MINHA VIDA É UM PALCO

MINHA VIDA É UM PALCO
Somos como atores neste palco que é o mundo, as cenas são os dias e noites, e o roteiro quem escreve é a VIDA!A vida depois dos 60. É começar novo, novos horizontes, um mundo diferente e muito mais LEVE! A gente está sempre começando, sempre aprendendo...E aos 60 anos, a gente nasce de novo! A minha Infância da Maturidade! COMO SERÁ NOS 70?Na minha ADOLESCÊNCIA da Maturidade...CHEGUEI! Cheguei chegando imaginando a vida toda...70 ANOS! BÓRA LÁ QUE A VIDA TÁ PASSANDO!!!E até uma PANDEMIA!Nunca pensei ...De repente, ficar presa em casa, sozinha. Se sair, o CORONA VÍRUS pega. Horrível todo mundo sem se tocar.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

INOCÊNCIA...


Banco de Imagem - close-up, de, duas meninas, giggling. Fotosearch - Busca de Imagens, Fotografias Mural, Fotos Clipart


Década de 50.Final. Em Uruguaiana, fronteira Brasil-Uruguai-Argentina. Fomos pra fora (tem uma expressão "não sou daqui, eu sou lá de fora", tem gente que não sabe, mas esse "lá de fora"quer dizer que sou da campanha, não sou da cidade, sou do campo, da estância).
 Nós só íamos pra fora fim de semana ou nas férias escolares. Se bem me lembro, era um feriado de Semana Santa.Fui com minha amiga Esther e irmãs e irmãos dela para a estância dos pais da Esther.Iam matar umas ovelhas e um novilho pra Páscoa, e a criançada se divertia nos açudes e com trepadas em árvores (trepadas são subir em árvores, cuidado com as mentes insanas!).
Laranjas e bergamotas não tinham amadurecido ainda, a bagunça era guerra de fruta verde. Éramos cinco meninas da cidade mais a Rosinha,filha do capataz, também criança,nossa média de 5 anos de idade.
 A Rosinha era muito esperta, a Esther também, as mais velhas, nós fazíamos tudo o que elas mandavam; pois elas inventaram que a pele da Rosinha era manchada, a Rosinha era bem pretinha, e nós, tudo branquelas. 
Então, resolveram fazer o que as mães faziam para branquear as roupas. Pegaram sabão em pedra, daqueles feito em casa com soda e graxa, tijolo de limpar ferro - que a gente chamava de ladrilho e que esfarelava batendo com pedras - não existia bombril lá - e fomos pro açude. A Esther esfregou tanto a Rosinha, mas esfregou braços, pernas, rosto, e o pretume não saiu. O que saiu foi muito sangue. A Rosinha chorava de dor, as crianças choravam por causa da dor da Rosinha e todas choramos muito quanto o pai da Esther nos colocou em fila e passou o relho em todas, uma relhada em cada uma, nas pernas, nem marcou, mas como doeu! Pra nunca mais a gente fazer "arte".
A Rosinha até hoje se lembra, dá risada quando conta aos nossos netos, aos dela e aos meus, adora contar histórias, é professora.  A Esther não conta. É artista de verdade, e aquela "arte" preferiu deixar "lá fora". 
                Não precisa ter vergonha, Esther. Tudo aquilo foi a inocência e as artes das crianças.A doçura do mundo.Que ficou "lá fora".

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