Sempre me preocupei com a sensação de desconforto cada vez que estou frente a alguém especial. Antes, lá pelos anos 50, falávamos deficientes - sem contar que, ainda crianças, não tínhamos a cultura do respeito às diferenças. Era um assunto proibido, os pais escondiam os filhos "doentinhos", os "retardados", cegos e surdos ficavam confinados em casa, cadeira de roda era também uma raridade nas ruas, homossexual era doença que se curava com surras, problemas mentais com choque elétrico, a medicina não tinha ou buscava tratamento específico para cada caso.
Hoje, felizmente, o assunto deixou de ser tabu e a maioria das pessoas convivem com as diferenças, muita influência dos meios de comunicação que expõe casos e causos. Ainda mês passado li uma reportagem de pessoas que adotam crianças especiais por opção, e as cuidam e as amam. E eu era diretora de uma escola com Classe Especial com 8 crianças especiais, e não conseguia ficar muito tempo lá, sentia uma angústia, algo inexplicável, fazia meu trabalho e admirava a professora com habilitação para trabalhar com essas crianças, os coleguinhas do ensino regular convivendo numa boa no refeitório, no recreio, auxiliavam com cadeirantes, maior carinho com downs, com jovens de 13 anos com idade mental de 3 ou 4 anos. Depois, cada grupo para a respectiva sala de aula.
Então,a palavra INCLUSÃO surgiu no sistema escolar.Acabar com a Classe Especial.As 8 crianças teriam que ser INCLUÍDAS nas salas regulares, ser colega de 30 ou mais alunos e com professor que nunca tinha trabalhado com crianças especiais. Meus colegas entraram em parafuso. Apenas uma professora conseguiu se ajustar ao novo contexto, em que a "incluída" pouco se manifestava. Uma das melhores alfabetizadoras não conseguiu enfrentar a nova situação: a criança "incluída" batia nos colegas, rasgava cadernos, fugia da sala. A professora entrou aos prantos na minha sala e ali ficou, queria ir embora, sumir, nunca mais voltar à sala de aula. Excelente professora. Eu me desesperei, pois eu me coloquei no lugar da professora, literalmente, fui pra sala de aula,também imaginei como a nova situação mexeu com todos da aula, vendo a "incluída" perdidinha sem o atendimento especializado, foram os piores momentos da minha função. ( como dói falar das crianças entre aspas "incluída". Não posso dar nomes...)
Muita coisa aconteceu depois, tivemos que reativar a Classe Especial. Voltar à convivência cheia de carinho, a separação por salas era tão normal como por séries, não daria certo incluir uma criança da 1ª na 3ª, situações diferentes...Classe Especial era, apenas, uma outra série na ideia dos nossos alunos...
A escola voltou à tranquilidade. O retorno da professora especializada fez a diferença. As crianças especiais tinham sofrido demais, regrediram, a ideia de inclusão fez a exclusão.
N.B. Lembrei-me dessa história ao falar sobre meus problemas com uma amiga, psicóloga, que atende professores estressados, deprimidos, doentes. Professores excluídos do sistema. Professores que não têm habilitação para trabalhar com especiais. Sorte minha que me aposentei. Ou estaria num consultório, com uma licença de saúde. Trauma. Os professores que atendem classes com inclusão devem ter condições, conhecimento, recursos, coisas que o sistema não proporciona.
( Na auto-análise, descobri que na minha infância eu tinha um amiguinho/parente, o Bididi, com síndrome de down, dois anos mais que eu, e ele dizia sempre que ia se casar comigo...Eu queria um Príncipe igual ao da Cinderela, morria de medo de ter que casar com o Bididi. Talvez venha daí o desconforto...Desconforto, na verdade é um eufemismo. Ter coragem de assumir que não sabe conviver com especiais, não é fácil, é ser autêntico.É a maneira de vencer a rejeição. Aceitar, conviver, compreender. E, principalmente, sermos compreendidos e respeitados por essa atitude. Somos todos diferentes. )
A vida começa aos 60 anos. ATUALIZANDO...a vida começa aos 74. Agora, já estou com 75. A pandemia do Corona Vírus passou. A COVID se transformou em doença, que precisamos tomar vacina todos os anos, o vírus se transformou em coisa igual sarampo. POR ENQUANTO, estou escrevendo, copiando crônicas que escrevi nesses tempos de estranheza numa realidade de idosa. QUANDO eu ficar velha, talvez não tenha vontade de escrever mais.
quarta-feira, 13 de junho de 2012
segunda-feira, 11 de junho de 2012
DOMINGO DE CHUVA E VERSO
ORAÇÃO
de BELLABEREG
Preciso falar com Deus
Virar um cão, um gato
De madame
Vou pro Pet tomar banho
Voltar de tope ou gravata
Se eu sou um homem
Sou apenas um fedorento
* * *
SOU BRASILEIRA
de BELLABEREG
Vim de Portugal
Vim da Espanha
Só que agora
Todo mundo diz
Que não sou brasileira
Só porque sou loira e gorda
Um dia ainda me bronzeio
no sol do nordeste
Passo dia passo hora
nas caatingas no sol brabo
e viro um pau de virá tripa
tostada e pixaim
Então beleza
Agora
Sou brasileira, sim
* * *
CWB
de BELLABEREG
Estou amando
dormente
esta cidade quente
que chove e esfria e amortece
ensolareia, esbranqueia, escureia
Cidadezinha marota
é pra brincar toda bossa
no carro do garoto
e na bota de salto da garota
Gosto de tudo
nem que seja
uma canção sertaneja
* * *
LEITE, CACAU E MEL
de BELLABEREG
Feliz é ser deste povo
Da favela que é tão bela
quando a gente se revela
no dia de trabalhar
tão comum
com a bênção de Ogum
o ferreiro ferrador
tão sem dor
Feliz é ser deste povo
Leite, cacau e mel
Leite branco do sul
plantando sem nunca saber
se vai colher
Cacau assim bem marrom
do amante na escuridão
no silêncio ou no cantar
que a fé não costuma falhar
Mel da boca da morena
é tudo que resta na praça
pirataria e cachaça
Feliz é ser deste povo
Leite, mel e cacau
absurdamente carnal
o resto é carnaval
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Curitiba, 1o dias sem sol, chove adoidado, domingo à tarde,
e porque ontem era sábado
Brasil perdeu pra Argentina
querem mais?
Bellabereg
Junho 2012
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sexta-feira, 1 de junho de 2012
FELICIDADE NÃO TEM IDADE
Os dias seguintes no nosso encontro de "FELICIDADE NÃO TEM IDADE" foram de muita diversão, exercícios, danças, comilanças ( BOA), brincadeiras - tudo no maior astral, escolhendo o programa entre os vários. Neste registro, não posso colocar todas as fotos, mas guardarei, por certo, algumas que vão fazer sentir saudades. No jornalzinho, entregue na nossa saída, já aparecemos bem acima, à direita, com o Roberto Carlos. ( cover!!!mas cantamos igual, até chorei no "você foi"). Na Hydro, eu estou bem na atrás do gatão, fazendo massagem...Dançando KUDURO, abaixo.Fazendo esculturas de frutas com o chef. Com Elvis Presley ( cover, mas bem que era gostosão...)
Muito divertida, a noite de fantasias, eu até desfilei de Emília Maluca, ao som de um vanerão...
O grupo acima, à esquerda, é o nosso, de Curitiba...
E no concurso de Miss e Mister, a Zélia foi A MISS e a Carmen, a 1ª Princesa, da nossa turma. A 2ª Princesa, de preto, é de Caxias, RS
Aconteceu de tudo...
Degustação de cachaça, antes do almoço, de todos os sabores possíveis...
E aulas de DO IN, que não consegui girar a foto, vai assim mesmo, é só apertar num ponto x que...Muito instrutivo, isso...
Depois...Elvis não morreu...excelente voz, simpático, as músicas, aquelas..."Love me tender" - quase morri, lembrando dos Momosos...
Em outra noite, o baile de gala...e dá-le xote e vaneira...
Os candidatos de Miss e Mister.....
Esta foi demais: eram cinco marcas de cerveja, Boêmia, Brahma, Skol, Devassa e uma alemã. Tinha que reconhecer na sequência 3. Esse foi o resultado:
NINGUÉM ACERTOU!
Depois, foi a mamadeira. Quem chupava tudo, em menos tempo. Pobre de mim, perdi pras meninas de Prudentópolis...Acho que não sei mais...
O pessoal do hotel também faz teatro. Foram horas divertidas...
Teatro com o pessoal do hotel, interpretando Pedro Malazarte...
Também tivemos nossa Elizabeth Taylor... Nossa Miss 2012.
Hora de voltar...
Então, tá...Até o no que vem,pessoal. Foi tão bom que estaremos lá, com certeza!
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