MINHA VIDA É UM PALCO

MINHA VIDA É UM PALCO
Somos como atores neste palco que é o mundo, as cenas são os dias e noites, e o roteiro quem escreve é a VIDA!A vida depois dos 60. É começar novo, novos horizontes, um mundo diferente e muito mais LEVE! A gente está sempre começando, sempre aprendendo...E aos 60 anos, a gente nasce de novo! A minha Infância da Maturidade! COMO SERÁ NOS 70?Na minha ADOLESCÊNCIA da Maturidade...CHEGUEI! Cheguei chegando imaginando a vida toda...70 ANOS! BÓRA LÁ QUE A VIDA TÁ PASSANDO!!!E até uma PANDEMIA!Nunca pensei ...De repente, ficar presa em casa, sozinha. Se sair, o CORONA VÍRUS pega. Horrível todo mundo sem se tocar.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

MEDO DA INCLUSÃO

Sempre me preocupei com a sensação de desconforto cada vez que estou frente a alguém especial. Antes, lá pelos anos 50, falávamos deficientes - sem contar que, ainda crianças, não tínhamos a cultura do respeito às diferenças. Era um assunto proibido, os pais escondiam os filhos "doentinhos", os "retardados",  cegos e surdos ficavam confinados em casa, cadeira de roda era também uma raridade nas ruas, homossexual era doença que se curava com surras, problemas mentais com choque elétrico, a medicina não tinha ou buscava tratamento específico para cada caso. 
Hoje, felizmente, o assunto deixou de ser tabu e a maioria das pessoas convivem com as diferenças, muita influência dos meios de comunicação que expõe casos e causos. Ainda mês passado li uma reportagem de pessoas que adotam crianças especiais por opção, e as cuidam e as amam. E eu era diretora de uma escola com Classe Especial com 8 crianças especiais, e não conseguia ficar muito tempo lá, sentia uma angústia, algo inexplicável, fazia meu trabalho e admirava a professora com habilitação para trabalhar com essas crianças, os coleguinhas do ensino regular convivendo numa boa no refeitório, no recreio, auxiliavam com cadeirantes, maior carinho com downs, com jovens de 13 anos com idade mental de 3 ou 4 anos.  Depois, cada grupo para a respectiva sala de aula. 
Então,a palavra INCLUSÃO surgiu no sistema escolar.Acabar com a Classe Especial.As 8 crianças teriam que ser INCLUÍDAS nas salas regulares,  ser colega de 30 ou mais alunos e com professor que nunca tinha trabalhado com crianças especiais. Meus colegas entraram em parafuso. Apenas uma professora conseguiu se ajustar ao novo contexto, em que a "incluída" pouco se manifestava. Uma das melhores alfabetizadoras não conseguiu enfrentar a nova situação: a criança "incluída" batia nos colegas, rasgava cadernos, fugia da sala. A professora entrou aos prantos na minha sala e ali ficou, queria ir embora, sumir, nunca mais voltar à sala de aula. Excelente professora. Eu me desesperei, pois eu me coloquei no lugar da professora, literalmente, fui pra sala de aula,também imaginei como a nova situação mexeu com todos da aula, vendo a "incluída" perdidinha sem o atendimento especializado, foram  os piores momentos da minha função. ( como dói falar das crianças entre aspas "incluída". Não posso dar nomes...)
Muita coisa aconteceu depois,  tivemos que reativar a Classe Especial. Voltar à convivência cheia de carinho, a separação por salas era tão normal como por séries, não daria certo incluir uma criança da 1ª na 3ª, situações diferentes...Classe Especial era, apenas, uma outra série na ideia dos nossos alunos...
A escola voltou à tranquilidade. O retorno da professora especializada fez a diferença. As crianças especiais tinham sofrido demais, regrediram,  a ideia de inclusão fez a  exclusão.








N.B. Lembrei-me dessa história ao falar sobre meus problemas com uma amiga, psicóloga, que atende professores estressados, deprimidos, doentes. Professores excluídos do sistema. Professores que não têm habilitação para trabalhar com especiais. Sorte minha que me aposentei. Ou estaria num consultório, com uma licença de saúde. Trauma. Os professores que atendem classes com inclusão devem ter condições, conhecimento, recursos,  coisas que o sistema não proporciona. 


( Na auto-análise, descobri que na minha infância eu tinha um amiguinho/parente, o Bididi, com síndrome de down, dois anos mais que eu, e ele dizia sempre que ia se casar comigo...Eu queria um Príncipe igual ao da Cinderela, morria de medo de ter que casar com o Bididi. Talvez venha daí o desconforto...Desconforto, na verdade é um eufemismo. Ter coragem de assumir que não sabe conviver com especiais, não é fácil, é ser autêntico.É a maneira de vencer a rejeição.  Aceitar, conviver, compreender. E, principalmente, sermos compreendidos e respeitados por essa atitude.  Somos todos diferentes. ) 

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