Depois de toda confusão com o pessoal da Mirinha, finalmente penso que terei paz por uns dias. Vou ler, estou com minhas leituras em atraso. Os 3 últimos livros que li foram os 50 tons. Foi um esforço e tanto, nem vou resumir, vou apenas comentar que comprei o primeiro, "Cinquenta Tons de Cinza", porque ouvi tanto comentário e minha sobrinha advogada intelectual ganhou do namorado também advogado e também intelectual.
- Deve ser bom - pensei. No aeroporto de Porto Alegre, adquiri o the best, na lista da Veja. Comecei a ler no avião, vindo pra Curitiba. E fiquei vermelha, e me deu uns calores, e olhei pros lados, vá que alguém me pegue com esse livro, escondi-o dentro de uma revista da Tam, a aeromoça me perguntou se queria algo pra beber, "com bastante gelo, por favor" eu pedi, e o homem de 50 tons continuava com os dedos na mocinha, é, isso mesmo, é bem onde estão pensando...Um quarto vermelho com sofá de couro preto, cama redonda, algemas, chicotes, até palmada ele deu nela...A mocinha virgem, primeiro namorado, ele CEO bilionário, lindo de morrer e...bem taradinho...como é muito rico, é claro que deve ser por algum trauma. Gente! O enredo não interessa quando há tanta novidade sexual ( novidade?).
No outro dia, ainda lendo os 50 tons, agora já em casa, sem olhares para a capa do livro, toca o telefone: só falta ser a Mirinha. Não era, era minha filha:
- Mãe, que estás fazendo?
- Estou lendo, toda molhadinha.
- Que que é isso, veia? Andou comprando algum aparelhinho? - ela sempre acha que eu uso coisas...
- Não, minha filha, estou lendo "Cinquenta Tons..."
A pobrezinha nem sabia da existência desse livro, coitadinha, é professora, só trabalha e cuida do filho e do marido...Nem tentei explicar, apenas falei que o livro era sobre sexo. Pronto. Bastou pra escutar: "Mãe, vai caminhar, sai de casa, vai fazer hidro...andas lendo demais..."- será?
Pois é...li também "Cinquenta Tons Mais Escuros"e "Cinquenta Tons de Liberdade", já habituada com os dedos do moço e alegria da moça, já não mais moça...
Falei dessas minhas leituras para as minhas amigas, é uma briga para quem lê primeiro, um rodízio foi organizado, todo mundo está lendo...Pobres dos maridos...
Enquanto isso, minha psicóloga está me convencendo a ir dançar, quem sabe arranjar um namorado, que eu ando muito nervosa, até me mandou procurar um psiquiatra pra tomar uns ansiolíticos... Eu, que sempre fui tão controladinha nas minhas ideias( coisa estranha essa "ideias" sem acento, nem parece ).
Sartre tinha razão - foi ele ou a Simone? - quando falou:
"Os sentimentos são maiores do que nossas idéias".
Tenho que parar de ler. Mexe demais. Com os sentimentos, claro.
Postei essa foto de um amiguinho no meu blog...
juro que não tem nada a ver com ideias e sentimentos...
A vida começa aos 60 anos. ATUALIZANDO...a vida começa aos 74. Agora, já estou com 75. A pandemia do Corona Vírus passou. A COVID se transformou em doença, que precisamos tomar vacina todos os anos, o vírus se transformou em coisa igual sarampo. POR ENQUANTO, estou escrevendo, copiando crônicas que escrevi nesses tempos de estranheza numa realidade de idosa. QUANDO eu ficar velha, talvez não tenha vontade de escrever mais.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
SOU GAY 3 - A arteira artista
Mirinha declarou para a família que é gay. ( Ver SOU GAY 1). Todo mundo se indignou com ela. ( Ver SOU GAY 2). Hoje a coisa ficou pior: o sobrinho da Mirinha que mora em São Chico - baita grosso - se veio de lá de mala e cuia e arranjou uma consulta com uma psicóloga daqui de Curitiba. Nem preciso dizer que foram os filhos da Mirinha que chamaram o primo. E sobrou pra mim: se reuniram todos na minha casa, como se a mais maluca de minhas amigas estivesse em estado terminal.
- Tia - o sobrinho da Mirinha me chama de tia - tem que haver um jeito de levar tia Mirinha para uma sessão. Vamos primeiro nessa psicóloga, diz-que cavoca lá nos fundos dos sentimentos e descobre o que anda remexendo nos miolos da tia.
Os filhos da Mirinha concordavam em tudo com o guri, que já tem seus quarenta, e que se acha entendido das psico pois fez análise, nem sei o motivo, mas sabe tudo de Freud.
- É aí que me refiro, se eu chego assim, tia Mirinha não vai aceitar se tratar. A Senhora convence tia Mirinha? A consulta é hoje, às 3 da tarde. Aqui perto, no Água Verde.
Eu já estava preparada: tudo que é bomba, estoura na minha mão.
- Olha aqui, guris - olhei bem na cara deles - vocês vão falar com Mirinha. Se ela topar, eu vou com ela, tá?
Eles me abraçaram, até com lágrimas nos olhos ( só podia ser nos olhos, né?). Sairam os três, eu mais atrás, meus joelhos doendo, nem na hidro tenho ido desde que começou essa função.
A surpresa foi enorme com a reação da Mirinha: "Psicóloga? Tá. Que horas? Aonde?" Os guris se olharam, nem precisava ter chamado o primo. Ou será que a Mirinha se assustou com a chegada do sobrinho? Esse guri é famoso por andar armado e com faca...O que importa é que às 3 da tarde não fui só eu; parecia uma procissão. Nem tinha lugar no consultório. A psicóloga arregalou os olhos quando viu o monte de gente. Deu uma olhada meio enviesada e fixou-se em mim.
- A Mirinha é ela - apontei, minha amiga toda chic, perfume Chanel 5, colar da moda desses que parece uma gola.
A moça da recepção nos mostrou poltronas como dizendo pra sentar e calar, Mirinha levantou o nariz e saiu pisando forte, na frente da pessoa que iria resolver seus ( e nossos) problemas.
Minha situação cada vez se complicava mais. Eu bem sabia que tudo era uma invenção, mas não podia trair minha amiga. E ela conseguiu chamar a atenção de toda a família. Os guris nos celulares, mandando mensagem até para o Papa, I-Pad, I-Phone, tudo que é novidade da Apple, chegavam e-mails, e eles pareciam enlouquecidos com seus brinquedinhos, o tempo não passava, era uma hora de consulta.
Finalmente, ABRE-SE A PORTA DO CONSULTÓRIO. Beijinho de longe na psicóloga, um tchauzinho bem comportado pra moça, a cara da Mirinha era de cinema!
- Vamos? - Olhou pra nós, fazendo caras e bocas.
Saímos em fila indiana, silêncio total. E fomos assim até a casa do pivô de toda essa novela.
- E daí, tia? - o sobrinho de São Chico teve coragem, falou forte, mal entramos no carro.
- Em casa conversamos - Mirinha falou apenas movendo os lábios. Muito séria.
Chegamos. Noras, netos, cschorros, acho que até vizinhos, parecia festa de aniversário - ou velório, nem sei. Mirinha se jogou no sofá e começou uma choradeira coletiva, os netos aproveitando pra comer os bombons da mesa, cachorros pulando em todo mundo, uma bagunça.
- Preciso de mais algumas consultas - Mirinha gritou. Estou entrando em depressão, vocês me confundem. Nem sei mais quem sou eu. EU SÓ SEI QUE NADA SEI!( essa frase ela ouviu ontem num programa de TV, tenho certeza).
- Bueno, tia, se é pra ficar boa, então tá. Mas essa coisa de...
- De gay? É isso que preocupa vocês? Então, podem ficar sossegados. Não quero mais nada de nada. Fico assim, jogada às traças, como uma pobre velha que não curte mais nada. Curtir, agora, só no FACE. Tá bom assim?
Palmas, abraços, beijos, suspiros... O tradicional ataque à geladeira. Família é tudo igual. Escândalos à parte, Mirinha mais uma vez conseguiu ser o centro. Luzes, câmeras, ação.
Amanhã, minha amiguinha vai pendurar na sala seu novo quadro. Só eu sei o que vai acontecer. PODE?
- Tia - o sobrinho da Mirinha me chama de tia - tem que haver um jeito de levar tia Mirinha para uma sessão. Vamos primeiro nessa psicóloga, diz-que cavoca lá nos fundos dos sentimentos e descobre o que anda remexendo nos miolos da tia.
Os filhos da Mirinha concordavam em tudo com o guri, que já tem seus quarenta, e que se acha entendido das psico pois fez análise, nem sei o motivo, mas sabe tudo de Freud.
- É aí que me refiro, se eu chego assim, tia Mirinha não vai aceitar se tratar. A Senhora convence tia Mirinha? A consulta é hoje, às 3 da tarde. Aqui perto, no Água Verde.
Eu já estava preparada: tudo que é bomba, estoura na minha mão.
- Olha aqui, guris - olhei bem na cara deles - vocês vão falar com Mirinha. Se ela topar, eu vou com ela, tá?
Eles me abraçaram, até com lágrimas nos olhos ( só podia ser nos olhos, né?). Sairam os três, eu mais atrás, meus joelhos doendo, nem na hidro tenho ido desde que começou essa função.
A surpresa foi enorme com a reação da Mirinha: "Psicóloga? Tá. Que horas? Aonde?" Os guris se olharam, nem precisava ter chamado o primo. Ou será que a Mirinha se assustou com a chegada do sobrinho? Esse guri é famoso por andar armado e com faca...O que importa é que às 3 da tarde não fui só eu; parecia uma procissão. Nem tinha lugar no consultório. A psicóloga arregalou os olhos quando viu o monte de gente. Deu uma olhada meio enviesada e fixou-se em mim.
- A Mirinha é ela - apontei, minha amiga toda chic, perfume Chanel 5, colar da moda desses que parece uma gola.
A moça da recepção nos mostrou poltronas como dizendo pra sentar e calar, Mirinha levantou o nariz e saiu pisando forte, na frente da pessoa que iria resolver seus ( e nossos) problemas.
Minha situação cada vez se complicava mais. Eu bem sabia que tudo era uma invenção, mas não podia trair minha amiga. E ela conseguiu chamar a atenção de toda a família. Os guris nos celulares, mandando mensagem até para o Papa, I-Pad, I-Phone, tudo que é novidade da Apple, chegavam e-mails, e eles pareciam enlouquecidos com seus brinquedinhos, o tempo não passava, era uma hora de consulta.
Finalmente, ABRE-SE A PORTA DO CONSULTÓRIO. Beijinho de longe na psicóloga, um tchauzinho bem comportado pra moça, a cara da Mirinha era de cinema!
- Vamos? - Olhou pra nós, fazendo caras e bocas.
Saímos em fila indiana, silêncio total. E fomos assim até a casa do pivô de toda essa novela.
- E daí, tia? - o sobrinho de São Chico teve coragem, falou forte, mal entramos no carro.
- Em casa conversamos - Mirinha falou apenas movendo os lábios. Muito séria.
Chegamos. Noras, netos, cschorros, acho que até vizinhos, parecia festa de aniversário - ou velório, nem sei. Mirinha se jogou no sofá e começou uma choradeira coletiva, os netos aproveitando pra comer os bombons da mesa, cachorros pulando em todo mundo, uma bagunça.
- Preciso de mais algumas consultas - Mirinha gritou. Estou entrando em depressão, vocês me confundem. Nem sei mais quem sou eu. EU SÓ SEI QUE NADA SEI!( essa frase ela ouviu ontem num programa de TV, tenho certeza).
- Bueno, tia, se é pra ficar boa, então tá. Mas essa coisa de...
- De gay? É isso que preocupa vocês? Então, podem ficar sossegados. Não quero mais nada de nada. Fico assim, jogada às traças, como uma pobre velha que não curte mais nada. Curtir, agora, só no FACE. Tá bom assim?
Palmas, abraços, beijos, suspiros... O tradicional ataque à geladeira. Família é tudo igual. Escândalos à parte, Mirinha mais uma vez conseguiu ser o centro. Luzes, câmeras, ação.
Amanhã, minha amiguinha vai pendurar na sala seu novo quadro. Só eu sei o que vai acontecer. PODE?
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
SOU GAY 2 - RESPOSTAS
Domingo a Mirinha surpreendeu toda a família. Depois de uma noite de insônia, resolveu sacudir a rotina e declarou: "Eu sou gay. Cansei de procurar um homem de verdade, agora quero uma mulher que me complete". Mas ela não tinha noção de como essa simples confissão fosse provocar uma revolução.
- Criei meus filhos sem discriminar ninguém, nossos amigos são pessoas, não importa se têm pele, religião, sexo, diferente, todos somos parte deste Planeta. Só não suportamos político ladrão do povo, esses que roubam da saúde, da educação.
- Isso eu já sei, Mirinha. Me conta a novidade - tive que interromper minha amiga, quando ela começa a discursar, ninguém aguenta.
- Só porque eu disse que agora sou gay, todo esse escândalo.
- Não tinhas me contado essa tua nova opção...
- Opção coisa nenhuma, é uma brincadeira, eu queria criar polêmica, queria que eles se preocupassem comigo, que vissem como estou carente - Mirinha falou como se fosse uma pobre velhinha abandonada...
- Amiga - falei devagar, para que ela caísse na real e assumisse que não é uma velhinha carente, mas uma maluca que atormenta todo mundo com seus delírios - isso não é preconceito nem discriminação, é que eles te amam...
- Então ouve: meu cunhado de Uruguaiana, sabe, o estancieiro das olivas, me ligou e me encheu a osso. Disse que não tenho vergonha, onde já se viu, expor assim a família, botou até meus filhos no meio, disse que eu deixei meu filho usar brinco, que ando em campos de nudismo, que preciso voltar imediatamente pro Rio Grande, conviver com macho pra me acalmar...E o outro, de Santa Maria, pensei que fosse uma pessoa aberta, me falou que desde que meu marido morreu eu fiquei desmiolada...onde se viu, um veterinário, ficar tão indignado...Até o marido da minha irmã mais velha, me ofereceu a casa dele e que consegue alguma coisa pra eu me acalmar...
- Ó Mirinha, não achas que está na hora de desdizer toda essa tua mais nova invenção? Se não é verdade ( neste momento, até eu estava meio preocupada, não pelo gay, mas pelo escândalo inesperado), esclarece de vez, para com essa bobagem de querer chamar a atenção, daqui a pouco te interditam.
- Sabe - Mirinha baixou a voz, como num segredo - estou a-do-ran-do essa função toda. Nunca recebi tantos telefonemas.
Essa é a Mirinha, minha amiga, louca amiga, estou até concordando com ela, meu pai dizia "FALEM MAL, FALEM BEM, MAS FALEM DE MIM". Contei isso pra Mirinha, até me arrependo, e ela me olhou bem na cara: "Teu pai era cheio de sabedoria".
Bueno, vamos ver até onde isso vai dar...(A filharada da Mirinha está sem se comunicar com ela desde domingo).
- Criei meus filhos sem discriminar ninguém, nossos amigos são pessoas, não importa se têm pele, religião, sexo, diferente, todos somos parte deste Planeta. Só não suportamos político ladrão do povo, esses que roubam da saúde, da educação.
- Isso eu já sei, Mirinha. Me conta a novidade - tive que interromper minha amiga, quando ela começa a discursar, ninguém aguenta.
- Só porque eu disse que agora sou gay, todo esse escândalo.
- Não tinhas me contado essa tua nova opção...
- Opção coisa nenhuma, é uma brincadeira, eu queria criar polêmica, queria que eles se preocupassem comigo, que vissem como estou carente - Mirinha falou como se fosse uma pobre velhinha abandonada...
- Amiga - falei devagar, para que ela caísse na real e assumisse que não é uma velhinha carente, mas uma maluca que atormenta todo mundo com seus delírios - isso não é preconceito nem discriminação, é que eles te amam...
- Então ouve: meu cunhado de Uruguaiana, sabe, o estancieiro das olivas, me ligou e me encheu a osso. Disse que não tenho vergonha, onde já se viu, expor assim a família, botou até meus filhos no meio, disse que eu deixei meu filho usar brinco, que ando em campos de nudismo, que preciso voltar imediatamente pro Rio Grande, conviver com macho pra me acalmar...E o outro, de Santa Maria, pensei que fosse uma pessoa aberta, me falou que desde que meu marido morreu eu fiquei desmiolada...onde se viu, um veterinário, ficar tão indignado...Até o marido da minha irmã mais velha, me ofereceu a casa dele e que consegue alguma coisa pra eu me acalmar...
- Ó Mirinha, não achas que está na hora de desdizer toda essa tua mais nova invenção? Se não é verdade ( neste momento, até eu estava meio preocupada, não pelo gay, mas pelo escândalo inesperado), esclarece de vez, para com essa bobagem de querer chamar a atenção, daqui a pouco te interditam.
- Sabe - Mirinha baixou a voz, como num segredo - estou a-do-ran-do essa função toda. Nunca recebi tantos telefonemas.
Essa é a Mirinha, minha amiga, louca amiga, estou até concordando com ela, meu pai dizia "FALEM MAL, FALEM BEM, MAS FALEM DE MIM". Contei isso pra Mirinha, até me arrependo, e ela me olhou bem na cara: "Teu pai era cheio de sabedoria".
Bueno, vamos ver até onde isso vai dar...(A filharada da Mirinha está sem se comunicar com ela desde domingo).
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
SOU GAY
"Uma noite mal dormida, madrugadão na TV, quem sabe um Dramind resolve". Isso foi a Mirinha, que voltou da praia e sem nada pra fazer, fica ligando a qualquer hora para me contar suas loucuras. Desta vez, tive que tirar o chapéu: é muita criatividade. Lembram da Mirinha? Minha colega e amiga do Cassino? Ela mesma!
Naquela noite de insônia, bolou uma história "para sacudir a rotina dos mortais", me falou.
"Acordei - ou melhor - nem dormi. Chamei a família para um almoço de domingo.
- Tenho uma coisa pra contar pra vocês - assim, eles vêm, quem sabe estou doente terminal, andei fazendo exames com meu médico pediatra.
Uma da tarde, todo mundo comeu tudo, depois da sobremesa, as crianças ainda no sorvete e na TV, brigando pelo controle, chegou a hora, pensei se usava o gerúndio, o particípio ou o continuous, vai de presente, que é mais cool!
- Gente, SOU GAY.
Ficaram me olhando. Sabe, aqueles segundos de espanto ou susto ou susto espantado? Olhos arregalados de uns, quase fechando apertados de outros. E a explosão de todo mundo falando junto, as noras rindo, os filhos "que brincadeira é essa?", as crianças detonando minha TV...
- Então, é isso que preciso que me entendam. Cansei de procurar um homem alto, bonito e sensual, que seja meu parceiro em tudo, então, resolvi procurar uma mulher que me complete.
Sempre tive a certeza de que minha família era bem resolvida, sem preconceitos, foi assim que eduquei meus filhos. Doce ilusão! Amarga realidade.
- Mãe, estás doente? Que tarja preta tá tomando?
- Uma outra loucura da tua mãe - tinha que ser a nora, fulminando meu filho com um olhar diabólico.
A tia gaúcha, que estava de cruzada em Curitiba, estava no celular, espalhando a notícia em Uruguaiana, Rio Grande, Santa Maria, Porto Alegre, até na Austrália: "Mirinha arranjou uma namorada".
- Eu disse que tinha uma coisa pra contar, pois bem: contei. Quem quer café?"
Mirinha me contou que foi um estouro da boiada. Noras arrastando crianças porta a fora, filhos sacudindo a cabeça, mas seguindo as mulheres como bons carneirinhos, a Mirinha com a tia gaúcha, a única que ficou para "aconselhar" a perdida.
Isso que dá, insônia tomar Dramind. Se tivesse um Durmonid ou Valium ou Advil, ou uma boa dose, talvez arranjado um baseado, o domingo seria diferente. Essa Mirinha... Mas a história continuou...E eu servindo de telefonista...Querem saber quem é a namorada... E o pior: Foi parar no Facebook.
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