A vida começa aos 60 anos. ATUALIZANDO...a vida começa aos 74. Agora, já estou com 75. A pandemia do Corona Vírus passou. A COVID se transformou em doença, que precisamos tomar vacina todos os anos, o vírus se transformou em coisa igual sarampo. POR ENQUANTO, estou escrevendo, copiando crônicas que escrevi nesses tempos de estranheza numa realidade de idosa. QUANDO eu ficar velha, talvez não tenha vontade de escrever mais.
segunda-feira, 25 de maio de 2015
DOCE RALADO, MAMÃO ROUBADO
Pensei que era só a Mirinha pra me deixar de cabelos em pé...Mas não!
Essa eu preciso contar:
Minha amiga Carmencita tem a mania de sair toda manhã a caminhar no Água Verde. Se enfeita toda, de calça leg digital (aquela cuja estampa fica em 3D quando a gente caminha), camiseta top, tênis Nike último lançamento, e o cabelo vermelho amassado com gel, parece molhado. Nem quer chamar a atenção, diz ela. Uma gatíssima, olhos verdes imensos, o pessoal que trabalha no edifício em construção se rebenta no fiu-fiu.
Pois a Cacá (para os íntimos) resolveu sair da rota de sempre e dobrou antes da igreja. Um muro comprido,não muito alto, e ali em cima, no topo do mamoeiro, MAMÕES imensos (só podia ser mamão, dã...não ia dar melancia em mamoeiro, esta história está ficando complicada).
Então...a Cacá parou, olhou prum lado, olhou pro outro, olhou pra cima - Deus podia estar lá, cuidando - ninguém à vista e TCHAN! se espichou quanto pode e puxou um mamão, verde e imenso, largou no chão e...arrancou outro mamão. Com um mamão em cada mão, saiu a toda, com medo que alguém aparecesse e pegasse a ladra de mamão...Dobrou a esquina a mil, tropeçou, os mamões rolaram, vem um guarda:
- Senhora, deixe que ajudo - e o guarda juntou os mamões - Se a senhora mora perto, eu vou cuidando seus mamões.
Cacá estava vermelha, roxa, não conseguia falar.
- Senhora, ali tem uma PanVel, pegamos uma sacolinha, pode ser? Assim, não tem problema de estragar seus mamões...
Eu tinha parado na PanVel pra comprar Olina pra Mirinha que estava mal. Quando vi, entravam o guarda fardado, dois mamões imensos na mão e a Cacá, com cara de pânico, me deu uma coisa.
- Você consegue uma sacola para esta senhora? - disse o guarda para a moça da PanVel - ela precisa carregar estes mamões.
A moça da PanVel sorriu. Pedido atendido, Cacá olhando abestada, eu sem entender nada, o guarda saiu.
- Moça, obrigada pela sacola. Eu vou fazer um doce e trago um pouco pra você, tá bom? - Cacá olhava agradecida pra moça PanVel.
- Vão'bora, Bella. Rápido.
Cacá me arrastou até a casa dela, ali ao lado da farmácia.Eu bem idiota, sem entender.
- Roubei esses mamões - contou-me a Cacá, agora bem refestelada no sofá da sala.
- Quêêêê? Aquele guarda te pegou?
- Eu até queria que ele me pegasse, um gatão aquele guarda...
Foi então que eu soube do acontecido.
Ladra de mamão. Eu arranjo cada amiga...
Coisa mais querida, a Cacá. Fez um doce de mamão verde ralado de lamber os beiços. Os filhos, noras e netos nem sabem que é Doce Ralado de Mamão Roubado.
(A moça da PanVel ganhou o prometido.E a Cacá jura que vai repetir a façanha, quem sabe o guarda aparece de novo...)
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