E milhares sairam às ruas para pedir a volta da ditadura.
Como são felizes, por poderem expressar suas ideias.
Como é bom ter liberdade para lutar pelo que acreditam.
Isso me trouxe muitas recordações. E como é bom eu poder escrever e publicar essas lembranças.
Aula de Cultura Brasileira, professora Darcila, 1973, UFSM, Comunicação Social, Jornalismo. Uma turma grande, um ideal à frente, lembro bem da pergunta que fiz:
- Professora, será que o Brasil algum dia vai ter de novo Democracia?
Não lembro bem o que ela respondeu. Lembro, sim, que em meia hora entraram uns milicos com metralhadoras, nos colocaram num camburão, nas salas do quartel nos ficharam, dedos sujos, impressões digitais, a volta pra universidade, dispersos, "ninguém pode andar em grupo", nos avisaram, "na próxima, vocês não voltam".Foi a segunda vez que fiquei sabendo na pele o que é ditadura.
Na primeira, ainda em Uruguaiana, um nosso grande amigo, ENTÃO militar, entrou na casa de meus pais como se não nos conhecesse, com uns vinte soldados, pegaram os livros de meu pai sobre política, tinha desde Gandhi a Lenine, de Stalin a Perón, era uma Enciclopédia, mais os MEUS romances de Jorge Amado, entre eles, o livro-bandido: Os Subterrâneos da Liberdade, jogaram tudo na rua e tocaram fogo.
Aprendi como os livros são perigosos e poderosos.
Vi pessoas boas trabalhando e progredindo, um país crescendo e prosperando; vi pessoas boas perseguidas e desaparecidas, um país com medo e se escondendo...
Hoje eu me emociono quando nossos jovens e adultos e crianças e velhos e militares e civis podem se expressar. Qualquer que seja o partido. Qual seja a luta, de que bandeira.Nada vale a prisão do físico e das ideias. Tanto faz se a gaiola é de ouro ou de lata. Gaiola=Prisão.
Liberdade. Como viver sem ela?
Eu não mais saberia...
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