conselho de filho que todos temos que seguir: Cuidar de si mesmo. E não é difícil. É trabalhoso;comer pouco, beber menos ainda,  tem que evitar quedas e sequestros, inclusive.
Já está de bom tamanho. Fácil, assim.Sem atrapalhar a vida dos outros. Muito lógico!   
Hoje começamos um novo grupo. Já temos um tema interessante para discutir:  Já está de bom tamanho.